A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou integralmente a compra pela Nestlé das marcas de chocolate brasileiras Kopenhagen, Cacau Brasil e Kop Koffee, todas do grupo CRM.
A decisão foi tomada cerca de cinco meses após o anúncio do negócio e anunciada nesta sexta-feira (9). O órgão de regulação da concorrência não impôs restrições.
"Há elementos suficientes para afastar a possibilidade de exercício de poder de mercado pela Nestlé após a operação nos cinco mercados relevantes com sobreposição horizontal e concluiu que as empresas não teriam capacidade ou incentivos para fechar quaisquer dos mercados verticalmente relacionados, de modo que a operação não suscita preocupações concorrenciais", afirmou o Cade.
"Se o tribunal do Cade não avocar o ato de concentração para análise ou não houver interposição de recurso de terceiros interessados, no prazo de 15 dias, a decisão da Superintendência-Geral terá caráter terminativo e a operação estará aprovada em definitivo pelo órgão", afirmou.
A aquisição foi anunciada em 7 de setembro de 2023. As empresas eram controladas pela gestora americana Advent International desde 2020. A expectativa é que o negócio com a multinacional suíça seja concluído neste ano.
A transação, cujo valor não foi anunciado, dará à Nestlé o controle acionário das companhias e inserirá a multinacional no segmento de rede de lojas de chocolates e café.
Juntas, Kopenhagen, Kop Koffee e Brasil Cacau têm mais de mil lojas no Brasil e figuram entre as maiores franqueadoras do país. São 2.000 funcionários - as marcas compartilham cerca de 95% dos empregados.
Renata Moraes Vichi continuará à frente da operação do grupo brasileiro, como acionista e CEO.
"Entendemos que temos uma grande oportunidade de acelerarmos segmentos de maior valor agregado, fortalecendo ainda mais a categoria de chocolates no Brasil", afirmou Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, em nota divulgada na época do anúncio da aquisição.
"Entendemos que temos uma grande oportunidade de acelerarmos segmentos de maior valor agregado, fortalecendo ainda mais a categoria de chocolates no Brasil", afirmou Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, em nota divulgada na época do anúncio da aquisição.
De acordo com as empresas, o negócio permitirá oportunidades em inovação, digitalização, exploração de novas categorias e canais, além de ampliar iniciativas de sustentabilidade.
"Partimos de um grupo familiar que sempre teve uma governança robusta, com uma cultura forte e propulsora, na qual a preservação dos territórios de cada marca e seus movimentos sempre foi prioridade", disse Vichi, na nota, em setembro.
A Kopenhagen foi fundada em 1928 pelo casal de imigrantes da Letônia Anna e David Kopenhagen. Em 1996, houve troca de controle e a empresa foi adquirida pelo grupo CRM.
O faturamento esperado para o grupo em 2023 é de R$ 1,7 bilhão. A Folha de S.Paulo apurou que o plano é triplicar o número de lojas até 2026, chegando a 3.000 unidades no país, com expansão da Kopenhagen, Brasil Cacau e Kop Koffee.
Recentemente, a Nestlé anunciou um aumento de investimento no Brasil no total de R$ 2,7 bilhões até 2026. O intuito, segundo a companhia, é expandir no país as suas fábricas de chocolates e biscoitos, que correspondem a uma fatia relevante da empresa.
Rapidez na aprovação contrasta com compra da Garoto
Enquanto a aprovação da aquisição da Kopenhagen durou apenas cinco meses, outro negócio da Nestlé demorou mais de 20 anos para receber a aprovação do Cade.
Trata-se da compra da Garoto, que foi autorizada três meses antes do anúncio de aquisição da Kopenhagen e da Cacau Brasil. Uma briga judicial envolvendo a compra da Garoto se arrastava desde 2004.
A transação, que somava R$ 1 bilhão, foi anunciada em fevereiro de 2002, mas vetada pelo Cade dois anos depois, uma vez que as empresas teriam juntas quase 60% do mercado de chocolates no Brasil.
A multinacional suíça recorreu à Justiça. Hoje, Nestlé e Garoto já não dominam o setor como antes.
Um dos termos do acordo que encerrou a briga judicial estabelecia que a Nestlé se comprometia a não adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.
Na nota publicada pelo Cade nesta sexta-feira, o órgão disse que a operação com a Kopenhagen está dentro desse limite estabelecido para a Nestlé.
RAIO-X | KOPENHAGEN
A multinacional suíça recorreu à Justiça. Hoje, Nestlé e Garoto já não dominam o setor como antes.
Um dos termos do acordo que encerrou a briga judicial estabelecia que a Nestlé se comprometia a não adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.
Na nota publicada pelo Cade nesta sexta-feira, o órgão disse que a operação com a Kopenhagen está dentro desse limite estabelecido para a Nestlé.
RAIO-X | KOPENHAGEN
Fundação: 1928
Lojas: 760
Funcionários: 2 mil (compartilhados com Brasil Cacau e Kop Koffee)
Principais concorrentes: Cacau Show
RAIO-X | NESTLÉ BRASIL
Fundação: 1921
Funcionários: 30 mil
Principais marcas concorrentes: Lacta, Arcor, Hershey, Mondelez
Folhapress