Com o objetivo de aprofundar o debate sobre as mudanças que vão ocorrer no setor da construção civil com a implementação da reforma tributária a partir de 2026, o painel "Impactos da reforma tributária na indústria da construção civil" discutiu os desafios práticos e identificou oportunidades para impulsionar a competitividade na construção civil. O vice-presidente da área jurídica da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Fernando Guedes Ferreira Filho, disse que as empresas ligadas ao setor precisam se preparar mais para as mudanças decorrentes da nova reforma tributária. "As mudanças serão profundas e significativas no setor e é necessário um entendimento de como será a reforma tributária", destaca. O debate foi realizado nesta segunda-feira (19) no salão de Convenções da Fiergs.
Segundo Fernando Guedes, será necessário uma adaptação de pessoal, de sistemas e de cálculos. O vice-presidente da CBIC destacou o setor da construção é composto por um total de 220 mil empresas que empregam um total de 3 milhões de trabalhadores no Brasil.
O diretor de economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles, afirma que a nova reforma tributária é muito positiva para o setor da construção civil. "Hoje, nós temos uma construção civil muito pouco, digamos, industrializada. Muita coisa da montagem ainda acontece nos canteiros de obras", ressalta.
De acordo com Telles, isso se deve em grande parte ao sistema tributário atual. Telles acredita que o novo sistema tributário será benéfico para o setor da construção civil porque ela vai poder se industrializar, ou seja, poderá ser mais produtiva, oferecer preços menores e construir com mais qualidade e produtividade.
Segundo o diretor de economia da CNI, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que, em 15 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro estará 12% maior do que ele estaria sem a reforma. "No caso da construção civil, o estudo da universidade aponta um aumento de 19,5% no PIB da construção", ressalta. Para Telles, a construção civil está entre os setores econômico mais beneficiados pela nova reforma tributária.
O presidente do Sinduscon/RS, Claudio Teitelbaum, disse que a reforma tributária carrega um gama de incerteza para o setor. "Essa nova reforma vai exigir um nível muito grande de controle interno e externo das empresas", comenta. Teitelbaum destaca ainda que existem os fatores interpretativos que parte são regionais e parte nacionais como o IBS e o CBS. "O impacto inicial que gente prevê com o novo sistema tributário é um aumento de carga tributária para o setor e como a gente está vendo ainda como se proteger", acrescenta.
Com a implementação da nova reforma tributária a partir do próximo ano, o coordenador de Assuntos Tributários Legais e Cíveis (Contec), Rafael Sacchi, destaca que terá que ser revisto a forma de entender a cadeia produtiva e a relação de consumo com os fornecedores. "Precisamos entender como será o rearranjo da cadeia produtiva. Muitos fornecedores terão que mexer no patamar dos seus preços até porque eles terão uma tributação diferente", comenta. Segundo Sacchi, a grande questão é como vai acontecer o rearranjo da cadeia produtiva em termos de produção, de preços e como vai impactar o setor da construção civil.