A XP, plataforma de investimentos, está planejando uma expansão para municípios do interior do Rio Grande do Sul em 2025. Neste primeiro momento, as cidades de Santa Cruz, Santa Maria, Passo Fundo e Erechim devem receber atendimento especializado da matriz da XP. Nos próximos anos, a empresa pretende estar presente em cidades com mais de 150 mil habitantes.
“Entendemos que cidades desse porte são dominadas pelos grandes bancos e que podem ter outras opções de investimento. Os produtos disponíveis hoje são caros, ou os recursos são mal alocados, como na poupança”, explicou o economista Renato Sarreta, Líder Regional Sul da XP, ao comparar o total de investimentos realizados em corretoras e instituições financeiras tradicionais no Brasil e nos Estados Unidos. “Nos Estados Unidos, 80% dos recursos estão em corretoras independentes e 20% em bancos. Aqui, é o contrário. Isso mostra a janela de oportunidades que temos”, acrescentou.
O objetivo é dobrar o número de profissionais da equipe comercial na região até o final de 2025. “Com isso, teremos capacidade para levar a XP para as principais cidades do interior do Estado. O sonho grande é ser referência no segmento em todas as cidades com mais de 150 mil habitantes nos próximos cinco anos”, afirmou o executivo.
Na primeira etapa de expansão, as regiões escolhidas têm economias marcadas pela presença do agronegócio, e o perfil dos investidores tende a ser mais conservador. Apesar disso, Sarreta acredita que, com a linguagem e os produtos certos, é possível conquistar esses clientes. Ele pondera que a previsibilidade e a estabilidade dos negócios influenciam as escolhas dos investidores. “O brasileiro quer as melhores alternativas e transparência. Quando tem isso e dá os primeiros passos, percebe que a relação é mais eficaz e com maior rentabilidade”, destacou.
Questionado sobre o impacto das enchentes de maio nos investimentos do estado, Sarreta comentou que houve impacto, mas que a economia do Rio Grande do Sul demonstrou resiliência e diversidade. “O Estado tem o agro, a indústria e o comércio. Claro que há micro-regiões com particularidades, mas aqui temos uma das maiores operações da XP, que reflete a força da economia gaúcha, inclusive na retomada das atividades”, observou. A XP tem mais de 100 escritórios entre matrizes e filiais no Estado.
O volume de investimentos no Sul do Brasil chega a R$ 410 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Hoje, desse total, R$180 bilhões estão em renda variável e R$102,8 bilhões em renda fixa. Só no Rio Grande do Sul, mais de 330 mil investidores possuem mais de R$32 bilhões em investimentos listados na bolsa, de acordo com dados da B3 até outubro. “Se considerarmos que, além disso, ainda temos R$87 bilhões aplicados na poupança, não resta dúvida de que há muito potencial a ser explorado”, completou Sarreta.
Após eleições nos EUA, Brasil precisa fazer o dever de casa, avalia economista
Sarreta também avaliou que o cenário de investimentos após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos exigirá que o Brasil faça seu “dever de casa.” “O dólar deve permanecer forte e há a possibilidade de juros altos. Portanto, temos a responsabilidade de garantir previsibilidade nas questões fiscais”, disse.
Ele acredita que há espaço para o crescimento de setores como tecnologia e o próprio mercado financeiro nos Estados Unidos. “Ainda é uma análise preliminar, mas a tendência é que o presidente aumente os gastos e investimentos, o que pode elevar a inflação e a taxa de juros, provocando uma evasão de dólares do Brasil. Um dólar mais alto gera inflação e pode reduzir o espaço para novos cortes de juros aqui”, concluiu.