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Publicada em 25 de Fevereiro de 2024 às 14:40

Petrobras medirá ventos antes de perfurar poços na costa gaúcha

Já estão sendo feitas aferições em outros locais do País, disse Prates

Já estão sendo feitas aferições em outros locais do País, disse Prates

Crédito Rafael Pereira/Agência Petrobras/JC
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Jefferson Klein
Jefferson Klein Repórter
*do Rio de Janeiro
*do Rio de Janeiro
A Petrobras pretende, futuramente, desenvolver no mar do Rio Grande do Sul a exploração de petróleo e gás e a geração eólica offshore (em água). Uma ação até contribui com a outra no momento de levantamento de dados, mas quanto a dois importantes passos para essas atividades serem concretizadas, a perfuração de poços para a prospecção de óleo e a medição do potencial de ventos para a produção de energia renovável, essa última medida sairá na frente.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, comenta que, na busca pelo petróleo na Bacia de Pelotas (área que engloba toda a costa gaúcha, indo do Sul de Santa Catarina até a fronteira com o Uruguai), primeiro serão executadas outras iniciativas e depois os poços. “Ainda vai ter dois a três anos de sísmica (levantamento de dados, como se fosse uma ultrassonografia) para investigar se há reservatórios (de petróleo ou gás)”, ressalta o executivo. Já sobre a aferição de ventos na costa gaúcha, Prates é enfático: “essa vem antes”. Ele recorda que a empresa já tem feito medições em outras regiões do País.
No final do ano passado, Petrobras, Shell Brasil, TotalEnergies, CNPC e CNOOC e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) iniciaram uma série de avaliações eólicas em alto-mar, na área do pré-sal. A coleta dos primeiros dados acontece no Campo de Búzios, na Bacia de Santos e, em 2024, será ampliada para o Campo de Mero. A perspectiva é que, quando a iniciativa chegar na costa gaúcha, a medida também contará com a participação da Ufrgs.
Em setembro de 2023, a Petrobras anunciou que havia encaminhado ao Ibama a solicitação de licenciamento ambiental de 10 espaços no mar brasileiro destinados ao desenvolvimento de projetos de energia eólica offshore. Desse total, uma área encontra-se no Rio Grande do Sul, sete no Nordeste (três no Rio Grande do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão) e duas no Sudeste (uma no Rio de Janeiro e outra no Espírito Santo).
Somados, os empreendimentos têm uma potência instalada de 23 mil MW. O complexo no litoral gaúcho está previsto para ser implementado na região do município de Mostardas e terá uma capacidade de 3,5 mil MW, com a instalação de 195 aerogeradores. Esse volume de energia representa quase o dobro da potência instalada de geração eólica onshore (em terra) no Estado hoje, que é de cerca de 1,8 mil MW. A valores atuais de mercado, a estimativa é que a usina offshore da Petrobras no Rio Grande do Sul representaria um aporte de aproximadamente R$ 35 bilhões.
Já quanto à Bacia de Pelotas, a estatal, assim como Chevron Brasil Óleo, Shell Brasil e CNOOC Petroleum, foi uma das empresas que arremataram 44 blocos dessa área em leilão realizado pela Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP) no dia 13 de dezembro do ano passado. Como contrapartida do resultado do certame, essas companhias precisarão investir pelo menos cerca de R$ 1,5 bilhão para procurar a presença de petróleo na região (que até hoje não foi encontrado).

Lula ressalta importância de investimentos da estatal em pesquisas

As iniciativas nos setores de petróleo e gás e de geração eólica offshore no Rio Grande do Sul foram abordadas pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, durante a apresentação da Seleção Pública Petrobras Cultural-Novos Eixos, que prevê um desembolso de R$ 250 milhões por parte da companhia para incentivar as práticas culturais no Brasil. O evento foi realizado na sexta-feira (23), no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, e contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Na ocasião, Lula também destacou a relevância de uma estatal com capacidade de investimento nos mais diversos segmentos.
O presidente lembrou que não foi por acaso que o Brasil descobriu o pré-sal. “Não era sorte, é porque nós tínhamos aumentado em dez vezes o investimento em pesquisas da Petrobras”, afirmou Lula. De acordo com ele, recentemente, houve uma tentativa de abortar a Petrobras. O dirigente frisou que, como não foi possível privatizá-la inteira, porque o assunto teria que passar pelo Congresso Nacional, foi adotada a estratégia de vender ativos individualmente (como ocorreu no governo anterior, com a alienação da Refinaria Landulpho Alves - RLAM, em São Francisco do Conde, na Bahia).
Para Lula, uma empresa como a Petrobras precisa investir em ações almejadas pela população e citou o exemplo da recém divulgada seleção pública da companhia. “Cultura pode não interessar a um ditador, pode não interessar a um negacionista, mas cultura simplesmente interessa ao povo tanto quanto um prato de comida”, defendeu o presidente da República.

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