A crise de talentos e como superar a falta de mão de obra no mercado do Rio Grande do Sul foi tema discutido no Tá na Mesa da Federasul realizado nesta quarta-feira (9) no Palácio do Comércio. Para Oscar Frank, economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)/Porto Alegre, o Rio Grande do Sul tem perdido talentos para outros estados. "Os dados de população são bastante consistentes e mostram que não temos conseguido atrair pessoas para o Estado", destaca. Segundo Frank, uma das causas que explica isso diz respeito ao desequilíbrio de finanças públicas, ou seja, sobra muito pouco recursos financeiros para investir no essencial, principalmente na educação e que acaba atingindo a portanto a falta de trabalhadores qualificados.
O economista aponta também que o Rio Grande do Sul fica muito sensível a questões climáticas. "A irrigação é extremamente necessário de repensarmos e até com urgência. Precisamos criar soluções para não sofrermos tanto com seca e inundações. A infraestrutura do Estado precisa ser repensada por tudo que vivemos com as tragédias climáticas", ressalta. Segundo Frank, o gargalo de mão de obra ganhou relevância a partir da retomada econômica pós-pandemia da Covid-19.
Sobre a educação, Frank explica que o Estado e Porto Alegre tem falhado. "Os últimos resultados tem disso bem decepcionantes e é algo que preocupa principalmente com relação ao futuro já que as pessoas vão ingressar no mercado de trabalho e provavelmente terão dificuldade para exercer suas atividades nas empresas", acrescenta.
Marcelo Menna Barreto, que atua na Área de Novas Conexões da Fundação Projeto Pescar, destaca que é necessário ter um olhar sobre a formação técnica e comportamental. "É importante que a iniciativa privada observe a questão da inclusão de pessoas idosas e também um olhar para uma força de trabalho que não é valorizada que são os jovens", explica. Segundo Barreto, as empresas precisam estar atentas aos jovens em situação de vulnerabilidade social que querem ter uma oportunidade para entrar no mercado de trabalho. "Com os jovens, as empresas precisam trabalhar questões técnicas, mas também as comportamentais como pontualidade, saber trabalhar em equipe e buscar o conhecimento", acrescenta.
Barreto destaca que o projeto Pescar atende jovens entre 16 e 19 anos, cursando a partir do 7º ano do Ensino Fundamental e com renda familiar per capita que não supere 1/2 salário mínimo. "No Pescar, eles desenvolvem habilidades e competências técnicas, sociais e emocionais, chegando com maturidade pessoal e profissional no mundo do trabalho", comenta.
A presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACIE) e conselheira do SOS Habitar Vale do Taquari, Raquel Cadore, destaca que o projeto SOS Habitar Vale do Taquari RS está sendo desenvolvido para manter e atrair mão de obra para a região. A ideia é que o projeto atenda famílias que não são beneficiadas por programas sociais de habitação dos governos municipal, estadual ou federal e de trabalhadores que mantém vínculo empregatício na cidade onde serão feitas as construções. A preferência é por pessoas com carteira assinada, MEI’s e profissionais autônomos vinculados ao INSS que perderam totalmente sua residência ou a mesma foi atingida e interditada pela Defesa Civil.
A ideia, segundo Raquel Cadore, é oferecer moradia e sustentável para quem foi afetado pela tragédia climática de maio. Temos como objetivo mobilizar recursos a nível nacional e internacional, com o intuito de construir residências e fornecer apoio contínuo para garantir a recuperação completa da região do vale do Taquari", explica.