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Publicada em 04 de Novembro de 2024 às 19:33

Dólar recua com expectativa de corte de gastos e desmonte de 'Trump trade'

O dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,47%, cotado a R$ 5,7831, com mínima a R$ 5,7562 pela manhã

O dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,47%, cotado a R$ 5,7831, com mínima a R$ 5,7562 pela manhã

Arte/Jc
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Agência Estado
A perspectiva de anúncio iminente de medidas de cortes de gastos pelo governo Lula, após aceno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o desmonte parcial do chamado "Trump trade" abriram espaço para uma forte recuperação do real nesta segunda-feira, 4.Após subir 1,53% na sexta-feira, 1º, quando fechou a R$ 5,8694, no segundo maior nível nominal da história, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,47%, cotado a R$ 5,7831, com mínima a R$ 5,7562 pela manhã.O real, que havia apanhado mais que seus pares na semana passada, hoje apresentou o melhor desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, seguido pelo seu principal par, o peso mexicano.Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY recuou, voltando a operar abaixo da linha dos 104,000 pontos. As taxas dos Treasuries caíram em bloco, com a T-note de 10 anos rompendo o piso de 4,30% pela manhã, quando registrou as mínimas da sessão. As commodities metálicas e o petróleo subiram.O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, observa que o real não foi a única moeda emergente a sofrer na sexta-feira, ressaltando que o peso mexicano também enfrentou uma desvalorização acima de 1% em meio à disparada dos juros dos Treasuries no fim da semana passada.Ele nota que hoje há uma reversão do "Trump trade" - aposta na valorização do dólar em relação a outras divisas, em especial emergentes -, com o avanço da candidata democrata, Kamala Harris, nas pesquisas de intenção de voto, na véspera do pleito nos EUA. O candidato republicado, o ex-presidente Donald Trump, tende a adotar medidas protecionistas, o que pode prejudicar moedas emergentes."Os mercados estão desmontando parcialmente as posições agressivas de sexta-feira. No entanto, ainda é incerto quem vencerá a eleição, e o mercado segue oscilando conforme as notícias", afirma Gala.Ao quadro externo mais benigno somaram-se sinais de que o pacote de redução de gastos prometido pelo governo Lula vai sair do papel nos próximos dias. O ministro da Fazenda cancelou a viagem que faria à Europa nesta semana. Parte relevante do estresse no mercado de cambio na sexta-feira havia sido atribuída à percepção de que o périplo de Haddad mostrava falta de senso de urgência do governo em ajustar as contas públicas.Pela manhã, o ministro disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o fim de semana debruçado sobre as medidas fiscais, que podem ser anunciadas nesta semana, dado que "as coisas estão muito adiantadas do ponto de vista técnico". Haddad reuniu-se com Lula hoje à tarde, acompanhado do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e do secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.Pela manhã, o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, afirmou que seria consenso governo a desindexação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e que pode haver um ajuste no abono salarial. Estaria descartada a possibilidade de mudança nas regras de gastos com saúde e educação. Padovani participou de reunião com Durigan, em que foi discutido o tema da revisão de despesas.Para o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, se o governo não promover "um corte robusto" de gastos públicos, de uma faixa entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, além de adotar cláusulas de ajuste nas despesas obrigatórias, o dólar à vista pode ultrapassar o nível de R$ 6,00 nesta semana. "Será preciso avaliar as medidas fiscais para saber se a recuperação do real não será apenas pontual", afirma Velho.Além da eleição presidencial americana e da expectativa para o corte de gastos, investidores aguardam as decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos. A maioria dos economistas projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie uma alta de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic na quarta-feira, 6. Já o Federa Reserve tende a promover novo corte de 0,25 ponto em sua taxa básica na quinta,7.A combinação de aumento da Selic com alívio monetário nos EUA poderia dar, em tese, fôlego ao real, por ampliar o diferencial entre juros interno e externo e, por tabela, aumentar a atratividade das operações de carry trade. Mas a percepção de risco fiscal e as incertezas relacionadas à eleição americana mantêm os investidores na defensiva e desautorizam apostas contundentes a favor da moeda brasileira no curto prazo.
A perspectiva de anúncio iminente de medidas de cortes de gastos pelo governo Lula, após aceno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o desmonte parcial do chamado "Trump trade" abriram espaço para uma forte recuperação do real nesta segunda-feira, 4.

Após subir 1,53% na sexta-feira, 1º, quando fechou a R$ 5,8694, no segundo maior nível nominal da história, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 1,47%, cotado a R$ 5,7831, com mínima a R$ 5,7562 pela manhã.

O real, que havia apanhado mais que seus pares na semana passada, hoje apresentou o melhor desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, seguido pelo seu principal par, o peso mexicano.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY recuou, voltando a operar abaixo da linha dos 104,000 pontos. As taxas dos Treasuries caíram em bloco, com a T-note de 10 anos rompendo o piso de 4,30% pela manhã, quando registrou as mínimas da sessão. As commodities metálicas e o petróleo subiram.

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, observa que o real não foi a única moeda emergente a sofrer na sexta-feira, ressaltando que o peso mexicano também enfrentou uma desvalorização acima de 1% em meio à disparada dos juros dos Treasuries no fim da semana passada.

Ele nota que hoje há uma reversão do "Trump trade" - aposta na valorização do dólar em relação a outras divisas, em especial emergentes -, com o avanço da candidata democrata, Kamala Harris, nas pesquisas de intenção de voto, na véspera do pleito nos EUA. O candidato republicado, o ex-presidente Donald Trump, tende a adotar medidas protecionistas, o que pode prejudicar moedas emergentes.

"Os mercados estão desmontando parcialmente as posições agressivas de sexta-feira. No entanto, ainda é incerto quem vencerá a eleição, e o mercado segue oscilando conforme as notícias", afirma Gala.

Ao quadro externo mais benigno somaram-se sinais de que o pacote de redução de gastos prometido pelo governo Lula vai sair do papel nos próximos dias. O ministro da Fazenda cancelou a viagem que faria à Europa nesta semana. Parte relevante do estresse no mercado de cambio na sexta-feira havia sido atribuída à percepção de que o périplo de Haddad mostrava falta de senso de urgência do governo em ajustar as contas públicas.

Pela manhã, o ministro disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o fim de semana debruçado sobre as medidas fiscais, que podem ser anunciadas nesta semana, dado que "as coisas estão muito adiantadas do ponto de vista técnico". Haddad reuniu-se com Lula hoje à tarde, acompanhado do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e do secretário de Política Econômica, Guilherme Mello.

Pela manhã, o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, afirmou que seria consenso governo a desindexação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e que pode haver um ajuste no abono salarial. Estaria descartada a possibilidade de mudança nas regras de gastos com saúde e educação. Padovani participou de reunião com Durigan, em que foi discutido o tema da revisão de despesas.

Para o economista-chefe da Equador Investimentos, Eduardo Velho, se o governo não promover "um corte robusto" de gastos públicos, de uma faixa entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, além de adotar cláusulas de ajuste nas despesas obrigatórias, o dólar à vista pode ultrapassar o nível de R$ 6,00 nesta semana. "Será preciso avaliar as medidas fiscais para saber se a recuperação do real não será apenas pontual", afirma Velho.

Além da eleição presidencial americana e da expectativa para o corte de gastos, investidores aguardam as decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos. A maioria dos economistas projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie uma alta de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic na quarta-feira, 6. Já o Federa Reserve tende a promover novo corte de 0,25 ponto em sua taxa básica na quinta,7.

A combinação de aumento da Selic com alívio monetário nos EUA poderia dar, em tese, fôlego ao real, por ampliar o diferencial entre juros interno e externo e, por tabela, aumentar a atratividade das operações de carry trade. Mas a percepção de risco fiscal e as incertezas relacionadas à eleição americana mantêm os investidores na defensiva e desautorizam apostas contundentes a favor da moeda brasileira no curto prazo.

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