Um grupo de pesquisadores brasileiros apresenta, de 8 a 11 de julho, na 5ª Conferência Global de Pesquisa da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Montreal, no Canadá, um case desenvolvido no Rio Grande do Sul que propõe um novo método de engajamento dos cooperados em ações sustentáveis. A pesquisa teve como foco a Certel, cooperativa de eletrificação com sede em Teutônia, e busca contribuir com o avanço dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU a partir da escuta ativa dos próprios cooperados.
Segundo nota dos pesquisadores envolvidos com a iniciativa, diferentemente da maioria dos métodos de diagnóstico organizacional, que geralmente adotam a ótica dos gestores e conselheiros, a proposta apresentada no congresso internacional parte da perspectiva dos cooperados - que, nas cooperativas, são também os donos do negócio. “Criamos um método que possibilita aos cooperados avaliar como a cooperativa atua em relação à sustentabilidade e sugerir ações e projetos para o desenvolvimento da região. É uma abordagem que respeita a lógica e os princípios do cooperativismo”, explica o pesquisador Alexandre Garcia, um dos autores do estudo.
A metodologia combina estatística, uso de softwares, análise de conteúdo e participação ativa dos cooperados. Foram ouvidos 381 associados da Certel, com amostragem estratificada para garantir representatividade demográfica e profissional. Os resultados geraram uma estrutura prática para que cooperativas avaliem e aprimorem seu impacto em áreas como governança democrática, inclusão econômica, equidade social e gestão ambiental.
O grupo de pesquisa é composto pelos professores Deivid Forgiarini (Universidade Federal do Acre), Cinara Alves (Escoop), Alexandre Garcia (pesquisador independente) e Vilmar Moreira (PUC-PR). O trabalho é ancorado na Identidade Cooperativista definida pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e nos conceitos de sustentabilidade integrada (institucional, econômica, social e ambiental). Segundo Garcia, o estudo reforça o papel das cooperativas como agentes transformadores de desenvolvimento local e regional.
Para os pesquisadores, o método pode ser replicado por outras cooperativas do Brasil e do mundo, respeitando suas especificidades e fortalecendo seu papel estratégico na promoção dos ODS. “A sustentabilidade aqui não é apenas da cooperativa, mas da comunidade. Essa é a essência do cooperativismo que queremos fortalecer”, conclui Garcia.
A 5ª Conferência Global de Pesquisa da Aliança Cooperativa Internacional reunirá especialistas, lideranças e pesquisadores de diversos países para debater os rumos do setor e o impacto do modelo cooperativo nos desafios globais. A participação do case gaúcho representa um reconhecimento à inovação brasileira na área.