Após o feriado da quarta-feira, o Ibovespa operou no negativo desde a abertura e encerrou o dia no menor nível desde 6 de agosto, agora um pouco abaixo dos 127 mil pontos. Em porcentual, a perda desta quinta-feira foi também a maior desde 8 de novembro, quando havia cedido 1,43%. Nesta quinta, recuou 0,99%, aos 126.922,11 pontos, entre mínima de 126.593,85 e máxima de 128.196,63 pontos, correspondente ao nível de abertura. O giro foi a R$ 22,06 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 0,68%, e de 2,15% no mês, colocando o ajuste do ano a -5,41%.
O dia foi negativo para a maioria das ações de peso e liquidez, como as de grandes bancos (Itaú PN -1,73%, na mínima do dia no fechamento; Bradesco ON -0,74%, BB ON -2,28%), em piora conjunta do setor no ajuste final, que colocou o Ibovespa abaixo dos 127 mil. Petrobras, por sua vez, virou durante a tarde, mas subiu apenas 0,17% (ON) e 0,29% (PN), distante do desempenho do Brent e do WTI - o que contribuía para que o Ibovespa moderasse as perdas da sessão, do meio para o fim da tarde. Assim como Vale ON, a principal ação do índice, que chegou a ensaiar leve alta perto do encerramento, não sustentada no fechamento, em baixa de 0,10%.
Poucas - ou seja, 12 - dentre as 86 ações que compõem a carteira do índice conseguiram se desvencilhar do sentimento negativo na sessão, com destaque para Embraer ( 3,32%), BRF ( 3,28%) e Marfrig ( 2,81%) - todas do segmento exportador, favorecido pelo fortalecimento do dólar -, além de Vamos ( 5,14%).
À clara exceção de Vamos, nomes correlacionados ao ciclo doméstico, como Lojas Renner (-5,31%), Cosan (-4,64%) e Hapvida (também -4,64%) estiveram entre os maiores perdedores do dia, ao lado de São Martinho (-3,72%) e Cogna (-3,65%).
Passadas as eleições municipais, no fim de outubro, e a reunião do G20, os agentes de mercado seguem atentos à definição do pacote de cortes de gastos públicos, cujo anúncio pode ficar para a próxima semana.
A expectativa para o montante e os detalhes do plano mantêm os ativos brasileiros na defensiva há semanas, com Bolsa em retração e avanço no dólar frente ao real e na curva de juros doméstica.
"A ausência de sinais concretos deixa o investidor em compasso de espera", diz Guilherme Jung, economista da Alta Vista Research. "O mercado segue na expectativa pelo pacote prometido pelo governo, com detalhes sendo aguardados após a reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda hoje (quinta-feira) possivelmente", acrescenta.
O dólar apresentou alta firme na sessão desta quinta-feira, e voltou a fechar acima do nível de R$ 5,80 pela primeira vez desde o início de novembro. O real sofreu com a escalada da moeda americana no exterior, fruto da aversão ao risco provocada agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, e as dúvidas em torno da data e da magnitude do pacote de corte de gastos em gestação no governo Lula.
Por aqui, em alta desde o início do pregão, o dólar superou a linha de R$ 5,83 à tarde, quanto atingiu o pico do dia a R$ 5,8340, em sintonia com o exterior.
No fim da sessão, a moeda subia 0,77%, cotada a R$ 5,8115 - maior valor de fechamento desde 1º de novembro (R$ 5,8694), quando alcançou o segundo nível nominal mais elevado da história do real. A divisa acumula valorização de 0,40% na semana e de 0,53% no mês.