O grupo de trabalho criado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para propor um plano e cronograma de descontinuidade do óleo diesel S500 e do óleo diesel S1800 de uso não rodoviário e sua substituição pelo óleo diesel S10 tem cerca de seis meses para cumprir sua função. O combustível S10 é de menor reflexo ambiental, verificando 10 partes de enxofre por milhão, e o diesel S-500 tem 500 partes por milhão. Já o S1800 tem um impacto ainda maior e é utilizado por equipamentos como locomotivas e máquinas de mineração.
Além de membros da própria ANP, o grupo de trabalho prevê a participação de agentes econômicos, órgãos da administração pública federal ou estadual e de entidades do setor privado. O presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, diz que a instituição gaúcha está aberta para dar suas contribuições.
“Um diesel com menos teor de enxofre interessa todo mundo que está preocupado com a questão ambiental, me parece um caminho irreversível”, comenta o dirigente. No entanto, ele enfatiza que para efetivar essa substituição é necessário que a Petrobras sinalize se terá ou não produção suficiente para atender ao mercado. Dal’Aqua acrescenta que o diesel S10 é mais caro que os outros dois produtos e sua utilização, em maior escala, pode representar mais custos para as empresas de transporte, refletindo no preço do frete rodoviário.
De acordo com dados da Petrobras, no começo de agosto deste ano o litro do diesel S500 produzido na refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, sem tributos, custava cerca de R$ 3,41, contra R$ 3,48 do S10. O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs), Sérgio Gabardo, detalha que, no Brasil, no caso do transporte rodoviário de cargas, são somente os caminhões mais antigos que ainda utilizam o S500. São veículos fabricados antes de 2012.
Sobre modificações feitas no setor, o dirigente faz um alerta sobre medidas que buscam reduzir as emissões de CO2, mas que podem ser prejudiciais ao funcionamento de algumas máquinas e cita nesse contexto o biodiesel. Ele argumenta que o produtor agrícola, por exemplo, vive de safras e assim alguns equipamentos ficam meses parados e o biocombustível nesses tanques, estagnado, ocasionam danos. “Isso acaba com o agricultor, com pequenas empresas de terraplanagem, com quem não usa as máquinas diariamente”, adverte o presidente do Setcergs.