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Publicada em 21 de Janeiro de 2025 às 17:58

Gestão Trump não deve implicar interrupção da transição energética global

Geração de energia eólica offshore foi um dos segmentos afetados pelo presidente dos EUA

Geração de energia eólica offshore foi um dos segmentos afetados pelo presidente dos EUA

GETTY IMAGES/DIVULGAÇÃO/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Apesar das indicações que em seu governo as fontes fósseis de energia serão fortalecidas e as renováveis não contarão com tantos incentivos, a tendência é que o mandato de Donald Trump como presidente norte-americano não barre o processo de transição energética no mundo ou mesmo dentro dos Estados Unidos. O que poderá ocorrer é uma alteração na velocidade desse movimento, já que se trata de uma das maiores nações do planeta em termos políticos e econômicos.
Apesar das indicações que em seu governo as fontes fósseis de energia serão fortalecidas e as renováveis não contarão com tantos incentivos, a tendência é que o mandato de Donald Trump como presidente norte-americano não barre o processo de transição energética no mundo ou mesmo dentro dos Estados Unidos. O que poderá ocorrer é uma alteração na velocidade desse movimento, já que se trata de uma das maiores nações do planeta em termos políticos e econômicos.
Logo após a sua posse, Trump declarou emergência nacional energética e afirmou que a infraestrutura do setor não era adequada, devido a políticas adotadas anteriormente. Entre as medidas anunciadas pelo presidente norte-americano, estão o apoio à produção de combustíveis de fontes fósseis e o fim de subsídios aos veículos elétricos. Trump também determinou a revisão de áreas federais que poderiam ser aproveitadas para a geração de energia eólica offshore (no mar). Além disso, ele retirou o país dos participantes do Acordo de Paris (tratado internacional quanto a mudanças climáticas).
O diretor do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, ressalta que Trump tem posições fortes e gosta de ser impactante e midiático, porém a transição energética é um caminho sem volta. O integrante do Sindienergia-RS comenta que, apesar da perspectiva de que o novo mandatário dos Estados Unidos veja a questão sob um “novo olhar”, esse movimento não deverá ser interrompido naquela nação ou no planeta. “Acho que é muito difícil que ele venha a impedir ou restringir o uso de energia renováveis”, projeta.
Sari enfatiza ainda que os Estados Unidos também não irão querer perder mercados para outros concorrentes internacionais como, por exemplo, a China. Para ele, a tendência é que Trump concentre-se mais no fator econômico (custo) da geração de energia do que na sustentabilidade das fontes.
O diretor do Sindienergia-RS recorda também que um dos grandes apoiadores de Trump é o empresário Elon Musk, dono da Tesla, companhia fabricante de veículos elétricos. “Tem essa questão que é antagônica”, aponta Sari.
Sobre a possibilidade de Trump também diminuir os investimentos no mercado de hidrogênio verde (oriundo de fontes renováveis), o diretor do Sindienergia-RS considera que isso pode afetar o desenvolvimento do segmento globalmente, mas, por outro lado dentro desse eventual cenário o Brasil pode mais facilmente se tornar um protagonista mundial como produtor desse combustível.
Já o presidente da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura, Paulo Menzel, destaca que o planeta ainda baseará sua matriz energética, nas próximas décadas, no petróleo e carvão. “Não existem outras fontes, nos dias atuais, com grande volume para fazer a substituição”, frisa o dirigente.
No entanto, Menzel enfatiza que o mundo precisa lidar com as mudanças climáticas, algo que é inevitável e que leva à transição energética. O ponto levantado pelo representante da Câmara Brasileira de Logística e Infraestrutura é quem vai “pagar a conta” dessa iniciativa, algo que ainda não está bem resolvido.
Contudo, o dirigente reitera que o planeta irá seguir no rumo do aumento das fontes limpas de energia, que são menos poluentes. O que pode variar é o tempo de crescimento desse setor. “Na minha visão, com a ascensão do Trump, vamos dar uma pequena desacelerada”, conclui Menzel.

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