O conselho de administração da Lojas Americanas homologou nesta quinta-feira (25) o aumento de capital da companhia, aprovado em uma assembleia geral extraordinária no dia 21 de maio, com montante total de emissão de R$ 24,46 bilhões, segundo comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No início do ano, já havia sido anunciado no plano um aporte de R$ 12 bilhões dos acionistas de referência, o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Isso inclui dinheiro novo e conversão de empréstimos à varejista. De acordo com fontes, o trio já investiu R$ 2 bilhões via empréstimo DIP (devedor em posse, em tradução livre da sigla em inglês). O plano inicial também previa que os bancos converterão a maior parte da dívida em ações, se tornando sócios da varejista.
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O aumento de capital considera a emissão de cerca de 18 bilhões de ações da companhia a um preço de R$ 1,30. No fim do pregão de hoje, as ações na Bolsa eram vendidas por R$ 0,76. "O capital social da companhia passa a ser de R$ 39.918.251.652,38, representado por 19,718 bilhões de ações ordinárias, todas escriturais nominativas e sem valor nominal, de modo que, considerados os efeitos do grupamento, o capital social passará a ser representado por 197,185 milhões de ações ordinárias", segundo o comunicado. O início da negociação das novas ações emitidas está previsto para sexta-feira (26).
Na assembleia, há três meses, os acionistas da varejista tinham aprovado um valor máximo de aumento de capital de R$ 40,7 bilhões. Na mesma data, acionistas também aprovaram o grupamento das ações ordinárias da empresa na proporção de 100 para 1, de acordo com o documento enviado à CVM, a ser efetivado no dia 26 de agosto. Com o aumento de capital, a recuperação companhia vai caminhando para um desfecho.
Até então, eram 902,5 milhões de ações em negociação. A expectativa é que o percentual nas mãos dos acionistas de referência passe, então, de 30,1% para 49,2%. Os passos seguintes incluem o pagamento aos credores que venderam dívidas com desconto em um leilão em abril, a emissão de debêntures para saldar dívidas anteriores e o pagamento da dívida remanescente.
Pelas regras divulgadas anteriormente pela empresa ao mercado, ainda precisam ser observados eventuais restrições de acordo de "lock-up" — regra que obriga a empresa a ficar com as ações por determinado período. Também segundo a companhia informou, 1.619 novas ações que seriam emitidas a três acionistas que subscreveram papéis no aumento de capital serão canceladas. O valor de R$ 2.104,70 integralizado por eles será devolvido na próxima segunda-feira, dia 29 de julho.
No último dia 16, a companhia informou que uma investigação do comitê independente confirmou a fraude contábil que responsável por inconsistências no balanço patrimonial. Essas inconsistências levaram ao pedido de recuperação judicial da empresa em janeiro de 2023.
"Essas conclusões seriam caracterizadas, principalmente, por lançamentos indevidos na conta Fornecedores, por meio de contratos fictícios de VPC [verbas de propaganda cooperada] e por operações financeiras conhecidas como 'risco sacado', dentre outras operações fraudulentas e incorretamente refletidas no balanço", escreveu. As conclusões do comitê independente ainda não foram repassadas pela companhia às autoridades.
Folhapress