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Publicada em 29 de Agosto de 2025 às 14:25

Construção Civil debate custos do crédito imobiliário

Especialistas do segmento discutiram alternativas ao funding

Especialistas do segmento discutiram alternativas ao funding

Carol Negreiros/Divulgação/JC
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Caren Mello
Caren Mello
O sistema de crédito imobiliário (funding) no Brasil tem um custo alto, sobretudo em função das taxas de juros. Ainda que mais escasso, ele ainda existe e dá bom retorno. O custo, no entanto, é alto e preocupa a indústria da Construção Civil. 
O sistema de crédito imobiliário (funding) no Brasil tem um custo alto, sobretudo em função das taxas de juros. Ainda que mais escasso, ele ainda existe e dá bom retorno. O custo, no entanto, é alto e preocupa a indústria da Construção Civil. 
Com o objetivo de discutir estratégias e soluções, o tema foi tratado na sexta-feira, durante o 2º Seminário Crédito Imobiliário, promovido pelo Sinduscon-RS. Com a presença de especialistas de destaque nacional, foi debatido o panorama atual, as perspectivas e as alternativas para o setor, contemplando desde os modelos tradicionais até o mercado de capitais.
De acordo com a coordenadora do Fórum de Funding do Sinduscon-RS, Fernanda Charneski, os bancos ficaram, do final do ano passado até o início deste ano, sem gerar novas contratações de financiamento a obras. “Hoje a taxa é muito mais elevada e, por consequência, os projetos têm mais dificuldade de viabilidade e as tomadas de decisões são mais lentas. Daí a concorrência complementar de mercado de capitais, fontes que as empresas vêm buscando para entender qual é o cenário mais favorável”, destacou.
As alternativas passariam pelo mercado de capitais, com diferentes modelos, como equity, debentures, dependendo do tempo e dimensão do projeto, se é para compra de terreno ou financiamento da produção. “Não podemos esquecer da questão do repasse, que é o desligamento dos empreendimentos. Se o comprador não consegue financiar sua unidade, ele não tem condição de adquirir novos imóveis. Isso tranca toda a cadeia de negócios”, alertou Fernanda, palestrante no segundo painel.
O seminário teve início com a apresentação do presidente executivo do Secovi/SP e da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cebic), Ely Wertheim, sobre a disponibilidade de recursos no país. Hoje o setor conta com R$ 2,52 trilhões, sendo 30% deste total proveniente da poupança e 26%, do FGTS. “Há algum tempo, essas duas fontes eram as principais. Hoje estamos mais conectados com o mercado de capitais, com composição feita por LCI e CRI (Certificado Recebíveis Imobiliários). Não temos problema de quantidade, o problema é o custo alto. O setor imobiliário não tem condições de uma taxa de juros de 15% mais spread”, sublinhou.  
Para o executivo os problemas no setor estão relacionados com a Selic, que, entre outras consequências, gera a baixa procura da poupança. Ao mesmo tempo, lembrou, os 65% da poupança vão para o mercado imobiliário. “O setor financeiro está aplicando mais porque ele gosta do setor imobiliário. É rentável e fideliza o cliente”, disse, ao lembrar que não deve haver pressa por parte do Banco Central em mudar o sistema.  
Os encontros para discutir o setor têm sido regulares, conforme o presidente do Sinduscon-RS, Cláudio Teitelbaum. O funding é tema de preocupação, sobretudo em função da macroeconomia brasileira e mundial bastante voláteis, além da Selic. “São juros elevados e uma inflação na banda dos 5%. Isso acaba tendo um impacto muito grande, freando a aceleração da indústria e aumentando muito o custo de capital. Por isso, têm surgido muitas opções de funding, mas muitas delas ainda caras e inviáveis para o mercado”, explicou.
Teitelbaum defende uma debate nacional, junto com setores de todo o país para busca de outras fontes de financiamento, alternativas à poupança para que possam ter uma aderência maior ao que as empresas precisam. “O custo do funding tem que ser equilibrado para que as empresas possam empreender com um pouco mais de segurança”, concluiu.

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