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Publicada em 10 de Junho de 2025 às 20:18

Inflação desacelera a 0,26% no mês de maio, aponta IBGE

Boletim divulgado pelo Banco Central indica nova retração

Boletim divulgado pelo Banco Central indica nova retração

MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL/JC
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Agências
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou a 0,26% em maio, após marcar 0,43% em abril, apontam dados divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou a 0,26% em maio, após marcar 0,43% em abril, apontam dados divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O novo resultado surpreendeu analistas ao ficar abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,32%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,26% a 0,43%.
O IPCA desacelerou ante abril com a perda de força de parte dos alimentos e a queda da passagem aérea e dos combustíveis, incluindo a gasolina. A taxa de 0,26% é a menor para meses de maio desde 2023. À época, a inflação havia sido de 0,23%.

Acumulado do IPCA ao longo de 12 meses (em %) | Arte/JC
Acumulado do IPCA ao longo de 12 meses (em %) Arte/JC
 
No acumulado de 12 meses, o IPCA atingiu 5,32% até maio, abaixo dos 5,53% até abril. Apesar da trégua, segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação. Assim, caminha para descumprir oficialmente o alvo em junho.
Para analistas, o IPCA abaixo das previsões em maio aumenta as chances de fim do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne na semana que vem, nos dias 17 e 18 de junho, para definir o patamar da taxa.
A Selic chegou a 14,75% ao ano em maio, o maior nível em quase duas décadas, em uma tentativa do BC de conter a inflação. "Todo esse resultado [do IPCA] vai na direção de fim de ciclo da alta de juros por parte do Banco Central em 14,75% na próxima reunião", diz o economista Julio Cesar de Mello Barros, do banco Daycoval.
"A expectativa é que os cortes só sejam retomados em 2026", completa.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, ainda prevê alta de 0,25 ponto percentual para a Selic na próxima reunião, mas afirma que o IPCA de maio eleva as chances de o BC interromper o ciclo de aperto.
Ela diz que os dados do IBGE mostraram surpresas em alimentos e bens industriais. Mesmo assim, considera que o cenário segue "bastante desafiador" para a inflação, principalmente quando se analisa os serviços subjacentes, que excluem itens mais voláteis, como passagens aéreas.
"Os preços dessa categoria subiram de 6,7% para 6,8% em 12 meses, um patamar bastante elevado", afirma.
"Ainda que a queda nos preços das commodities possa aliviar a pressão sobre os alimentos e bens industriais no curto prazo, como sugere o resultado do IPCA de maio, fatores domésticos, como o mercado de trabalho forte, devem continuar pesando sobre a inflação", acrescenta. O C6 projeta IPCA de 5,3% em 2025.
A economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal, avalia que a surpresa em maio foi puxada por bens industriais. Segundo a analista, o IPCA continua "incompatível com a trajetória de metas", mas melhora em relação ao "panorama muito ruim" dos primeiros meses do ano.
 

Transportes ajudou a conter o IPCA ao apresentar queda de 0,37%

O índice do IBGE é composto por nove grupos de bens e serviços. Em maio, o ramo dos transportes ajudou a conter o IPCA ao apresentar queda de 0,37%. A redução foi impulsionada pelo recuo da passagem aérea (-11,31%) e dos combustíveis (-0,72%).
O bilhete de avião gerou o principal impacto individual do lado das baixas no IPCA (-0,06 ponto percentual). No âmbito dos combustíveis, a gasolina recuou 0,66% (-0,03 ponto percentual).
Outra contribuição para a desaceleração do IPCA veio do grupo alimentação e bebidas. A alta do segmento desacelerou de 0,82% em maio para 0,17% em abril.
Dentro do grupo, a alimentação no domicílio saiu de 0,83% para 0,02%, ficando quase estável. A taxa de 0,02% é a menor em nove meses, desde agosto de 2024, quando houve queda de 0,73%.
O IBGE destacou os recuos do tomate (-13,52%), do arroz (-4%), do ovo de galinha (-3,98%) e das frutas (-1,67%). De modo geral, os resultados estão associados a uma recomposição da oferta, segundo o instituto.
Analistas haviam apontado que o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial do país, anunciado em maio, poderia baixar os preços do ovo e da carne de frango. A confirmação da doença paralisou exportações.

Possível estouro da meta

O BC passa a perseguir a meta de inflação de maneira contínua em 2025, abandonando o ano-calendário de janeiro a dezembro.
No novo modelo, o alvo será considerado descumprido quando o IPCA acumulado em 12 meses permanecer por seis meses seguidos de divulgação fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro da meta é de 3%.
O IPCA ficou acima de 4,5% nas cinco primeiras divulgações de 2025. Com isso, aproxima-se de estouro do alvo em junho.
Quando a meta de inflação é descumprida, o presidente do BC tem de escrever uma carta explicando os motivos.
Na mediana, as projeções do mercado financeiro apontam IPCA de 5,44% no fechamento deste ano, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada na segunda (9) pelo BC.
Essa previsão caiu pela segunda semana consecutiva, mas segue distante do teto de 4,5%.
Nesta terça, o PicPay disse que revisou para baixo a sua estimativa de inflação para 2025. A projeção saiu de 5,6% para 5,3%.

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