A avaliação de 80% das indústrias gaúchas que exportam para os Estados Unidos é de que as medidas compensatórias apresentadas pelo governo federal são insuficientes ou ineficientes. O percentual faz parte de uma pesquisa realizada pelo Sistema Fiergs com industriais gaúchos que vendem para o mercado norte-americano. As medidas de crédito e de prorrogação de drawback, por exemplo, são vistas como de pouco impacto, assim como o diferimento de impostos e o acesso ao crédito. As informações são da assessoria de imprensa da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Com relação ao governo do Estado, o percentual de empresas que consideram baixo o impacto na linha de crédito do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) fica em 85%, enquanto na liberação de saldo credor do ICMS essa é a avaliação de 79,5% dos entrevistados. O levantamento ouviu 135 indústrias exportadoras, das quais 88 vendem aos EUA (número equivale a 8% do universo de exportadores ao país).
Diante do que consideram ineficiência das medidas, as indústrias citam ações que estão adotando ou avaliando: negociações diretas com fornecedores, busca por mercados internos e no exterior, paralisação temporária de atividades e demissões. Para reverter esse cenário, esperam medidas de alívio no contexto trabalhista, apoio para pagamento de salários em setores que empregam mais trabalhadores, linhas de crédito mais acessíveis e negociações diplomáticas.
As indústrias gaúchas exportadoras também foram questionadas sobre os efeitos das tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump. Para 95,5%, o impacto é “ruim” ou “muito ruim”. Dois a cada três esperam redução no faturamento. Metade dos entrevistados afirma haver empregos em risco. Entre os que preveem demissões, 60% dizem que o número de desligamentos pode chegar a 50 funcionários e, para 23,4%, os cortes podem ficar no intervalo de 51 a 500.
Os industriais ouvidos na pesquisa criticam a postura adotada pelo governo federal, percebido como “omisso”, “despreparado” e “ineficaz” na condução das negociações diplomáticas com os EUA. Também apontaram o que consideram falhas semelhantes às observadas em situações anteriores, como pandemia e enchentes, ressaltando insatisfação com falta de ações concretas.