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Publicada em 01 de Abril de 2024 às 16:51

Governo precisará de esforço adicional de 1% do PIB para alcançar meta em 2025

O ministro da Fazenda já deu uma sinalização de que o problema está no radar da equipe

O ministro da Fazenda já deu uma sinalização de que o problema está no radar da equipe

Paulo Pinto/Agência Brasil/JC
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Folhapress
As medidas de arrecadação já implementadas até agora pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) serão insuficientes para garantir o alcance da meta fiscal almejada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) em 2025.
As medidas de arrecadação já implementadas até agora pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) serão insuficientes para garantir o alcance da meta fiscal almejada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda) em 2025.
O Tesouro Nacional estimou em seu relatório de projeções fiscais a necessidade de um esforço adicional equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) para chegar ao superávit de 0,5% do PIB prometido para o ano que vem.
Isso significaria uma arrecadação extra de R$ 123,9 bilhões, considerando a projeção da Secretaria de Política Econômica (SPE) para o PIB nominal de 2025. Se o valor não for atingido, parte do esforço poderia ser cumprido por meio do congelamento de despesas (via contingenciamento).
Sem novas medidas, o Tesouro projeta um déficit de 0,5% do PIB no ano que vem, cenário que iria na contramão do desejo da equipe econômica de exibir uma melhora gradual e contínua nas contas públicas.
Para este ano, o alvo central é o déficit zero, e a avaliação mais recente do Orçamento indica um resultado negativo em 0,1% do PIB - dentro da margem de tolerância da meta fiscal, que é de 0,25 ponto percentual para mais ou menos.
A principal explicação para o buraco nas contas de 2025 vem da natureza das medidas de receita aprovadas até aqui. Boa parte delas está calcada em uma fonte extraordinária de recursos, de fôlego curto e sem garantia de sustentação para os anos seguintes.
Encaixa-se nesse perfil a tributação do estoque dos fundos em paraísos fiscais (offshore) e dos super-ricos. Uma vez recolhido o imposto sobre os rendimentos passados, o que ocorrerá em 2024, o governo contará apenas com o fluxo futuro dessas receitas -num volume bem menor do que os R$ 19 bilhões projetados para este ano.
Outras receitas extraordinárias virão do repasse de depósitos judiciais da Caixa que foram indevidamente represados pelo banco, da repactuação de contratos de ferrovias e de parte dos acordos tributários para encerrar disputas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
O diagnóstico do Tesouro é uma fotografia das contas públicas considerando a legislação atual. Não significa que o governo não lançará mão de outras iniciativas para continuar elevando a arrecadação, inclusive com novas receitas extraordinárias. Se a atividade econômica melhorar, isso também pode contribuir para cobrir o buraco. O relatório, porém, serve como uma espécie de alerta para o próprio governo de que a manutenção da melhora fiscal demanda mais esforços.
O ministro da Fazenda já deu uma sinalização de que o problema está no radar da equipe. Em entrevista à CNN Brasil na última terça-feira (26), Haddad disse que chegar ao superávit de 0,5% do PIB no ano que vem vai depender do Congresso Nacional.
"A pedido do presidente (do Senado, Rodrigo) Pacheco (PSD-MG) e do presidente (da Câmara, Arthur) Lira (PP-AL), projetos de lei foram apresentados para chegarmos a uma equação. Isso vai definir o futuro da trajetória (das contas). O que estou querendo dizer é que vamos ao longo dos próximos dias definir com o Congresso Nacional o andar da carruagem, como vamos definir a trajetória daqui para frente", disse na ocasião.

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