Apesar das indicações que em seu governo as fontes fósseis de energia serão fortalecidas e as renováveis não contarão com tantos incentivos, a tendência é que o mandato de Donald Trump como presidente norte-americano não barre o processo de transição energética no mundo ou mesmo dentro dos Estados Unidos. O que poderá ocorrer é uma alteração na velocidade desse movimento, já que se trata de uma das maiores nações do planeta em termos políticos e econômicos.
Logo após a sua posse, Trump declarou emergência nacional energética e afirmou que a infraestrutura do setor não era adequada, devido a políticas adotadas anteriormente. Entre as medidas anunciadas pelo presidente norte-americano, estão o apoio à produção de combustíveis de fontes fósseis e o fim de subsídios aos veículos elétricos. Trump também determinou a revisão de áreas federais que poderiam ser aproveitadas para a geração de energia eólica offshore (no mar). Além disso, ele retirou o país dos participantes do Acordo de Paris (tratado internacional quanto a mudanças climáticas).
O diretor do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, ressalta que Trump tem posições fortes e gosta de ser impactante e midiático, porém a transição energética é um caminho sem volta. O integrante do Sindienergia-RS comenta que, apesar da perspectiva de que o novo mandatário dos Estados Unidos veja a questão sob um “novo olhar”, esse movimento não deverá ser interrompido naquela nação ou no planeta. “Acho que é muito difícil que ele venha a impedir ou restringir o uso de energia renováveis”, projeta.
Sari enfatiza ainda que os Estados Unidos também não irão querer perder mercados para outros concorrentes internacionais como, por exemplo, a China. Para ele, a tendência é que Trump concentre-se mais no fator econômico (custo) da geração de energia do que na sustentabilidade das fontes.
O diretor do Sindienergia-RS recorda também que um dos grandes apoiadores de Trump é o empresário Elon Musk, dono da Tesla, companhia fabricante de veículos elétricos. “Tem essa questão que é antagônica”, aponta Sari.
O diretor do Sindienergia-RS recorda também que um dos grandes apoiadores de Trump é o empresário Elon Musk, dono da Tesla, companhia fabricante de veículos elétricos. “Tem essa questão que é antagônica”, aponta Sari.
Sobre a possibilidade de Trump também diminuir os investimentos no mercado de hidrogênio verde (oriundo de fontes renováveis), o diretor do Sindienergia-RS considera que isso pode afetar o desenvolvimento do segmento globalmente, mas, por outro lado dentro desse eventual cenário o Brasil pode mais facilmente se tornar um protagonista mundial como produtor desse combustível.
Já o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, destaca que o planeta ainda baseará sua matriz energética, nas próximas décadas, no petróleo e carvão. “Não existem outras fontes, nos dias atuais, com grande volume para fazer a substituição”, frisa o dirigente.
No entanto, Menzel enfatiza que o mundo precisa lidar com as mudanças climáticas, algo que é inevitável e que leva à transição energética. O ponto levantado pelo representante da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura é quem vai “pagar a conta” dessa iniciativa, algo que ainda não está bem resolvido.
Contudo, o dirigente reitera que o planeta irá seguir no rumo do aumento das fontes limpas de energia, que são menos poluentes. O que pode variar é o tempo de crescimento desse setor. “Na minha visão, com a ascensão do Trump, vamos dar uma pequena desacelerada”, conclui Menzel.