O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) acumula a maior sequência de resultados negativos, caindo para 48,6 pontos, desde a recessão vivida pelo País em 2016, há 11 anos, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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O ICEI ficou abaixo dos 50 pontos entre abril de 2014 e julho de 2016, totalizando 28 meses consecutivos de falta de confiança dos empresários industriais. Essa ainda é, de longe, a pior sequência do indicador desde o início da série histórica, em 2010.
Em seguida, vem a sequência atual. Em junho deste ano, o ICEI caiu 0,3 ponto, para 48,6 pontos, afastando-se da linha de 50 pontos, que separa confiança de falta de confiança dos empresários. Com isso, a indústria chegou ao sexto mês consecutivo de pessimismo, o que não aconteceu nem mesmo durante a pandemia de covid-19. Trata-se da segunda pior sequência do indicador desde o início da série histórica, em 2010.
"A confiança é uma combinação de uma avaliação das condições correntes da economia e das empresas contra as expectativas. Hoje, a avaliação da economia brasileira é ruim e as perspectivas são pessimistas com relação ao futuro. As condições das próprias empresas estão dentro do campo negativo. São essas três coisas que estão puxando a confiança para baixo", avalia o gerente de Análise Econômica da CNI e responsável pela pesquisa, Marcelo Azevedo.
Além disso, a baixa confiança acaba acarretando em dificuldades para os empresários em geral e afeta diretamente suas decisões. "A ideia do índice de confiança é justamente dar aos gestores a oportunidade de antecipar suas decisões com relação à produção, investimento, consumo e contratações. Quando você já tem uma sequência de resultados difíceis, o natural é tentar tomar as suas decisões da forma menos arriscada possível", diz Azevedo.
Apesar dos números baixos, o economista explica que a situação já esteve pior. “O índice pode estar abaixo dos 50, mas não está tão distante dessa marca como já esteve em outros momentos. Na pandemia, por exemplo, chegou a estar próximo dos 30."
Para o segundo semestre, ele crê que dificilmente o índice sofrerá uma alteração brusca. "Pela combinação que a gente vê, tanto de uma avaliação negativa quanto de expectativas baixas, não conseguimos vislumbrar uma reversão em um mês, passando de falta de confiança para possuir confiança. Se acontecer alguma mudança, ela deve ser gradual, primeiro na expectativa, depois sentindo as próprias condições atuais. Isso vai trazendo aos poucos a falta de confiança para a neutralidade", afirma.