Porto Alegre,

Anuncie no JC
Assine agora

Publicada em 06 de Junho de 2025 às 07:46

Famiglia Valduga investe em novo complexo na região Sudeste do País

Espaço enoturístico da empresa recebe média anual de 30 mil visitantes

Espaço enoturístico da empresa recebe média anual de 30 mil visitantes

Grupo Famiglia Valduga/Divulgação/JC
Compartilhe:
Roberto Hunoff
Roberto Hunoff Jornalista
De Caxias do Sul
De Caxias do Sul
O Grupo Famiglia Valduga avalia investimento entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões na implantação de uma nova unidade de elaboração de vinhos na Região Sudeste do Brasil. O objetivo é ingressar no segmento de produtos provenientes da colheita de inverno, característica da região, nos estados de São Paulo e Minas Gerais. "Tenho uma admiração muito grande por esta forma de cultivo e produção", explica o enólogo e persona do grupo, Eduardo Valduga.

Segundo o executivo, já foram visitadas várias áreas para a implantação do complexo, que envolverá cultivo de uvas e vinificação. Por enquanto, as áreas em prospecção estão localizadas em Espírito Santo do Pinhal, cidade paulista que concentra número representativo de pequenas vinícolas.

Valduga adianta que será uma planta de pequeno porte, sem a meta de escalar produção, mas para atuar fortemente no enoturismo, que começa a ganhar relevância na região. "O produto de lá é de maior valor agregado, decorrência do custo mais elevado de elaboração. Mas com o tempo e o aumento da produção estes valores irão se diluir, criando um polo bastante competitivo", projeta.

Outra frente de expansão é no Chile, onde a empresa mantém parcerias desde 2017. Eduardo Valduga afirma que a estratégia de consorciar já é muito usada em diferentes países produtores de vinho de forma a otimizar os ativos das vinícolas. Afirma não se justificar o investimento em uma planta, com toda a estrutura fabril, que ficaria ociosa a maior parte do ano. "Com as parcerias, conseguimos atuar fortemente em marketing e promoção de mercados, além de trabalhar o enoturismo", afirma. Nesta estratégia, o grupo participa com a definição do portfólio de produtos, que levam as marcas da empresa, além de acompanhar todo o processo de cultivo e vinificação.
Eduardo Valduga, enólogo e persona do grupo | Rafael Leandro de Freitas/Divulgação/JC
Eduardo Valduga, enólogo e persona do grupo Rafael Leandro de Freitas/Divulgação/JC


O diretor estima que, atualmente, são elaboradas em torno de 800 mil garrafas anuais, de vinhos tintos e brancos, com a maior parte destinada a outros países, com embarques diretos do Chile. Para o Brasil são enviados os lotes para a venda no mercado local. Frisa que o foco de atuação é em soluções e produtos com melhor custo-benefício e alguns de maior valor agregado.

Valduga observa que é grande a chegada de novos entrantes, em todo o mundo, sem a preocupação com estrutura, mas investindo naquilo que gera diferenciação para o mercado, valorizando a marca, qualidade e promoção. Ressalta, no entanto, que no médio e longo prazo, algo como entre cinco a 10 anos, a empresa pode vir a ter uma estrutura própria no Chile.

Para a Serra Gaúcha, em especial, Eduardo Valduga defende um movimento para criar uma região delimitada visando dar denominação específica ao espumante nacional. "Acredito que o core business da região é o espumante, mas ele precisa ganhar um nome próprio para garantir visibilidade", argumenta. Atualmente, as linhas de espumante representam 65% da produção da Valduga, ficando os 35% restantes com vinhos tranquilos.

A empresa tem capacidade instalada para 6 milhões de litros, mas com a possibilidade de duplicar. "Não vejo sentido nessa ampliação, porque o custo operacional é muito elevado, e nossa preocupação é ter mais pessoas trabalhando em lugar de investir em novos equipamentos automatizados", observa. Destaca que o objetivo é ter mais pessoas cuidando dos detalhes, das certificações, da rotulagem e colheita manual, entre outros processos. "No futuro, podem surgir máquinas bem melhores. Aí sim pode justificar, mas no momento não", frisa. Para ele, a grande preocupação está nos vinhedos, na busca por uvas de qualidade superior.

Eduardo Valduga também projeta incremento no enoturismo, com melhorias nos serviços prestados e na oferta de experiências diferentes. Define a atividade como a primeira e melhor ferramenta para fidelizar a marca. "Tem relevância na receita e também nas despesas pela redução de frete e cobrança de impostos entre estados. Parece contraditório diante da defesa que se faz de que é preciso aumentar a distribuição e ampliar a base de consumo, mas é um negócio muito bom para o setor", enfatiza. O complexo enoturístico da empresa, que envolve também restaurante e pousada, recebe média anual de 30 mil visitantes.

Empresa tem resultado positivo na WSA

Com crescimento estimado em mais de 10% nos negócios gerados em relação à edição anterior, a empresa marcou presença com rótulos exclusivos na Wine South America (WSA) deste ano, realizada no início de maio, em Bento Gonçalves. Ainda realizou ativações com parceiros internacionais e fortaleceu o relacionamento com clientes de diversas regiões do Brasil.

Entre os destaques, a apresentação do espumante Maria Valduga Nature e do vinho Praeteritum. De acordo com Eduardo Valduga, são rótulos estratégicos para o posicionamento da vinícola nos mercados nacional e internacional. "O Maria Valduga Nauture vem para mostrar todo o potencial dos espumantes do terroir brasileiro, demonstrando como podemos ter produtos de alta qualidade, com novas tendências e técnicas. O Praeteritum foi elaborado com uma técnica inovadora que desidrata as uvas antes da vinificação, concentrando açúcares e aromas", explica.

O Grupo Famiglia Valduga é formado pelas marcas Casa Valduga, Ponto Nero, Brewine Leopoldina, Casa Madeira, Vinotage e importadora Domno Wines. Além de bebidas derivadas da uva, desenvolve alimentos gourmet e cosméticos, e fomenta o turismo local.

Notícias relacionadas