A ausência de uma educação previdenciária e financeira no País, a jornada de trabalho 6x1 e a geração de emprego e renda foram temas debatidos na reunião-almoço Tá na Mesa da Federasul desta quarta-feira (30) no Palácio do Comércio, em Porto Alegre. Com o tema "Trabalho, Renda e Qualidade de Vida Jornada 6x1/NR1/Endividamento na folha", a iniciativa reuniu o secretário do Ministério do Trabalho e Emprego, Luiz Felipe Brandão de Mello, o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT) e o vice-presidente de Integração da Federasul, Rafael Goelzer.
Pompeo destacou que o Brasil é um país onde a educação previdenciária não tem avançado. "A questão da Previdência deveria ser uma preocupação das empresas, dos trabalhadores e também dos governos nas esferas federal, estadual e municipal. O Brasil, infelizmente, não tem a consciência da necessidade de se prevenir. É uma falha do País", destaca.
O parlamentar aponta que, na Europa e nos Estados Unidos, os maiores fundos de pensão são feitos por pessoas, e não por governos. "Os brasileiros não tem essa evolução. É uma falha do País, que não pensa no futuro e que não estimula a educação previdenciária", ressalta.
Com relação à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o secretário do Ministério do Trabalho e Emprego destaca que existe uma campanha com o propósito de chamar a CLT de "patinho feio". "Se vende a ideia que ser CLT hoje é feio. Ser empregado virou uma coisa que não é bacana. Agora, o moderno é ser empreendedor no Brasil", comenta. Mello ressalta que o trabalhador registrado, CLT e empregado tem segurança. "Essas garantias não existem para quem é MEI no Brasil", pontua.
Pompeo complementou dizendo que existem hoje no Brasil dois sistemas que alimentam a Previdência: um, do trabalhador, e outro, que é o empreendedor. "E está surgindo um terceiro, que é o MEI (Microempreendedor Individual) e não é pouca coisa, já são 15 milhões de MEIs no País", ressalta.
Goelzer, por sua vez, enfatizou que no Brasil não existe a a cultura da educação financeira para organizar as contas. "Os brasileiros, infelizmente, não conseguem guardar um percentual do salário para pensar no futuro. A realidade da população brasileira em geral nem mesmo possibilita o resguardo desse fundo financeiro", acrescenta.
Para o vice-presidente de Integração da Federasul, os custos de vida acabam sobrepondo a capacidade de investimentos dos trabalhadores. "Grande parte destes custos vem também através de encargos trabalhistas excessivos, que poderiam estar indo diretamente para o bolso do trabalhador gerando renda", comenta. Segundo ele, hoje as pessoas no Brasil não estão querendo ter o vínculo formal de trabalho. "Se ela tem um vínculo formal de emprego, a renda aumenta, e acaba por impactar nos benefícios sociais", comenta.
Durante a palestra, o vice-presidente de Integração da Federasul apresentou dados da pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas/Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre) divulgada em 2025 sobre as empresas brasileiras. Segundo o estudo, ocorreu um apagão de mão de obra em setores da indústria, da construção civil, de serviços e do varejo. Nestes setores, não houve o preenchimento de vagas abertas:
Industria (60%); construção civil (82%); serviços (58%) e varejo (77%). O levantamento da FGV/Ibre destaca que 2019 à 2024, apenas 64% das pessoas que ingressariam no mercado de trabalho buscaram colocação formal.
Industria (60%); construção civil (82%); serviços (58%) e varejo (77%). O levantamento da FGV/Ibre destaca que 2019 à 2024, apenas 64% das pessoas que ingressariam no mercado de trabalho buscaram colocação formal.