A indefinição sobre a continuidade ou não da operação da termelétrica a carvão Candiota 3 já está repercutindo em outros segmentos da economia do município da região da Campanha gaúcha. Conforme o prefeito candiotense, Luiz Carlos Folador (MDB), devido a essa incerteza a Cimento Gaúcho paralisou a implantação da sua unidade estimada em cerca de R$ 100 milhões que seria implementada na cidade.
A empresa confirma a informação de Folador que teve que suspender momentaneamente o empreendimento e explica que precisa das cinzas da usina (subproduto resultado da utilização do carvão como combustível) para serem aproveitadas como matéria-prima para a produção do cimento. A companhia admite que, se a térmica não voltar a funcionar, será muito difícil manter o investimento por conta da falta do insumo.

Protocolo de intenções do empreendimento foi assinado por empresários e governador Eduardo Leite em 2024
Gustavo Mansur/Secom/Divulgação/JC
A situação pode afetar inclusive a ampliação da planta que a Cimento Gaúcho possui em Montenegro, iniciativa estimada em cerca de R$ 60 milhões. As duas ações, a expansão da unidade existente e a construção da nova, motivaram um protocolo de intenções assinado entre o governo do Rio Grande do Sul e a empresa de cimento e argamassa Hipermix Sul (que detém a marca Cimento Gaúcho). O evento foi celebrado no Palácio Piratini, no dia 10 de janeiro de 2024, com a presença do governador Eduardo Leite, do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo, e dos representantes da Hipermix, Marcio Loucatelli e Diego Lugano (ex-jogador do São Paulo e da seleção uruguaia).
Na ocasião foi detalhado que a nova fábrica candiotense teria potencial para a produção de 100 mil toneladas ao ano de cimento e o complexo montenegrino aumentaria sua capacidade de 100 mil toneladas para 150 mil toneladas anuais. O total de 250 mil toneladas do produto ao ano representaria cerca de 25% da demanda por cimento na construção civil do Estado.
O problema para os empreendimentos ocorreu a partir do desligamento da termelétrica Candiota 3, que teve seu contrato de fornecimento de energia finalizado no começo de janeiro. Havia a perspectiva que o Projeto de Lei (PL) 576, que tratava da energia eólica offshore (no mar), mas continha um artigo que possibilitaria a continuidade da usina a carvão, pudesse manter a térmica funcionando.
No entanto, o chamado ‘jabuti’, tema inserido em uma proposta que não estava presente no texto original, foi vetado pela presidência da República. No momento, aguarda-se uma definição se os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao PL serão ou não derrubados no Congresso Nacional. Há também a possibilidade de que a usina volte a ser ligada através de uma Medida Provisória (MP) ou continue desativada.