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Publicada em 09 de Abril de 2024 às 15:57

Projeto prevê uso do carvão gaúcho na indústria siderúrgica

Iniciativa foi apresentada por investidores ao governador Eduardo Leite, no Palácio Piratini

Iniciativa foi apresentada por investidores ao governador Eduardo Leite, no Palácio Piratini

Gustavo Mansur/Secom/Palácio Piratini/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
Em linha com as ações que buscam novos aproveitamentos para o carvão, além da geração termelétrica que tem como impacto a significativa emissão de CO2, a empresa brasileira Vamtec e a alemã ICMD pretendem construir uma unidade para produção de uma liga metálica Ferro Silício Alumínio (FeSIAI), no município gaúcho de Candiota. O empreendimento, voltado a atender ao setor siderúrgico, será dividido em duas etapas, sendo que a primeira deve representar um aporte de R$ 420 milhões e a segunda deverá absorver mais R$ 300 milhões.
Em linha com as ações que buscam novos aproveitamentos para o carvão, além da geração termelétrica que tem como impacto a significativa emissão de CO2, a empresa brasileira Vamtec e a alemã ICMD pretendem construir uma unidade para produção de uma liga metálica Ferro Silício Alumínio (FeSIAI), no município gaúcho de Candiota. O empreendimento, voltado a atender ao setor siderúrgico, será dividido em duas etapas, sendo que a primeira deve representar um aporte de R$ 420 milhões e a segunda deverá absorver mais R$ 300 milhões.
O material é utilizado na desoxidação do aço dentro do processo siderúrgico, detalha o CEO do Vamtec Group, José Varella. “As cinzas de carvão possuem sílica e alumínio, então eles passam a ser matéria-prima para o projeto”, comenta o executivo. Para chegar ao produto final, ainda é necessário submeter a ação a um procedimento eletrointensivo.
De acordo com Varella, a planta a ser instalada no Rio Grande do Sul tem previsão para uma capacidade de fabricação de 36 mil toneladas ao ano dessa liga e o Brasil, informa o executivo, tem potencial para um consumo de 170 mil toneladas anuais. Na fase inicial do projeto no Estado, será demandada cerca de 150 mil toneladas por ano de carvão. Na etapa posterior, serão dobrados os números, com uma produção de 72 mil toneladas de liga e 300 mil toneladas de carvão consumidas anualmente.
O dirigente ressalta que essa atividade já é feita no Cazaquistão e a tecnologia foi adquirida pela sócia da Vamtec no empreendimento gaúcho, a ICMD. Quanto a postos de trabalho, Varella calcula que serão gerados em torno de 1 mil empregos nas obras de implantação da unidade, que está prevista para operar em 2027. No entanto, o cumprimento dessa meta ainda dependerá da obtenção da licença ambiental.
Durante a apresentação da iniciativa ao governador Eduardo Leite, feita por empresários e políticos nesta terça-feira (9), no Palácio Piratini, o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador (MDB), sugeriu a possibilidade de avaliar se o licenciamento pode ser feito através de um Relatório Ambiental Simplificado (RAS), em vez da necessidade da elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (Eia/Rima), o que permitiria agilizar o procedimento.
Por sua vez, o governador Eduardo Leite enfatizou que complexos com investimentos dessa magnitude sempre são bem-vindos. Ele salienta que é importante utilizar a matéria-prima disponível na região, com responsabilidade ambiental, para propiciar uma oportunidade de geração de emprego e renda. Quanto ao licenciamento ambiental, Leite defende que é preciso ter uma atenção criteriosa, responsável e célere. “A emissão de uma licença não é apenas a assinatura de um pedaço de papel”, assinala o governador.
Para o vice-prefeito de Candiota, Paulinho Brum (PSDB), o projeto anunciado no Palácio Piratini “dá o pontapé inicial para a transição energética”. Ele frisa que é uma iniciativa com emissões de gases de impacto ambiental quase nulas. Brum recorda que uma preocupação muito grande da comunidade local é que, eventualmente, as termelétricas a carvão que se encontram no município parem de operar, fechando os postos de trabalho e diminuindo a renda local. Dentro desse cenário, é importante diversificar as atividades desenvolvidas na região carbonífera.
Para o empreendimento da Vamtec e da ICMD, batizado de Projeto Ferroligas Candiota, o fornecedor do carvão para alimentar a planta ainda não está definido. Entre as possíveis empresas que poderão atender à demanda que será apresentada estão a Copelmi e a CRM. A localização do novo complexo será próxima do lugar onde está operando a termelétrica Candiota 3.

Vamtec também quer fabricar metanol na região carbonífera

Além do Projeto Ferroligas, a Vamtec possui outro empreendimento a ser desenvolvido em Candiota, esse com a parceria da chinesa Cncec. O CEO do Vamtec Group, José Varella, lembra que essa proposta vem sendo discutida há alguns anos. “E agora está maduro o suficiente para assinar um compromisso com eles (chineses)”, afirma. A ideia é, a partir da gaseificação do carvão gaúcho, chegar a outros produtos, como o metanol usado pela indústria do biodiesel.
Com a perspectiva de aumento da mistura do biodiesel na fórmula do diesel, o CEO do Vamtec Group diz que foi decidido elevar a previsão da capacidade da fábrica de metanol de 200 mil toneladas ao ano para 300 mil toneladas anuais. Nesse empreendimento, a estimativa é de um investimento em torno de R$ 4 bilhões. O projeto tem a perspectiva de um consumo de carvão na ordem de 2 milhões de toneladas ao ano.

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