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Publicada em 04 de Setembro de 2025 às 16:56

IA vai transformar processos do atacado

Martha Gabriel foi uma das palestrantes do 1º Fórum Atacadista, realizado em Porto Alegre

Martha Gabriel foi uma das palestrantes do 1º Fórum Atacadista, realizado em Porto Alegre

Tânia Meinerz/JC
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Caren Mello
Caren Mello
As oportunidades para o setor atacadista com o uso das tecnologias e da Inteligência Artificial foram listadas pela engenheira Martha Gabriel, durante painel no 1º Fórum Atacadista. Professora de Inteligência Artificial da PUC-SP, Insper e Fundação Dom Cabral, Martha, autora de best-sellers sobre gestão na era digital, fez o fechamento do evento promovido pelo Sindiatacadista na sede da Fecomércio.
As oportunidades para o setor atacadista com o uso das tecnologias e da Inteligência Artificial foram listadas pela engenheira Martha Gabriel, durante painel no 1º Fórum Atacadista. Professora de Inteligência Artificial da PUC-SP, Insper e Fundação Dom Cabral, Martha, autora de best-sellers sobre gestão na era digital, fez o fechamento do evento promovido pelo Sindiatacadista na sede da Fecomércio.
Falando sobre o tema “Competitividade no Mercado Digital: como a digitalização, automação, e-commerce, IA e o uso estratégico de dados estão transformando o setor atacadista”, Martha reforçou a importância de as empresas abraçarem as oportunidades disponibilizadas pelas tecnologias. “O empresário deve estar no presente resolvendo pendências e prevendo as tendências do futuro. Com a tecnologia, os processos serão acelerados e impactados os lucros de quem souber implementá-la”, exemplificou. Citando o austríaco Peter Drucker, a especialista alertou para o fato de que “o maior perigo em tempos de turbulência não é a própria turbulência, mas agir com a lógica do passado”.
Tendo participado de 10 TEDx, a palestrante lembrou que neste cenário de ritmo acelerado de transformações, a primeira habilidade é conhecer as regras de cada novo jogo que se apresenta. “Se não entender, se não enxergar as oportunidades e as ameaças, não vai avançar”, alertou.
A palestrante lembrou que hoje temos oito tipos de tecnologias juntas, e uma alavancando a outra. “Se nos negócios até agora só replicávamos o que deu certo, esse não é mais o melhor caminho. Tudo está tão rápido, que startups estão morrendo antes de ir para o mercado. Precisamos nos antecipar”, avisou.
O primeiro passo para entender o que está acontecendo em termos de mudanças no mundo é entender como os modelos de negócios serão impactados. “Se não entendermos, não enxergaremos nem as oportunidades, nem as ameaças”, disse, ao lembrar que passamos 99,88% da nossa evolução em um mundo lento, desde a caça e coleta, passando pela agricultura até a era industrial. O ritmo era de décadas para um avanço, hoje os processos levam um dia.
A pandemia foi uma ferramenta de aceleração desses processos, conectando todo mundo e criando uma infraestrutura digital que não existia. Em função dessa infraestrutura, houve uma aceleração de várias tecnologias que já existiam, mas ainda não eram disseminadas.
Em 2021, lembrou Martha, o mundo começa a usar blockchain, as criptomoedas, NFT, token economy, metaverso, ondas que passaram mas ainda continuam importantes.
O mesmo aconteceu com a IA, que existia há muito tempo, mas, em 2022, passa a ter uma interface chat, dando acesso a qualquer pessoa. “Existiram muitas startups que nasceram nessa era da IA, há 2 ou 3 anos, mas morreram antes de ir para o mercado porque a IA já estava fazendo o que elas queriam fazer. Isso comprova que, para um negócio dar certo, a gente tem que aprender a antecipar, não pode só mais reagir. Isso aconteceu no bug do milênio. Quem não se preparou? Eu pergunto: quanto do seu budget para o próximo período está sendo locado em coisas que já existem, e quanto em oportunidades”, incitou.  
Para saber o que pode surgir como tendência, a especialista citou a heurística, usada por todos os institutos de futurologia. Dentro da metodologia, o Cone de Futuros, criado por Joseph Voros, é uma ferramenta de planejamento estratégico que ajuda a visualizar e criar cenários futuros. Com o avanço do uso da IA, por exemplo, a Albânia já começa a projetar a substituição de um governo tradicional por um governo por IA, de forma a combater a corrupção.  “Buscamos sinais de mudança no presente e, quanto mais o mundo for acelerado, mais é aberto esse cone de Voros”, explicou.

Digitalização, armazéns e preços inteligentes vão acelerar negócios e aumentar o lucro

Referência nacional em inovação, Martha citou pontos a serem afetados pela IA nos negócios. A IA permite automações avançadas. Armazéns inteligentes permitirão estoques just in time, rastreabilidade precisa, que eliminará erros, e sustentabilidade, em função da economia. Deu, como exemplo, o Empire State Building, em NY, que foi reconfigurado para se tornar smart, o que provocou uma economia de US$ 1 milhão por ano só em energia. Já a possibilidade de preço inteligente permite comparativos entre fornecedores, o que ajudará na competitividade. Além disso, a chamada IA Preditiva, já usada na indústria, prevê problemas de produção.
Outro uso da tecnologia está na rastreabilidade, que pode integrar e monitorar toda a cadeia produtiva, evitando retrabalho ou erros. “O atacadista poderá criar seu armazém físico no mundo digital, monitorar lá o negócio, fazer simulações e experiências, e trazer os dados para o mundo físico, tudo mais ágil e com menos erros”, destacou.
Martha citou a IA para o preço inteligente e controle de preço de fornecedores. A IA faz esse trabalho, aumentando a competitividade e lucro. “A IA ajusta o preço e o desconto conforme a demanda, com precisão e velocidade”, diz.
A especialista também citou a digitalização dos processos, e plataformas de B2B, que trazem experiências semelhantes a B2C. “É forte a tendência do self-service e omnichannel. Os pedidos vão migrar para o online”, garantiu. Para ela, a forma como as empresas se conectarão com o mercado permitirá a criação de cadeias de suplementos inteligentes.
A previsão é de uso em larga escala de Blockchain, Metaverso industrial, Digital twins e IoT (internet das coisas). Para a especialista, o blockchain será o futuro para qualquer tipo de transação, uma vez que dá transparência, rastreabilidade e segurança. “E a tradetech é a digitalização dos processos financeiros de comércio. Tudo o que puder ser digitalizado será”, disse, referindo-se a nova onda de inovação no comércio, chamada de Quarta Revolução Industrial.
 

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