A varejista Americanas, em recuperação judicial, anunciou nesta terça-feira (2) o fim dos sites Submarino e Shoptime, que faziam parte do grupo. Segundo a empresa, a base de clientes e o estoque dos sites serão incorporados à Americanas.com.
"Americanas informa que a integração dos sites e apps do Shoptime e do Submarino tem como objetivo fortalecer o digital da companhia a partir da marca Americanas. A decisão contemplou o alinhamento com a nova estratégia de negócios, que foca em uma operação mais ágil, rentável e eficiente para oferecer uma experiência de compra ainda mais completa", informou a empresa, em comunicado.
"Submarino e Shoptime foram marcas muito importantes na história do comércio eletrônico no Brasil e, no caso do Shoptime, também na história da venda direta", diz o consultor Alberto Serrentino, sócio da Varese Retail. "O Submarino foi, por sinal, o grande rival da Americanas na primeira metade dos anos 2000."
O Submarino surgiu em 1999, a partir da associação entre os empresários Antônio Bonchristiano, Marcelo Ballona e Flávio Jansen, que compraram uma das primeiras e maiores livrarias virtuais da época, a Booknet, que já tinha 50 mil clientes cadastrados. O fundo GP Investimentos apoiou a criação da empresa, que também lançou operações na Argentina, México e Espanha. No início, eram livros, CDs e brinquedos.
Em dezembro de 2006, anunciou a fusão com a Americanas.com, criando a líder no segmento de vendas on-line no mercado brasileiro. As empresas estavam sob a gestão da B2W, companhia que concentrou os ativos digitais do grupo Americanas e foi comandada por Anna Christina Saicali, executiva envolvida na fraude contábil da marca.
Já o Shoptime nasceu em 1995, inspirado no canal americano Home Shopping Network, com a proposta de unir venda de produtos a entretenimento. A dona era a antiga operadora Globosat, que pertenceu à Globo. No começo, vendia seus produtos só pela televisão, por meio de um catálogo. Em 1997, ingressou no comércio eletrônico, com a oferta de produtos de cuidados pessoais, utilidades domésticas, cama, mesa e banho, informática, lazer, jogos e eletrônicos.
Foi comprado pela Americanas em agosto de 2005 e, assim como o Submarino, passou a integrar a B2W. No começo de 2022, os sites do grupo foram alvo de um ataque hacker, que gerou prejuízos da ordem de R$ 100 milhões ao dia à empresa.
Crise
Desde que vieram à tona as fraudes contábeis de R$ 25,2 bilhões nos balanços da companhia, a empresa entrou em recuperação judicial com dívidas de mais de R$ 42 bilhões. Os balanços da varejista foram fraudados até o terceiro trimestre de 2022, para inflar os resultados, uma prática adotada pela antiga diretoria, então capitaneada pelo CEO Miguel Gutierrez.
A Americanas segue em situação delicada. Na reapresentação do balanço de 2022, em novembro do ano passado, já sob nova administração, a empresa apresentou prejuízo de R$ 12,9 bilhões, uma alta de 108% em relação às perdas de R$ 6,2 bilhões registradas em 2021. O último balanço divulgado da companhia, referente aos nove primeiros meses de 2023, apontam prejuízo de R$ 4,6 bilhões no período.
Folhapress