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Publicada em 15 de Janeiro de 2024 às 17:14

Brasil fica fora do top 10 de países estratégicos para CEOs pela primeira vez em dez anos

Estudo foi apresentado durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos

Estudo foi apresentado durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial em Davos

Fabrice COFFRINI/AFP/JC
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Folhapress
O otimismo em relação às economias locais e global cresceu entre os altos executivos de multinacionais desde o ano passado, mas, pela primeira vez em dez anos, o Brasil não aparece entre os dez principais mercados considerados estratégicos para o empresariado mundial, mostra levantamento da PwC.
O otimismo em relação às economias locais e global cresceu entre os altos executivos de multinacionais desde o ano passado, mas, pela primeira vez em dez anos, o Brasil não aparece entre os dez principais mercados considerados estratégicos para o empresariado mundial, mostra levantamento da PwC.
Na 27ª edição da CEO Survey, feita anualmente pela consultoria internacional e lançada nesta segunda-feira (15) em Davos, na abertura da reunião anual do Fórum Econômico Mundial, o País aparece na 14ª posição do ranking de mercados cruciais para a expansão dos negócios no próximo ano.
O sócio-presidente da PwC Brasil, Marco Castro, atribui o movimento a uma recalibragem do foco das empresas para os mercados internos, além da atratividade dos retornos nos Estados Unidos dados os juros mais altos do que de costume.
Pesam ainda as crises na região, com destaque para a argentina, e o ônus de fazer negócios no País, apesar do efeito positivo das reformas econômicas em curso e da promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de manter as contas nos trilhos.
"A gente já esteve muito mais próximo das luzes da ribalta do que a estamos nesse momento", diz. Em 2023, o País era o 10º, e em 2014, o 4º. Foram entrevistados para o relatório cerca de 4.700 líderes empresariais pelo mundo, incluindo no Brasil.
Quando os presidentes-executivos são indagados sobre quais mercados externos são mais importantes para a perspectiva de crescimento de seu negócio, os Estados Unidos continuam no topo da lista, mas ante um cenário econômico relativamente acanhado e alguns solavancos geopolíticos, perderam pontos em relação à China, segunda colocada.
A diferença de menções entre os dois, que no ano passado foi de 17 pontos percentuais, agora é de oito pontos. Alemanha, Reino Unido e Índia surgem na sequência.
Esse reposicionamento ocorre em meio a uma contínua reorganização da cadeia de produção e consumo global, em razão das guerras, rápidas mudanças tecnológicas, eventos climáticos e atritos políticos e comerciais.

Tecnologia e mudanças terão mais impactos 

Os executivos avaliam que tecnologia, mudanças climáticas e outras megatendências que afetam os negócios no mundo devem exercer mais pressão nos próximos três anos do que nos cinco anteriores.
As expectativas melhoraram um pouco em relação à economia global. Não que sejam otimistas: 36% no Brasil e 38% no mundo esperam aceleração nos próximos 12 meses (ante 17% e 18%, respectivamente), e, embora os que prevejam desaceleração tenham caído de 73%, nos dois casos, para 39% no Brasil e 45% no mundo, eles ainda são mais numerosos.
"A gente viveu o ano passado assombrado por inflação e juros altos. Parece que chegou no topo e agora é uma descida. O problema é a velocidade, até porque as economias precisam se reposicionar em relação a isso", diz Castro à Folha de S.Paulo. "As empresas estão sufocadas, precisam renovar empréstimos, operações, captações."
Assim, continua a ser lúgubre a perspectiva dos CEOs. Para 39% no mundo (33% no Brasil), as empresas que dirigem serão economicamente inviáveis em dez anos. Se a pergunta inclui a manutenção do atual modelo de negócios, esses índices sobem para 41% no Brasil e 45% no mundo - aumentos de, respectivamente, oito e seis pontos percentuais.
Em relação a seu próprio mercado, a visão dos brasileiros é mais positiva do que a média global (55% anteveem aceleração, 11 pontos a mais do que o índice mundial). O Brasil só perde em otimismo para Índia (86%) e China (55%), países com imensos mercados internos em rápida transição.
O relatório deixa evidente a necessidade de redesenhar fluxos de trabalho ante a crise dos atuais modelos de gestão, acelerada pelas mudanças ao longo de três anos de pandemia e pelo avanço de novos tecnologias, como a IA generativa. A mudança tecnológica é considerada a de maior impacto, com menções por 56% dos respondentes (72% no Brasil).
"Há incômodo crescente de tarefas e processos de baixo valor agregado", afirma Castro. "Por mais que tenhamos agregado tecnologia, investido, equipado todos e aprendido, inclusive durante a pandemia, que deu uma certa agilidade em uma série de processos, a gente ainda está se afogando no meio de respostas de e-mails e reuniões improdutivas. 

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