A proximidade de eleições sempre agita os diversos setores da economia, no entanto no Rio Grande do Sul a questão terá um componente a mais em 2026, já que será a primeira disputa após a enchente que atingiu os gaúchos. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), Claudio Bier, comenta que o cenário é particularmente delicado, pois as catástrofes climáticas geraram um ambiente de instabilidade. No entanto, ele também considera que, apesar das incertezas, ainda há oportunidades que podem ser aproveitadas.
Jornal do Comércio (JC) - Na sua opinião, o fato do próximo ano ser um ano eleitoral pode causar turbulência nas economias gaúcha e brasileira? Por quê?
Jornal do Comércio (JC) - Na sua opinião, o fato do próximo ano ser um ano eleitoral pode causar turbulência nas economias gaúcha e brasileira? Por quê?
Claudio Bier - Durante períodos eleitorais, especialmente em anos com disputas presidenciais e estaduais importantes, como no Brasil e no Rio Grande do Sul em 2026, a incerteza sobre quem vai governar e quais políticas serão implementadas costuma aumentar. No caso do Rio Grande do Sul, o cenário é particularmente delicado. A conjugação entre incertezas políticas típicas de um ano de eleições gerais e os impactos ainda vigentes das catástrofes climáticas ocorridas em 2024 e 2025 cria um ambiente de instabilidade que pode afetar de maneira significativa a indústria gaúcha. No entanto, ao lado dos riscos, também se abrem janelas de oportunidade importantes, que podem ser aproveitadas a depender da qualidade do debate público e da condução do processo eleitoral.
JC - Que ações governamentais podem ser tomadas para aumentar a competitividade da indústria nacional?
Bier - O governo pode tomar várias ações, como: investir em inovação e tecnologia, criar políticas de apoio ao setor produtivo, facilitar o acesso a crédito e financiamento, desburocratizar processos e reduzir custos para as empresas, além de promover a internacionalização da indústria brasileira.
JC - Como a indústria gaúcha pode se proteger do desequilíbrio competitivo gerado com a Zona Franca de Manaus?
JC - Que ações governamentais podem ser tomadas para aumentar a competitividade da indústria nacional?
Bier - O governo pode tomar várias ações, como: investir em inovação e tecnologia, criar políticas de apoio ao setor produtivo, facilitar o acesso a crédito e financiamento, desburocratizar processos e reduzir custos para as empresas, além de promover a internacionalização da indústria brasileira.
JC - Como a indústria gaúcha pode se proteger do desequilíbrio competitivo gerado com a Zona Franca de Manaus?
Bier - A indústria gaúcha pode mitigar os efeitos da Zona Franca de Manaus diversificando seus produtos e serviços, buscando parcerias estratégicas com outras regiões, investindo em inovação e pesquisa, e cobrando um apoio financeiro que reduza as diferenças de custos. Além disso, é fundamental fortalecer a rede de produção local e a educação, a fim de preparar a força de trabalho para um futuro econômico desafiador. Assim como investir em inovação e pesquisa para desenvolver produtos e processos mais eficientes e competitivos, buscando a criação de produtos e serviços de alta qualidade e com diferencial tecnológico. O governo federal precisa corrigir o desequilíbrio e privilégios fiscais, assim como trabalhar para um equilíbrio federativo, uma questão que nos preocupa muito.
JC - A Fiergs chamou a atenção para a necessidade de um gás natural competitivo no Rio Grande do Sul. O que pode ser feito a respeito dessa questão?
Bier - Para a Fiergs, há consenso entre Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) e os usuários de que o cálculo do ajuste feito na revisão tarifária de 2023 e 2024, quando se compararam os custos unitários efetivos dos exercícios de 2021 e 2022 com as respectivas margens que tinham sido previamente autorizadas, foi feito com graves imprecisões. No nosso entendimento é necessária uma revisão total nos percentuais das tarifas praticadas pela Sulgás. A indústria gaúcha valoriza o gás natural como fonte de energia. Já respondem por 70% do consumo do gás disponível atualmente no Rio Grande do Sul e temos potencial para consumir mais caso haja mais combustível disponível, desde que com preços adequados.
JC - A Fiergs vem fazendo mais ações pelo Interior, pode detalhar essa iniciativa?
JC - A Fiergs chamou a atenção para a necessidade de um gás natural competitivo no Rio Grande do Sul. O que pode ser feito a respeito dessa questão?
Bier - Para a Fiergs, há consenso entre Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) e os usuários de que o cálculo do ajuste feito na revisão tarifária de 2023 e 2024, quando se compararam os custos unitários efetivos dos exercícios de 2021 e 2022 com as respectivas margens que tinham sido previamente autorizadas, foi feito com graves imprecisões. No nosso entendimento é necessária uma revisão total nos percentuais das tarifas praticadas pela Sulgás. A indústria gaúcha valoriza o gás natural como fonte de energia. Já respondem por 70% do consumo do gás disponível atualmente no Rio Grande do Sul e temos potencial para consumir mais caso haja mais combustível disponível, desde que com preços adequados.
JC - A Fiergs vem fazendo mais ações pelo Interior, pode detalhar essa iniciativa?
Bier - A ideia da interiorização é desencastelar a Fiergs. Queremos promover uma aproximação com as indústrias do Estado, principalmente as pequenas e médias que estão em todas as regiões do Rio Grande do Sul. É uma forma de ouvir as necessidades das regiões e dos setores, colocando a estrutura da entidade para apoiá-los. A aproximação também é uma forma de apresentar todos os serviços do Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL) que podem contribuir para o desenvolvimento das indústrias e da região. A interiorização valoriza, ainda, os sindicatos industriais da região, considerando que são a base do Sistema Fiergs.
Maior parte da indústria de transformação gaúcha verifica crescimento entre janeiro e abril de 2025
Apesar do Rio Grande do Sul ainda sofrer com os reflexos da enchente de 2024, nos primeiros quatro meses de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, 16 dos 24 setores da indústria de transformação gaúcha registraram crescimento, o que, segundo reforça nota da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), evidencia a continuidade da recuperação e a resiliência do setor industrial. Os maiores avanços foram observados nos segmentos de Manutenção e recuperação de máquinas e equipamentos (+24,1%), Equipamentos de transporte (+21,1%), Máquinas e materiais elétricos (+18,4%) e no setor Químico (+17,4%).
Apesar do Rio Grande do Sul ainda sofrer com os reflexos da enchente de 2024, nos primeiros quatro meses de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior, 16 dos 24 setores da indústria de transformação gaúcha registraram crescimento, o que, segundo reforça nota da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), evidencia a continuidade da recuperação e a resiliência do setor industrial. Os maiores avanços foram observados nos segmentos de Manutenção e recuperação de máquinas e equipamentos (+24,1%), Equipamentos de transporte (+21,1%), Máquinas e materiais elétricos (+18,4%) e no setor Químico (+17,4%).
O setor de Máquinas e equipamentos também apresentou incremento, com alta de 6,3%. Já os setores com maiores retrações foram: Veículos automotores (-9,2%), Couro e calçados (-6,8%), Celulose e papel (-5,7%), Móveis (-4,9%) e Bebidas (-3,5%). Se alguns segmentos industriais apresentaram recuperação, por outro lado, dados da Receita Estadual revelam que, mesmo após quase um ano da maior tragédia climática do Estado, muitas empresas ainda não retomaram suas operações normais.
A verificação da operação é feita pela emissão de notas fiscais. Entre os 3,3 mil estabelecimentos enquadrados no Regime Geral em áreas afetadas (mancha de inundação), quase 14% seguiam com operação abaixo de 30% da normalidade em abril de 2025. No Simples Nacional, a situação é semelhante: 16% das 5,1 mil empresas continuam operando abaixo de 30% da capacidade anterior às enchentes. Embora o número de companhias que conseguiram se recuperar tenha aumentado ao longo do tempo, um número significativo ainda enfrenta dificuldades para restabelecer suas atividades: cerca de 500 empresas deixaram de emitir notas fiscais em áreas afetadas durante as enchentes.
Conforme a Fiergs, baseada em um estudo do Banco Mundial que contou com dados fornecidos pela Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, as perdas, danos e custos adicionais causados pelos eventos climáticos extremos de 2024 impuseram um impacto severo à indústria do Rio Grande do Sul, com prejuízos estimados em R$ 14 bilhões. O segmento mais afetado foi o de Máquinas e Equipamentos, com perdas de R$ 1,5 bilhão, seguido pelo de Alimentos, que registrou um prejuízo de R$ 1,3 bilhão. De acordo com dados do governo do Estado, mais de 20 mil indústrias foram afetadas pelas enchentes, o que representa 8,7% do total de CNPJs industriais registrados no Rio Grande do Sul.