Governo do Estado, Fiergs e representantes do setor produtivo gaúcho estiveram reunidos, na manhã desta sexta-feira (18), com o cônsul-geral dos Estados Unidos no Estado, Jason Green. Na pauta, o impacto da imposição das tarifas norte-americanas sobre o Brasil, colocando o Rio Grande do Sul como o segundo estado mais prejudicado, atrás somente de São Paulo. Uma carta com as reivindicações será entregue na segunda-feira ao vice-presidente Geraldo Alckmin.
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O governador Eduardo Leite entende que, caso não sejam revistas as tarifas, um prazo maior, de 90 dias, deveria ser estabelecido, em função de negócios que estavam em andamento. “As medidas não entraram em vigor, efetivamente, mas já houve impactos locais”, disse, referindo-se a compras já feitas e, agora, com dificuldade de acesso aos mercados norte-americanos.
Leite relatou que o cônsul Jason Green expôs as medidas, mas lembrou que ainda não foi dada a ordem executiva pelo governo, nem definição legal.
“Nossa ideia foi trazer os setores econômicos para expor esses riscos ao Consulado, que vai reportar à Embaixada, que, por sua vez, vai dar elementos ao governo dos EUA, que façam enxergar os impactos tanto para nós, quanto para a própria economia americana”, relatou.
Caso as tarifas não sejam revistas, nem seja alargado o prazo para implementação, o governo brasileiro, segundo o governador, deveria começar, desde já, a estudar ferramentas de apoio aos setores mais impactados. Leite também criticou a reação do governo brasileiro, que estaria fazendo uso políticos da situação, assim como a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Se a motivação das tarifas teve um componente político, não é razoável que a resposta também tenha. Isso me preocupa. Não se pode explorar politicamente esse momento, enquanto o país fica em segundo plano”, observou.
“O presidente Lula tem que ser firme, mas tem que ter muito cuidado. Falas do presidente podem não ter o cuidado devido para a resolução desse impasse. Nitidamente, há interferência de um campo político e de outro”, acrescentou, ao citar sua tristeza, como cidadão de ver um ex-presidente com tornozeleira eletrônica, tanto quanto outro que tenha sido preso. Para Leite, o interesse deve ser do Brasil e as relações históricas com os Estados Unidos devem ser preservadas.
O presidente da Federação das Indústrias do RS (Fiergs) lebrou que a entidade também esteve com a Assembleia Legislativa. “Estamos buscando todos os poderes. A China é o maior comprador do Brasil, mas os EUA são o maior comprador de produtos agregados. A economia do RS vai sofrer muito”, observou. Bier destacou que os empresários já estão conversando com os compradores. “Não se troca de fornecedor de uma hora para outra, leva muito tempo conseguir um cliente, um fornecedor”, ressaltou.
Durante a reunião, a entidade apresentou estudo com dados locais, com destaque para o número de indústrias. No RS, há cerca de 1,1 que exportam para os EUA, perfazendo 10% do total do Brasil. Como maior parceiro comercial local do setor, os EUA representaram 11,2% das vendas da Indústria de Transformação em 2024. Dos US$ 16,3 bilhões embarcados no período, US$ 1,8 bilhão saíram daqui.Entre os produtos de metal, 45,8% foi para o território norte-americano.
A reunião no Palácio Piratini teve a presença dos secretários estaduais Artur Lemos (Casa Civil), Ernani Polo (Desenvolvimento Econômico), Pricilla Santana (Fazenda) e o presidente da Invest RS, Rafael Prikladnicki, do presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, e de representantes dos setores mais impactados, como da indústria, de armas, de mandeira, móveis, pescados e calçados, entre outros.