Com a proposta de redução da tarifa, o projeto de concessão rodoviária do Bloco 2 será relançado ainda em maio pela Secretaria da Reconstrução Gaúcha. Em nota, a secretaria informa que o projeto está em revisão e que o governo do Estado tem trabalhado com o objetivo de diminuir o valor, que não será mais de R$ 0,23 por quilômetro - a alteração é uma reivindicação de entidades das regiões, principalmente do Vale do Taquari.
Segundo a pasta, um dos principais pontos de análise feito pelos técnicos é a redução da tarifa. Esse item, conforme a nota, foi a demanda mais exigida pela sociedade, prefeituras e entidades empresariais durante as consultas públicas realizadas pelo governo estadual.
Os empresários das regiões do Vale do Taquari e Norte do Rio Grande do Sul defendem um modelo mais competitivo. O vice-presidente da Federasul na Região do Vale do Taquari, Ivandro Carlos Rosa, disse que a entidade defende uma concessão que seja bem feita e que não prejudique a economia da região com pedágios caros. "Já sofremos com duas enchentes. Agora, não podemos ter pedágios caros porque corremos o risco de perder competitividade", ressalta. Rosa diz que a entidade aguarda a devolutiva do governo do Estado, ou seja, a ideia é que se tenha algum aprimoramento no projeto em relação ao original apresentado pelo Executivo gaúcho em janeiro deste ano.
Segundo Rosa, a região realizou diversas discussões com entidades empresariais e com lideranças do setor de transporte. "Entendemos que o km previsto de R$ 0,23 é muito caro. Após a duplicação a tarifa vai subir mais 30%. No nosso entendimento a proposta é muito onerosa e dificulta a operação das empresas que perderiam competitividade", ressalta. Ele disse que os empresários sugeriram ao governo estadual a revisão do cronograma de obras (neste caso a não realização de obras de duplicação neste momento) como forma de viabilizar uma redução significativa das tarifas de pedágio.
As entidades do Vale do Taquari e do Norte do Estado, com intermediação da Federasul, aguardam uma reunião com o secretário da Reconstrução Gaúcha, Pedro Capelucci, para tratar dos ajustes no projeto de concessão rodoviária do Bloco 2. "Precisamos ter muita atenção porque temos um déficit de investimento muito grande na região do Vale do Taquari. As coisas não estão bem e não temos uma infraestrutura com condições de atender nossas empresas", acrescenta Rosa.
O presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Rio Grande do Sul (Fetransul), Francisco Carlos Gonçalves Cardoso, destaca que o valor de R$ 0,23 por km para pista simples é muito caro. "É mais que o Polo de Pelotas da Ecosul que está em R$ 0,21, considerado o mais caro do País", avalia. Cardoso recorda que foram feitas algumas propostas ao secretário Pedro Capelucci como a revisão de obras não tão necessárias, como forma de rever os custos. "O ideal é que o preço fique em R$ 0,14 o km em pista simples e, quando ocorrer a duplicação, que passe para R$ 0,17 o km", destaca.
De acordo com o dirigente da Fetransul, a expectativa do setor é que o governo do Estado reapresente o projeto e que o valor fique em R$ 0,14. "A região do Vale do Taquari e Norte do Estado não pode ficar comprometida como ficou a região Sul, atrasada e com pedágio caro", explica.
Investimentos do Bloco 2 chegam a R$ 6,7 bilhões
Segundo a Secretaria da Reconstrução Gaúcha, os investimentos do Bloco 2, localizado em uma das regiões mais afetadas pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul, serão de R$ 6,7 bilhões. Do montante, R$ 1,3 bilhão é via Fundo do Plano Rio Grande (Funrigs).
Serão 30 anos de concessão com a iniciativa privada. Somente nos 10 primeiros anos da concessão, serão investidos R$ 4,5 bilhões. O chamado Bloco 2 abrange 32 municípios gaúchos (17,5% da população), tem um total de 414,91 quilômetros de extensão, e é composto por sete estradas (ERS-128, ERS-129, ERS-130, ERS-135, ERS-324, RSC-453 e BR-470).
Os recursos são necessários para realizar a duplicação de 244 quilômetros e a implementação de 101 quilômetros de terceiras faixas para ampliar a fluidez e a segurança das estradas da região. Atualmente, nenhuma das rodovias que compõem o Bloco 2 é duplicada. Outras melhorias previstas na concessão são a implementação de 323 quilômetros de acostamentos, 73 quilômetros de marginais e 43 passarelas de pedestres, entre outras medidas. Também estão previstos socorro mecânico e médico 24 horas, monitoramento por câmeras e bases de atendimento aos usuários. A modelagem conta com a parceria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes).