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Publicada em 10 de Fevereiro de 2024 às 11:45

Superintendência-Geral do Cade aprova compra da Kopenhagen pela Nestlé

Faturamento esperado da Kopenhagen em 2023 é de R$ 1,7 bilhão

Faturamento esperado da Kopenhagen em 2023 é de R$ 1,7 bilhão

BARRA SHOPPING/DIVULGAÇÃO/JC
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Folhapress
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou integralmente a compra pela Nestlé das marcas de chocolate brasileiras Kopenhagen, Cacau Brasil e Kop Koffee, todas do grupo CRM.
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou integralmente a compra pela Nestlé das marcas de chocolate brasileiras Kopenhagen, Cacau Brasil e Kop Koffee, todas do grupo CRM.
A decisão foi tomada cerca de cinco meses após o anúncio do negócio e anunciada nesta sexta-feira (9). O órgão de regulação da concorrência não impôs restrições.
"Há elementos suficientes para afastar a possibilidade de exercício de poder de mercado pela Nestlé após a operação nos cinco mercados relevantes com sobreposição horizontal e concluiu que as empresas não teriam capacidade ou incentivos para fechar quaisquer dos mercados verticalmente relacionados, de modo que a operação não suscita preocupações concorrenciais", afirmou o Cade.
"Se o tribunal do Cade não avocar o ato de concentração para análise ou não houver interposição de recurso de terceiros interessados, no prazo de 15 dias, a decisão da Superintendência-Geral terá caráter terminativo e a operação estará aprovada em definitivo pelo órgão", afirmou.
A aquisição foi anunciada em 7 de setembro de 2023. As empresas eram controladas pela gestora americana Advent International desde 2020. A expectativa é que o negócio com a multinacional suíça seja concluído neste ano.
A transação, cujo valor não foi anunciado, dará à Nestlé o controle acionário das companhias e inserirá a multinacional no segmento de rede de lojas de chocolates e café.
Juntas, Kopenhagen, Kop Koffee e Brasil Cacau têm mais de mil lojas no Brasil e figuram entre as maiores franqueadoras do país. São 2.000 funcionários - as marcas compartilham cerca de 95% dos empregados.
Renata Moraes Vichi continuará à frente da operação do grupo brasileiro, como acionista e CEO.
"Entendemos que temos uma grande oportunidade de acelerarmos segmentos de maior valor agregado, fortalecendo ainda mais a categoria de chocolates no Brasil", afirmou Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, em nota divulgada na época do anúncio da aquisição.
De acordo com as empresas, o negócio permitirá oportunidades em inovação, digitalização, exploração de novas categorias e canais, além de ampliar iniciativas de sustentabilidade.
"Partimos de um grupo familiar que sempre teve uma governança robusta, com uma cultura forte e propulsora, na qual a preservação dos territórios de cada marca e seus movimentos sempre foi prioridade", disse Vichi, na nota, em setembro.
A Kopenhagen foi fundada em 1928 pelo casal de imigrantes da Letônia Anna e David Kopenhagen. Em 1996, houve troca de controle e a empresa foi adquirida pelo grupo CRM.
O faturamento esperado para o grupo em 2023 é de R$ 1,7 bilhão. A Folha de S.Paulo apurou que o plano é triplicar o número de lojas até 2026, chegando a 3.000 unidades no país, com expansão da Kopenhagen, Brasil Cacau e Kop Koffee.
Recentemente, a Nestlé anunciou um aumento de investimento no Brasil no total de R$ 2,7 bilhões até 2026. O intuito, segundo a companhia, é expandir no país as suas fábricas de chocolates e biscoitos, que correspondem a uma fatia relevante da empresa.

Rapidez na aprovação contrasta com compra da Garoto

Enquanto a aprovação da aquisição da Kopenhagen durou apenas cinco meses, outro negócio da Nestlé demorou mais de 20 anos para receber a aprovação do Cade.
Trata-se da compra da Garoto, que foi autorizada três meses antes do anúncio de aquisição da Kopenhagen e da Cacau Brasil. Uma briga judicial envolvendo a compra da Garoto se arrastava desde 2004.
A transação, que somava R$ 1 bilhão, foi anunciada em fevereiro de 2002, mas vetada pelo Cade dois anos depois, uma vez que as empresas teriam juntas quase 60% do mercado de chocolates no Brasil.
A multinacional suíça recorreu à Justiça. Hoje, Nestlé e Garoto já não dominam o setor como antes.
Um dos termos do acordo que encerrou a briga judicial estabelecia que a Nestlé se comprometia a não adquirir ativos que representassem pelo menos 5% do mercado de chocolates no Brasil por cinco anos.
Na nota publicada pelo Cade nesta sexta-feira, o órgão disse que a operação com a Kopenhagen está dentro desse limite estabelecido para a Nestlé.

RAIO-X | KOPENHAGEN
Fundação: 1928
Lojas: 760
Funcionários: 2 mil (compartilhados com Brasil Cacau e Kop Koffee)
Principais concorrentes: Cacau Show

RAIO-X | NESTLÉ BRASIL
Fundação: 1921
Funcionários: 30 mil
Principais marcas concorrentes: Lacta, Arcor, Hershey, Mondelez

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