Embora tenha apresentado no último mês de abril o melhor desempenho no ano, o mercado de veículos no Rio Grande do Sul registrou crescimento menor que no Brasil. De acordo com dados do Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos no Estado (Sincodiv-RS), as vendas deste setor cresceram 4,85% no Estado, ante 8,27% no País.
“O desempenho do RS em relação ao Brasil é preocupante. Este foi o primeiro mês em que ficamos em alerta sobre os dados. O resultado é reflexo do segmento de duas rodas, que continua desempenhando muito mal no Estado. No restante do País, por outro lado, está crescendo bastante”, explica o presidente do Sincodiv-RS, Jefferson Furstenau.
Segundo levantamento feito pelo sindicato, em abril, o mercado de motocicletas cresceu somente 6,55% no Rio Grande do Sul, contra 10,04% no Brasil inteiro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as vendas deste segmento no Estado registraram queda de 1,88%.
O mau desempenho do RS em relação ao Brasil também é observado no mercado de automóveis. No último mês, o número de vendas deste segmento cresceu apenas 1,43% no Estado, com 7.041 unidades emplacadas, ante 7,58% no País inteiro. Além disso, no acumulado dos primeiros quatro meses de 2025, o emplacamento de automóveis no RS apresentou retração de 0,02% no comparativo com o mesmo período do ano passado.
“O mercado de automóveis está passando por um momento de transição, com a entrada de novas marcas no Estado. O consumidor fica em dúvida sobre o que comprar, diante da grande quantidade de ofertas”, explica o presidente do Sincodiv-RS.
As vendas de caminhões no RS apresentaram retração de 4,81% entre março e abril, resultado que, segundo Furstenau, é consequência do fim da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a aquisição de caminhões e ônibus. O benefício fiscal havia sido concedido pelo governo do Estado após a enchente do ano passado e posteriormente prorrogado até o dia 31 de março.
“A isenção do ICMS foi muito aproveitada pelo segmento, que teve um crescimento forte em cima disso. Mas agora o fôlego está acabando, então teremos uma nova realidade dentro do mercado”, explica o presidente do Sincodiv-RS.
No mercado de veículos eletrificados, a entrada de novas marcas segue influenciando positivamente o número de vendas no Estado. Em abril, o crescimento registrado foi de 22,55%, com 1.065 unidades vendidas. No entanto, diante da maior oferta de modelos, o governo federal anunciou, em novembro de 2023, a retomada da tributação de veículos eletrificados.
Conforme cronograma divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), a cobrança pela importação de carros elétricos será atualizada para 25% em julho. No mesmo mês do ano que vem, será alterada para 35%. “O aumento dos impostos sobre veículos eletrificados tem a intenção de proteger a indústria nacional e também fazer com que as empresas estrangeiras instalem suas fábricas no Brasil e produzam os carros aqui”, explica Furstenau.
O acréscimo de 0,50% na Taxa Selic, anunciado no último dia 7 pelo Comitê Político Monetário (Copom), do Banco Central, deverá impactar as vendas de veículos no Estado, segundo Furstenau. “A elevação da Selic aumenta o custo do financiamento, que é do que vive o automóvel. Por isso, o mercado deverá apresentar uma pequena retração”, explica.
Na avaliação do presidente do Sincodiv-RS, o resultado das vendas de maio virá distorcido, já que será comparado com o mesmo mês do ano passado, quando os gaúchos enfrentaram as consequências da maior enchente da história do Estado. Entre abril e maio de 2024, o mercado de veículos no RS apresentou retração de 64,77%.
Concessionária da Volkswagen registrou leve retração no último mês
O balanço de vendas no último mês de abril foi negativo para a concessionária Unidos Volkswagen, localizada em Porto Alegre. Segundo o diretor comercial, Fernando Ruga, houve retração de 5% no número de automóveis e comerciais leves emplacados. Em compensação, a venda de veículos usados aumentou em quase 20%.
A categoria SUV (veículo utilitário esportivo) segue em alta, com destaque para os modelos T-Cross e Nivus. Outra linha bastante vendida é o Polo Robust, muito utilizado no interior pelo produtor rural. “Quando o mercado começa a ficar um pouco recessivo, os produtos mais baratos, como é o caso do Polo Robust, passam a ser mais procurados. O trabalhador do agronegócio, que precisa de um carro para o dia a dia, escolhe este modelo pela condição financeira”, explica Ruga. De acordo com Ruga, a tendência é o Polo Robust continuar sendo bastante vendido nos próximos meses.
O diretor de vendas da Unidos VW alerta para os impactos da elevação da Taxa Selic. Apesar disso, acredita que, a partir de junho, com a previsão de novos lançamentos, o mercado voltará a ficar aquecido.