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Publicada em 10 de Setembro de 2025 às 16:18

Entidades apontam associativismo para recuperação do Vale do Taquari

Federasul reuniu entidades sediadas no Vale do Taquari para avaliação de projetos em andamento

Federasul reuniu entidades sediadas no Vale do Taquari para avaliação de projetos em andamento

Sérgio Gonzalez/Divulgação/JC
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Caren Mello
Caren Mello
O associativismo, com a atuação voluntária de centenas de pessoas, e a parceria entre entidades, foram os responsáveis pela retomada dos municípios do Vale do Taquari, conforme balanço realizado pelas entidades ligadas ao comércio e indústria da região. Completados dois anos da primeira enchente, em setembro de 2023, representantes de associações participaram de um painel na Federasul, onde avaliaram a retomada após a enchente, que contabilizou 54 mortes e cerca de R$ 1,3 milhão de prejuízos à época.
O associativismo, com a atuação voluntária de centenas de pessoas, e a parceria entre entidades, foram os responsáveis pela retomada dos municípios do Vale do Taquari, conforme balanço realizado pelas entidades ligadas ao comércio e indústria da região. Completados dois anos da primeira enchente, em setembro de 2023, representantes de associações participaram de um painel na Federasul, onde avaliaram a retomada após a enchente, que contabilizou 54 mortes e cerca de R$ 1,3 milhão de prejuízos à época.
Vice-presidente regional da Federasul na região do Vale do Taquari, Ivandro Rosa, relatou a busca por resultados, independentemente do poder público. “Nós não esperamos pelos governos, nós buscamos soluções pelo associativismo, porque é o que realmente tem feito entregas efetivas”, sublinhou. A entidade liderou um movimento de doações que chegou a R$ 1,6 milhão, que possibilitou, através do Instituto Cultural Floresta e do Instituto Ling, beneficiar as cidades pelo chamado programa Reconstruir RS.
Representando a Associação de Amigos de Nova Roma do Sul, Heleno Pasuch criticou o governo do Estado, que sugeriu a construção de uma ponte com um custo de R$ 25 milhões a ser entregue em 15 meses. A Associação construiu uma estrutura  com R$ 3 milhões em 180 dias. Ele lembrou que há um estudo da Ceran (Companhia Energética do Rio das Antas) que aponta a possibilidade de o Rio das Antas chegar a uma vazão de 16.778.000 m³ por segundo, sendo que, na enchente de 2023, o curso alcançou 9.783 m³ por segundo. “O que vai acontecer com o Vale do Taquari se um dia chegar a 11 mil m³ ou 12 mil m³? O que vai acontecer com Porto Alegre?”, alertou, apontando a omissão dos governos.
O presidente da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) do Vale do Taquari, Ângelo Fontana, citou a habitação como maior deficiência na região. “Desde 2023, os governos estadual e federal prometeram residências. Só agora os projetos estão saindo do papel”, destacou Fontana, para quem o Estado está amarrado em burocracias. Ao lembrar que a falta de casas provocou uma forte migração de famílias e de trabalhadores (estudo realizado pela Fiergs apontou a saída de 720 mil pessoas, o presidente avaliou que o problema deixou de ser somente a tragédia climática, mas a situação econômica e social do Estado. “É hora de pensarmos no Rio Grande do Sul, superando a grenalização ou (brigas entre) chimango e maragatos. É hora de trabalharmos. Aqui somos todos voluntários, ninguém é ligado a algum governo. E estamos fazendo a diferença”, frisou.
Desde dezembro de 2024, as associações construíram 10 pontes, com R$ 55 milhões. Nesta sexta-feira, serão lançadas outras 54 obras com cerca de R$ 43 milhões , sendo R$ 30 milhões repassados pelo Reconstrói RS e R$ 13 milhões pelos municípios como contrapartida. Os projetos atenderão 29 municípios, prevendo drenagem (R$ 20 milhões), contenções (R$ 10,5) e pontes (R$ 12 milhões). Também será lançada campanha para a construção da Ponte dos Vales, que conecta Estrela, Cruzeiro e Lajeado. É a única ponte que conecta a BR-386 e a RS-287, garantindo rota de desvio em caso de acidentes, enchentes ou bloqueios, beneficiando não apenas duas cidades, mas todo o Vale do Taquari, Vale do Rio Pardo, a Serra e até o Planalto e Missões.
Como prevenção de novos acidentes, os dirigentes acreditam que iniciativas que minimizem os efeitos climáticos, como é feito em cidades como São Paulo, que criou barragens nos afluentes, através de pequenas centrais hidrelétricas, ou a construção de piscinões.
Para o presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, a tragédia trouxe como legado as virtudes e os valores morais de pessoas que voluntariamente arriscaram a vida para salvar desconhecidos, “Nessa crise de valores morais que o Brasil está vivendo hoje, com incentivo ao ócio no lugar do trabalho, o vício em lugar da virtude, o meio fácil do jogo no lugar da superação pelo sacrifício, o maior legado que o Vale do Taquari, a Serra e o Nordeste possam dar como retribuição ao Brasil é esse resgate de virtudes, de valores morais”, destacou.

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