O Rio Grande do Sul foi o quinto estado brasileiro que mais cresceu quanto à potência de geração distribuída (em que o consumidor produz sua própria energia, prática muito difundida pela instalação de painéis solares fotovoltaicos) neste ano, entre os meses de janeiro e abril, com o acréscimo de 169,20 MW (o que corresponde a 6% do total incrementado no País, que foi de 2.826,59 MW). O dado consta em levantamento realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
De acordo com o órgão regulador do setor elétrico, os gaúchos foram superados por São Paulo (404,68 MW), Minas Gerais (269,68 MW), Mato Grosso (261,91 MW) e Goiás (260,39 MW). Essas informações correspondem a potências instaladas, ou seja, em total de capacidade que pode ser produzido pelas usinas. Se for considerado o crescimento em número de instalações, o Rio Grande do Sul, com 18.065, ocupa a quarta colocação no ranking atrás novamente de São Paulo (46.094), Minas Gerais (23.754) e Mato Grosso (18.886). O País, como um todo, no primeiro quadrimestre deste ano registrou 250.632 novas instalações.
Ainda conforme a Aneel, o Brasil contava, até 30 de abril, com 3,47 milhões de sistemas de geração distribuída conectados à rede de distribuição de energia elétrica, reunindo potência instalada próxima de 39,22 mil MW. Os consumidores residenciais respondem por aproximadamente 80% das usinas em operação (2,8 milhões), o comércio representa 10% (346,93 mil), e a classe rural é responsável por 8,59% (298,24 mil).
Somente no mês passado, mais de 50 mil usinas de micro e minigeração distribuída foram implementadas no País, reunindo uma potência de 524,50 MW. Começaram a funcionar em abril 50.655 usinas solares fotovoltaicas e uma termelétrica a biogás, localizada em Inhumas (GO). Atualmente, 5.559 municípios, dos 5.570 existentes no Brasil, contam com algum sistema de geração distribuída (no caso do Rio Grande do Sul, as 497 cidades gaúchas verificam unidades dessa natureza). O município brasileiro que possui mais empreendimentos é a capital do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, com aproximadamente 41,2 mil estruturas instaladas.
No acumulado histórico, em geração distribuída, São Paulo detém hoje uma potência de cerca de 5,69 mil MW, seguido de Minas Gerais (4,83 mil MW), Paraná (3,49 mil MW) e Rio Grande do Sul (3,40 mil MW). A coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e diretora da Solled Energia, Mara Schwengber, comenta que os gaúchos vêm perdendo espaço no ranking, tendo recentemente sido ultrapassados pelos paranaenses.
A dirigente considera que o Rio Grande do Sul poderia evoluir em patamares maiores se não fossem dificuldades oriundas da enchente no ano passado e a questão da inversão de fluxo, que tem impossibilitado, principalmente, a conexão na rede elétrica de projetos de maior porte. Ela explica que a inversão de fluxo ocorre quando há mais geração que consumo em determinada região.
“O setor vai continuar crescendo, não mais na mesma velocidade exponencial como foi de 2017 a 2023, mas casas e empreendimentos novos vão surgir e oportunidades vão se criando”, enfatiza Mara. Ela acrescenta que uma tendência é, futuramente, os empreendedores que adotarem a geração distribuída também empreguem sistemas de baterias para armazenar a eletricidade e usá-la no momento que desejar.
Outro ponto ressaltado pela integrante da Absolar é que a recente Medida Provisória (MP) 1.300 apresentada pelo governo federal, sob a justificativa de modernizar o setor elétrico, que aborda diversos temas como isenções de conta de luz e abertura do mercado livre (ambiente em que o consumidor pode escolher de quem comprar a energia), vai acarretar reflexos gerais dentro da área energética que ainda precisarão ser analisados. “Uma mudança no sistema elétrico como um todo sempre interfere de alguma maneira”, reforça Mara.