O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, disse nesta sexta-feira (22), que o banco vai coordenar a parte de concessão de crédito do Plano Brasil Soberano, programa do governo para responder às tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil. Ele anunciou que vai destinar R$ 10 bilhões em crédito para empresas que foram taxadas em menos de 50%.
Segundo ele, a prioridade neste momento é oferecer crédito incentivado para todas as empresas que tiveram prejuízo por conta da tarifação.
"Quem perdeu mais de 5% de seu faturamento por tarifaço é prioridade desse processo. Vamos garantir para MPMEs (pequenas e médias empresas). Estimamos R$ 22 bilhões de garantias. O BNDES vai destinar R$ 10 bilhões em crédito para empresas que foram taxadas em menos de 50%", disse o executivo, ressaltando que o crédito para empresas taxadas em menos de 50% não terá as mesmas condições das linhas para quem teve taxação maior.
Ao todo, o governo brasileiro vai disponibilizar R$ 30 bilhões para garantir financiamentos às empresas afetadas pelo tarifaço. Terão acesso aquelas cujo valor das exportações aos Estados Unidos (EUA) sujeito à tarifa de 50% represente ao menos 5% do faturamento bruto.
Também poderão acessar os recursos empresas com impacto igual ou superior a 5%. Elas podem recorrer à linha Giro Diversificação e à garantia do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (PEAC) Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), no caso das MPMEs. As que tiveram impacto igual ou superior a 20% podem acessar todas as linhas e as garantias do FGI PEAC e do Fundo Garantidor de Operações (FGO), também para MPMEs.
Assim que foi noticiada a concessão de crédito, entidades dos setores afetados começaram a se manifestar. Entre elas, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), que, por meio de nota, afirma avaliar positivamente "os esforços do governo Federal para o financiamento a longo prazo de empresas atingidas pelo tarifaço de 50% a produtos brasileiros nos Estados Unidos. Por outro lado, a entidade frisa que, para complementar o esforço, serão necessárias medidas “cirúrgicas” de proteção ao emprego.
No texto, o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que "as linhas anunciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que somam um total de R$ 30 bilhões, ajudam, mas não resolvem totalmente os graves problemas ocasionados pelo tarifaço norte-americano para o setor calçadista". De acordo com ele, por ser uma atividade intensiva em mão de obra, que emprega diretamente mais de 290 mil pessoas, necessita de medidas de proteção ao emprego. "A empresa que deixa de atender seu principal mercado internacional, os Estados Unidos, não vai conseguir manter empregos com mais dívidas a pagar, mesmo que os juros praticados sejam abaixo dos juros de mercado”, avalia o executivo, acrescentando que “se o setor não conseguir manter suas exportações, ficará até mesmo difícil cumprir os compromissos estabelecidos pelos empréstimos”.