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Publicada em 10 de Fevereiro de 2024 às 14:54

Sob pressão, conselho da Vale deve decidir sobre futuro presidente após o Carnaval

Sucessão no comando da Vale foi alvo de pressões do presidente Lula, que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no cargo

Sucessão no comando da Vale foi alvo de pressões do presidente Lula, que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no cargo

WILTON JUNIOR/AE/JC
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Folhapress
O conselho de administração da Vale vai discutir a sucessão no comando da companhia logo após o Carnaval. A expectativa é que a reunião ocorra na quinta-feira (16), em busca de um ponto final nas indefinições que vêm impactando a percepção do mercado sobre a mineradora.
O conselho de administração da Vale vai discutir a sucessão no comando da companhia logo após o Carnaval. A expectativa é que a reunião ocorra na quinta-feira (16), em busca de um ponto final nas indefinições que vêm impactando a percepção do mercado sobre a mineradora.
Pessoas que acompanham as discussões confirmaram ao jornal Folha de S. Paulo que se consolidou a percepção de que a companhia "está sangrando" com a indefinição sobre o futuro do atual presidente, Eduardo Bartolomeo. Cotadas a R$ 65,92 nesta sexta-feira (9), as ações da empresa já acumulam queda de 14,62% neste ano.
A sucessão no comando da Vale foi alvo de pressões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no cargo, mas desistiu após ouvir que o nome não teria votos suficientes.
O conselho ainda está muito dividido sobre a questão. Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, e Bradespar, empresa de investimentos e participações do Bradesco, defendem uma renovação no comando após cinco anos com Bartolomeo na presidência.
A Cosan insiste na permanência do executivo e buscou apoio da japonesa Mitsui e de grandes investidores estrangeiros. O mandato de Bartolomeo vence em maio e, caso o conselho opte por sua saída, a empresa elegerá novo nome com base em uma lista de indicações de consultoria especializada.
Em paralelo à discussão da sucessão, a Cosan tenta fechar acordo com a Vale em torno da construção do porto de São Luís, no Maranhão.
O projeto prevê que o terminal vai ficar a seis quilômetros da EFC (Estrada de Ferro Carajás) e terá capacidade para movimentar mais de 100 milhões de toneladas ao ano. A construção é onerosa, e a Cosan busca sociedade com a Vale para tirar o projeto do papel.
Pela proposta original, a Vale faria a aquisição de 100% das ações ordinárias do Porto de São Luiz, hoje detidas pela Cosan, pelo valor de R$ 1,075 bilhão. A deliberação sobre aquisição do porto chegou a ser incluída na pauta da última reunião do conselho, mas depois foi retirada.
Segundo a Folha de S.Paulo apurou, nesses casos, como há conflito de interesse, a Cosan fica impedida de votar.
Sócia relevante da Vale desde outubro de 2022, com quase 5% de participação, a Cosan vinha tentando emplacar seu ex-presidente Luiz Henrique Guimarães no comando da mineradora. O controlador da companhia, Rubens Ometto, chegou a tentar negociar com Lula, mas não obteve sucesso.
Na sexta-feira passada (2), o conselho de administração da Vale recebeu relatório de comitê interno sobre a gestão de Bartolomeo, que concluiu recomendando a avaliação de uma lista de candidatos para sua sucessão.
O relatório apontou que Bartolomeo seria forte candidato para se manter no posto. Mas o comitê entende como necessária uma perspectiva mais ampla, diante da diversidade de opiniões e pontos de vista do conselho de administração.
Internamente, circulam entre possíveis candidatos os nomes do ex-presidente da mineradora Murilo Ferreira, do ex-presidente da Cosan Luiz Henrique Guimarães e do vice-presidente financeiro da companhia, Gustavo Pimenta.
Procuradas pela Folha, a assessoria da Vale respondeu que não comentaria, e a da Cosan não se manifestou até a publicação deste texto.

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