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Publicada em 23 de Junho de 2025 às 17:41

Ativos de longo prazo devem ser mais procurados com alta da Selic

Pré-fixados devem garantir melhores resultados, diz analista

Pré-fixados devem garantir melhores resultados, diz analista

RAFAEL NEDDERMEYER/FOTOS PÚBLICAS/DIVULGAÇÃO/JC
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Caren Mello
Caren Mello
O aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), indo de 14,75% para 15% ao ano, não surpreendeu especialistas. A medida, que coloca o Brasil na segunda posição no ranking mundial de juros reais (descontada a inflação), abaixo apenas da Turquia, só deve começar a cair em 2026. "A Selic só deverá diminuir em 2026”, aponta o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-RS), Rodrigo Salvato de Assis.
O aumento de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), indo de 14,75% para 15% ao ano, não surpreendeu especialistas. A medida, que coloca o Brasil na segunda posição no ranking mundial de juros reais (descontada a inflação), abaixo apenas da Turquia, só deve começar a cair em 2026. "A Selic só deverá diminuir em 2026”, aponta o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-RS), Rodrigo Salvato de Assis.
Aumentar a Selic significa a tentativa de controle inflacionário pelo Banco Central. Entretanto, pondera o dirigente, há outros fatores que impactam as taxas de juro, como a política fiscal e a economia global. “A Selic é uma representação da retração ou expansão monetária. Aumentar os juros é uma forma de desaquecer a economia e desestimular o cidadão a gastar agora, e deixar para o futuro”, explica.
Para o presidente do Conselho, as expectativas de crescimento estão menores de forma global, não só no Brasil. O que acontece no mundo afetar a economia do país, com aumento dos preços. Nesse momento, para investidores, a melhor opção seriam ativos de renda fixa atrelados à Selic. “O outro lado é que, na busca por investimentos de menor risco, as pessoas investem menos na indústria, no varejo. O empresário ficam menos motivados a abrir lojas, a melhorar maquinários”, exemplifica.
Para o sócio da Moinhos Investimentos, Jefferson Corrêa, a alta não traz mudança significativa no setor. O analista de investimentos não acredita na queda em janeiro do ano que vem. “Se cair, (o governo) vai ter problemas com o mercado”, aponta. “O maior receio é com as empresas. Vai começar um quebra-quebra, um aumento de recuperações judicais”, analisa.
No mercado de investimentos, o que muda é a procura do cliente por ativos que entreguem um prêmio maior que a Selic. “Os ativos não podem ser de baixa qualidade. O importante é analisar a saúde financeira da empresa”, observa. Para Corrêa, outra consequência da alta dos juros é a inibição à fuga de capitais. “O controle de câmbio é um instrumento de política monetária. Desestimula a fuga de capitais.
O executivo aponta ainda incertezas sobre a inflação, cujo aumento não será barrado pelo aumento de juros. “Parece haver sinais de alívio, mas no radar vemos a guerra do Irã contra Israel, que deve aumentar o preço do petróleo, por exemplo. Pra o governo, de modo geral, não há preocupação com a política fiscal, mas, para nós, cidadãos, vamos sentir, em combustível e alimentos”, exemplifica.
Os melhores investimentos nesse período, segundo Correa, não devem ser de longo prazo. A sugestão do especialista é de que o portfólio de ativos seja de dois ou três anos no máximo, de empresas de grande porte é com saúde financeira muito boa. “Os ativos bancários ficam em CDI, com 110% ou 115%, e pré-fixados”, lista.
Na manhã da sexta-feira, dia 20, o mercado futuro de juros promoveu ajustes na curva. A elevação, somada ao tom considerado duro do comunicado do BC, promove uma elevação firme nas taxas futuras de curto prazo, ao passo que as longas recuam. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 chegou a subir 11 pontos-base na máxima do dia, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2031 chegou a cair 16 pb, na mínima da sessão.
"O tom duro da nota do Copom afastou perspectivas de cortes precoces da taxa Selic, inclusive neste ano. Nos vencimentos longos, creio que o fator externo tenha mais influência, até porque a queda do DI para janeiro de 2031 me parece demasiada, por ser um horizonte que está fora do atual ciclo", diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

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