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Publicada em 13 de Setembro de 2025 às 15:06

EUA condicionam novas sanções à Rússia ao fim da compra de petróleo por países da Otan

A declaração foi publicada em carta aberta divulgada em sua rede Truth Social,

A declaração foi publicada em carta aberta divulgada em sua rede Truth Social,

Mandel NGAN/AFP/JC
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Folhapress
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou a pressão sobre seus aliados da Otan ao afirmar neste sábado (13) que só adotará novas sanções contra a Rússia se todos os países da aliança militar interromperem a compra de petróleo de Moscou. A declaração foi publicada em carta aberta divulgada em sua rede Truth Social, dias depois de a Polônia derrubar drones russos em seu espaço aéreo, em um episódio que aumentou as tensões no continente europeu.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou a pressão sobre seus aliados da Otan ao afirmar neste sábado (13) que só adotará novas sanções contra a Rússia se todos os países da aliança militar interromperem a compra de petróleo de Moscou. A declaração foi publicada em carta aberta divulgada em sua rede Truth Social, dias depois de a Polônia derrubar drones russos em seu espaço aéreo, em um episódio que aumentou as tensões no continente europeu.
Estou pronto para pesadas sanções à Rússia quando todas as nações da Otan concordarem e começarem a fazer o mesmo e quando todos os países da Otan pararem de comprar petróleo da Rússia”, escreveu Trump, usando letras maiúsculas para reforçar parte da mensagem. Ele criticou o que chamou de “comprometimento menor do que 100%” da aliança com a vitória e classificou como “chocante” a continuidade das importações de combustível russo.
A manifestação ocorre em meio à pressão europeia sobre a Casa Branca, após o governo polonês derrubar drones de Moscou na última terça-feira (9), durante um ataque em grande escala contra a Ucrânia. O episódio levou Varsóvia a invocar o artigo 4 do tratado da Otan, que prevê consultas entre os membros diante de violações de soberania.
Trump também sugeriu a imposição de tarifas de 50% a 100% contra a China por toda a aliança, que, segundo ele, poderiam ser retiradas após o fim da guerra. Em sua avaliação, isso enfraqueceria o domínio chinês sobre Moscou e aceleraria a resolução do conflito iniciado por Vladimir Putin em 2022. O republicano voltou a atribuir a responsabilidade da guerra ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e ao atual mandatário americano, Joe Biden, sem citar diretamente o líder russo.
O ex-presidente ainda insinuou a possibilidade de reduzir o apoio dos EUA à Europa e a Kiev. “Se a Otan fizer o que eu digo, a guerra vai terminar rapidamente, salvando muitas vidas. Caso contrário, vocês estão apenas desperdiçando meu tempo, e o tempo, energia e dinheiro dos Estados Unidos”, escreveu.
Embora polêmica, a cobrança de Trump encontra respaldo em dados do Centro de Pesquisa sobre Energia e Ar Limpo (Crea), com sede na Finlândia. Segundo relatório do think tank, apenas a União Europeia gastou quase 22 bilhões de euros (cerca de R$ 138 bilhões) em combustível russo em 2024, valor próximo a 30% da receita anual da Petrobras. França e Bélgica, principais importadores de gás natural liquefeito, repassaram parte do insumo ao restante do bloco. Além disso, países europeus compraram petróleo russo de forma indireta, via Turquia e Índia, em montante superior ao gasto do bloco com auxílio militar à Ucrânia no mesmo período, de 18,7 bilhões de euros.
No total, o governo de Putin arrecadou 242 bilhões de euros (R$ 1,5 trilhão) com exportações de combustíveis fósseis em 2024, tendo como maiores compradores China, Índia e Turquia — esta última, apesar de integrar a Otan, respondeu por 6% das vendas de petróleo russo entre dezembro de 2022 e junho de 2025.
A carta deste sábado amplia as incertezas nas capitais europeias, que ainda avaliam a escalada do episódio na Polônia. Desde terça-feira, Trump oscilou entre minimizar a gravidade da invasão de drones, admitir a versão russa de erro e, por fim, adotar um tom mais duro contra Moscou. Na sexta-feira (12), disse que sua paciência com Putin estava se esgotando. Em entrevista à Fox News, no entanto, fez declarações confusas, afirmando que não defenderia ninguém além da Polônia.
No dia seguinte ao incidente, os EUA se juntaram a outros 42 países em uma declaração apresentada ao Conselho de Segurança da ONU, expressando preocupação com a guerra e ressaltando que o conflito desrespeita convenções internacionais. 

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