O preço do aluguel residencial avançou 26,33% em Porto Alegre em 2024, superando a variação registrada no ano anterior, que foi de 13,88%. A capital gaúcha ficou atrás apenas de Salvador (33,07%) e Campo Grande (22,55%). Na análise das 36 cidades brasileiras que fazem parte do Índice FipeZap, dentre elas 22 capitais, o aluguel residencial fechou o ano passado com uma valorização acumulada de 13,50%. Em 2025, fatores como alta da taxa de juros Selic e demanda devem manter os preços em alta.
Mário Cesar Soares, diretor-executivo de Aluguéis da Auxiliadora Predial, explica que cada 1% de aumento nos juros afeta quem gostaria de comprar e não consegue ter renda aprovada. “Quando a gente olha o imóvel de R$ 500 mil, em um financiamento de 30 anos, com o aumento da taxa de juros a pessoa precisa ter quase R$ 2 mil a mais de renda para conseguir aprovação. Quem gostaria de comprar é impactado, e o aluguel se torna uma opção”, explica.
Soares chama atenção para um movimento nacional que vem ocorrendo e está atrelado a questões comportamentais, no qual cada vez mais brasileiros preferem morar de aluguel. Segundo dados do IBGE de 2000, 12% dos domicílios no Brasil eram destinados pela locação; em 2010, foi para 18% e, em 2022, bateu 21%. “Agora tem muito mais desejo das pessoas em alugar um imóvel e não comprar, principalmente entre os mais jovens”, afirma.
A demanda maior pelo aluguel reflete nos estoques de unidades disponíveis na Capital. Tomando por base os dados de cinco das maiores imobiliárias de Porto Alegre com as quais trabalha, Soares conta que o estoque de imóveis em janeiro deste ano está 21% abaixo do que havia no mesmo mês de 2023. Na comparação com dois anos atrás, a queda é de 30% - eram 2,5 mil imóveis a mais nessas cinco imobiliárias, o que reflete na oferta e demanda e, consequentemente, faz o preço do aluguel subir.
Diante da baixa oferta de moradias disponíveis para alugar, as imobiliárias estão com filas de espera de interessados. Dependendo do tipo de imóvel, o diretor diz que há contratos de aluguel que são assinados poucos dias após a unidade ser anunciada, o que mostra como o mercado na Capital está aquecido. “Produto bom em bairros como Petrópolis, Bela Vista, Rio Branco e até mesmo o Partenon, que não tem uma quantidade de estoque muito alta de móveis de um ticket mais baixo, temos casos de locação acontecendo de 24h a 48h. Mas a média do nosso tempo de oferta versus locação é algo em torno de três semanas que leva para o produto certo com preço certo ser locado”, garante.
Para minimizar a escassez de imóveis, Soares sugere que aqueles hoje anunciados para venda e que estão “encalhados” sejam colocados para locação. “Proprietários que estão há dois, três anos tentando vender um imóvel e não conseguiram vender estamos chamando para mostrar a oportunidade da locação. Quem não trabalha com locação imagina que o seu imóvel talvez gere um aluguel de R$ 2 mil e essas pessoas se surpreendem quando veem que esse imóvel vale hoje R$ 3,5 mil”, salienta.
Para minimizar a escassez de imóveis, Soares sugere que aqueles hoje anunciados para venda e que estão “encalhados” sejam colocados para locação. “Proprietários que estão há dois, três anos tentando vender um imóvel e não conseguiram vender estamos chamando para mostrar a oportunidade da locação. Quem não trabalha com locação imagina que o seu imóvel talvez gere um aluguel de R$ 2 mil e essas pessoas se surpreendem quando veem que esse imóvel vale hoje R$ 3,5 mil”, salienta.
O fato de diversos bairros terem ficado inundados na capital gaúcha durante a enchente de maio de 2024 não foi acompanhado por uma queda dos preços do aluguel nessas regiões. Mesmo no Centro Histórico, que tem um metro quadrado barato (R$ 30,00 m/²) e ficou alagado, houve reajuste de 14%. “95% do meu estoque no Centro é de apartamento. O imóvel não foi impactado (pela enchente), o que foi impactado foi o acesso a ele”, esclarece Soares. Já em bairros como o Humaitá, por exemplo, o que não esvazia o mercado de locações é o orçamento limitado dos futuros moradores, que impede procurar áreas mais caras.
Questionado sobre como ficarão os preços neste ano, o diretor-executivo de Aluguéis da Auxiliadora Predial avalia que ainda há margem para novos aumentos em Porto Alegre. Ele usa como base o preço médio geral do País (R$ 48,12/m²) e faz uma comparação entre os valores praticados nas três capitais da Região Sul. Porto Alegre (R$ 40,00/m²) é a mais barata, seguida por Curitiba (R$ 41,59/m²), enquanto Florianópolis (R$ 54,97/m²) desponta como a mais cara.
“Em um momento de escassez, ressalto a importância do cliente, tanto proprietário quanto o inquilino, ser acolhido por uma consultoria. Às vezes o cliente está muito fechado por um determinado bairro, ‘quero o Moinhos de Vento’, e o nosso time consegue mostrar ótimas oportunidades em outros bairros”, afirma Soares.
Variação média dos preços de locação de imóveis residenciais em Porto Alegre em dezembro de 2024
Praia de Belas - R$ 54,5/m², + 2,4% em 12 meses
Bela Vista - R$ 52,4/m², +44,8% em 12 meses
Rio Branco - R$ 50,9/m², +51,1% em 12 meses
Petrópolis - R$ 48,3/m², + 26,1% em 12 meses
Partenon - R$ 44,7/m², + 47% em 12 meses
Moinhos de Vento - R$ 44,2/m², + 7,4% em 12 meses
Menino Deus - R$ 34,7/m², +15,1% em 12 meses
Centro Histórico - R$ 30,3/m², + 14,9% em 12 meses
Santa Tereza - R$ 26,00/m², + 16,5% em 12 meses
Nonoai - R$ 25,9/m², + 15,6% em 12 meses
Bela Vista - R$ 52,4/m², +44,8% em 12 meses
Rio Branco - R$ 50,9/m², +51,1% em 12 meses
Petrópolis - R$ 48,3/m², + 26,1% em 12 meses
Partenon - R$ 44,7/m², + 47% em 12 meses
Moinhos de Vento - R$ 44,2/m², + 7,4% em 12 meses
Menino Deus - R$ 34,7/m², +15,1% em 12 meses
Centro Histórico - R$ 30,3/m², + 14,9% em 12 meses
Santa Tereza - R$ 26,00/m², + 16,5% em 12 meses
Nonoai - R$ 25,9/m², + 15,6% em 12 meses
Fonte: Índice FipeZap Locação Residencial