Os terrenos da prefeitura de Porto Alegre adquiridos em leilão no Distrito Industrial da Restinga, no Extremo Sul da cidade, carecem de infraestrutura, segundo a Associação do Comércio e Indústria da Restinga (Acir). Os lotes necessitam da abertura de ruas e da implementação de rede esgoto e energia elétrica.
A presidente da Associação, Aline Colombo, disse que os terrenos necessitam de infraestrutura. "Com isso, os empresários terão a segurança de que não vão estar trabalhando à margem da lei. Precisamos de CEP, rua, calçada, esgoto e energia elétrica para que possamos nos desenvolver da forma correta", explica. Aline Colombo afirma que os empresários querem tudo da forma certa. "Estamos empreendendo, gerando empregos, riqueza e a valorização do bairro Restinga", acrescenta.
Com a comercialização dos 50 lotes, o município arrecadou R$ 22,7 milhões, que serão destinados ao Fundo Municipal para Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio Imobiliário (Funpat). O fundo financia investimentos em imóveis municipais e outras iniciativas na Capital, como regularização fundiária, revitalização do Centro Histórico e manutenção de locais como o Mercado Público e o Paço Municipal.
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Porém, Aline diz que os terrenos necessitam de uma infraestrutura para que as empresas possam se instalar no Parque Industrial da Restinga. "Hoje, o Distrito da Restinga é responsável pela geração de 1,8 mil empregos diretos. Com a implementação da energia elétrica, abertura de ruas e a implementação de rede de esgoto, podemos chegar a 20 mil empregos diretos e indiretos com o parque funcionando a pleno", destaca. Conforme a presidente da Associação, o Distrito se tornou uma alternativa segura, principalmente para empresas com sede na zona Norte da Capital, e que tiveram suas instalações atingidas pelas enchentes de maio.
Conforme Aline, O Distrito Industrial da Restinga é um esforço coletivo do associativismo e do empreendedorismo dos empresários da Restinga. "Com a infraestrutura do Distrito em funcionamento, vamos gerar empregos e manter os moradores da Restinga na região", acrescenta.
Aline Colombo calcula que Distrito Industrial poderá gerar cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos
TÂNIA MEINERZ/JC
O diretor jurídico da Acir, Raul Susin, reforça que o Parque Industrial da Restinga necessita de um plano diretor atualizado para que o mais rápido possível as empresas possam se instalar na região. "Nas enchentes, o bairro Restinga se mostrou um lugar seguro. Diversas empresas com sede na zona Norte de Porto Alegre têm mostrado interesse na região", comenta.
Segundo Susin, a associação realizou reuniões com mais de oito secretarias municipais, como a de Obras e Infraestrutura (Smoi), de Administração e Patrimônio, e do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). Restou estabelecida a celeridade do município na realização e aprovação dos projetos pelas respectivas secretarias com relação à infraestrutura dos terrenos adquiridos nos dois leilões realizados em 2023 e 2024.
Dos 88 hectares do Distrito Industrial da Restinga, 50 são destinados para empresas, 30 hectares foram ocupados por moradias irregulares e oito foram para a construção do Hospital da Restinga e do Instituto Federal de Educação. No primeiro leilão, realizado em 2023, o município comercializou 33 terrenos por R$ 14 milhões. Em novembro de 2024, a prefeitura de Porto Alegre colocou 19 lotes à venda, sendo que 17 foram adquiridos pelas empresas.
Obras de terraplanagem e limpeza foram realizadas, mas falta instalação da rede sanitária, distribuição de energia elétrica e calçamento
TÂNIA MEINERZ/JC
Dois terrenos foram ocupados por moradores do residencial Vida Nova. No leilão de novembro de 2024, foram comercializados 17 terrenos de um total de 19 e as escrituras serão entregues em março de 2025 em uma solenidade que será realizada na sede da Acir com a presença do prefeito Sebastião Melo. Os lotes foram vendidos por R$ 5,7 milhões. Em 2023, foram comercializados 33 terrenos de um total de 51 pelo valor de R$ 14 milhões.
Distrito da Restinga terá uma segunda mulher no comando de uma empresa
O Distrito Industrial da Restinga é ocupado por empresas de segmentos como metal-mecânico, indústria química, fábrica de incensos, reciclagem de papelão, serralheria, reciclagem de detrito de obras e empresas de estruturas para eventos (Colombo, Lonatac e Master Palco). A novidade, no universo de predominância de gestores masculinos, é a presença de duas mulheres no comando de empresas.
Aline foi a pioneira na gestão de uma empresa e hoje comanda a Colombo - Estrutura para Eventos. A segunda gestora feminina a atuar na Restinga será Cíntia Cardoso, diretora da RR Comercial de Aços. Ao seu lado, ela terá a também diretora Rafaela Del Rio. Aline tem supervisionado as obras em dois dos cinco terrenos adquiridos pela empresa. Nos dois lotes localizados nas ruas Imperados Hiroito e Coronel Dastro Dutra estão sendo feitos os trabalhos de fundação dos pavilhões da futura locadora de móveis da Colombo.
Segundo Cíntia Cardoso, cada vez mais mulheres estão à frente de grandes empresas, e no Distrito Industrial da Restinga não seria diferente. "A Aline Colombo abriu caminhos para o empreendedorismo feminino na região e seguiremos fomentando a economia local e agregando valor a comunidade", destaca. A RR Comercial de Aços, empresa com 39 anos de atividade no mercado gaúcho, atua na distribuição de aços, ferros, vigas, chapas e acessórios para construção civil, indústrias, metalúrgicas, serralherias e consumidor final. A diretora da RR Comercial de Aços cita que a empresa arrematou dois lotes, que totalizam 6 mil quadrados no Distrito Industrial da Restinga. A RR Comercial de Aços possui duas lojas em Porto Alegre. A matriz é localizada na avenida Cavalhada e a filial funciona na avenida Assis Brasil, 7471. Entre as duas operações, a empresa conta com uma equipe de 35 profissionais.
Procurados pela reportagem do Jornal do Comércio, os secretários municipais de Obras e Infraestrutura, André Flores, e da Administração e Patrimônio, Cassiá Carpes, ainda não responderam sobre as reivindicações dos empresários da Restinga sobre a implementação da infraestrutura nos terrenos comercializados no Distrito Industrial.
Em dezembro do ano passado, quando da realização do leilão, o então secretário André Barbosa (que respondia pela Secretaria de Administração e Patrimônio) afirmou que a realização do leilão de imóveis do Parque Industrial da Restinga era essencial para transformar áreas subutilizadas em propulsores de desenvolvimento, atraindo empresas, gerando novas oportunidades de emprego e promovendo o crescimento econômico da região.