Após anos verificando incrementos exponenciais no Estado, o setor de geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia, normalmente por painéis solares fotovoltaicos) começa a registrar estabilidade. De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 2024, de janeiro até o final de julho, o Rio Grande do Sul somou mais 284 MW de potência nessa modalidade e, no mesmo período em 2025, o incremento foi praticamente o mesmo: 283 MW.
No total do País, o crescimento foi de cerca de 5,3 mil MW neste espaço de tempo. O Rio Grande do Sul foi o sexto estado com a melhor performance, atrás de São Paulo (673 MW), Minas Gerais (562 MW), Mato Grosso (442 MW), Paraná (418 MW) e Goiás (343 MW). Uma evidência da desaceleração da evolução da geração distribuída no Rio Grande do Sul em relação às outras regiões é que, no primeiro semestre deste ano, o Paraná passou o Estado na terceira posição do ranking do setor e essa diferença tem aumentado.
No momento, os gaúchos contam com uma potência instalada acumulada de cerca de 3,5 mil MW e os paranaenses 3,8 mil MW. A liderança é de São Paulo (com 5,9 mil MW), seguido por Minas Gerais (5,4 mil MW). Já o total do Brasil, somando toda a série histórica, é de aproximadamente 42,4 mil MW.
Analisando o cenário no Rio Grande do Sul, o integrante da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e diretor do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Frederico Boschin, considera como naturais os desdobramentos percebidos na área de geração distribuída. “O platô que a gente atingiu é o normal de qualquer ciclo econômico, de qualquer produto”, analisa Boschin.
Ele destaca que, dos segmentos que adotam a geração distribuída, o residencial continua utilizando muito essa solução, principalmente devido aos elevados aumentos das contas de luz das distribuidoras. No entanto, muitos clientes comerciais e industriais, que estão sendo contemplados com a abertura do mercado livre (ambiente em que o consumidor pode escolher de quem comprar a energia), estão optando por essa modalidade de contratação de energia em vez da geração distribuída.
Boschin frisa que, em teoria, nunca um setor terá um crescimento exponencial eternamente. O conselheiro do Sindienergia-RS projeta que há a expectativa de um mercado robusto na geração distribuída gaúcha para os próximos anos, mas com um crescimento marginal. No entanto, um fator que pode influenciar nessa situação é a perspectiva do aprimoramento da tecnologia de baterias, que facilitará o armazenamento da energia gerada pela fonte solar.