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Publicada em 01 de Dezembro de 2023 às 19:52

Dólar cai 0,70% e fecha na casa de R$ 4,88 com exterior após fala de Powell

"Tivemos uma mudança estrutural de cenário em novembro com dados mais amenos de inflação nos EUA", diz Eduardo Velho

"Tivemos uma mudança estrutural de cenário em novembro com dados mais amenos de inflação nos EUA", diz Eduardo Velho

Arte/JC
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Agência Estado
Após trocas de sinal pela manhã, o dólar à vista se firmou em baixa e renovou mínima à tarde em meio ao movimento global de desvalorização da moeda americana e à queda das taxas dos Treasuries. Declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo "pouso suave" da economia dos EUA e cautela na condução da política monetária deram fôlego renovado a divisas emergentes. Uma vez eliminada a perspectiva de alta adicional de juros pelo Fed neste ano, ganha força a especulação em torno do início de processo de cortes, com apostas cada vez mais voltadas para março de 2024.Com mínima a R$ 4,8689, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 1º, em baixa de 0,70%, cotado a R$ 4,8807. Na semana, a moeda recua 0,36%. Pela manhã, a divisa chegou a esboçar um movimento de alta e correu até máxima a R$ 4,9369, movimento atribuído a ajuste de posições no mercado futuro e a remessas para fora do país típicas de fim de ano. No acumulado de 2023, o dólar apresenta desvalorização de 7,56%.O presidente do BC americano disse que o comitê de política monetária da instituição não precisa "agir com pressa", dados os efeitos defasados da alta de juros, e que a inflação "está indo na direção correta". Segundo Powell, é possível pôr a inflação rumo à meta de 2% sem impor perdas significativas no nível de emprego e com desaquecimento moderado da atividade - o tão sonhado "pouso suave" dos investidores.O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, prevê dados mais fracos da economia americana nos próximos dos trimestres e ressalta que a política monetária nos EUA tem efeitos desasados mais demorados do que em países emergentes como o Brasil. Esse quadro sugere que o Fed já encerrou o ciclo de aperto monetário e pode antecipar o movimento de queda para o primeiro semestre do próximo ano."Tivemos uma mudança estrutural de cenário em novembro com dados mais amenos de inflação nos EUA. Essa dinâmica ajudou a promover uma valorização das moedas emergentes como o real", afirma Velho, ressaltando que há um retorno do fluxo de estrangeiros para a Bolsa brasileira, que se beneficia também do processo de redução da taxa Selic. "Mais da metade de entrada de estrangeiro para a bolsa no ano foi em novembro".Dados da B3 mostram que no mês passado, até o dia 29, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 18,48 bilhões na bolsa local. No acumulado do ano, as entradas líquidas de capital externo soma R$ 24,848 bilhões.Em almoço anual da Febraban, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o ritmo de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) segue apropriado. Ele disse que não faz projeções para a taxa terminal, mas que, mesmo no fim do ciclo de cortes, a política monetária seguirá em terreno restritivo.Ontem, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, relatou que, em conversas recentes, tem percebido no mercado um sentimento de que haveria espaço para acelerar os cortes de juros - no que foi interpretado por uma ala dos investidores como um sinal de que o BC já consideraria um ritmo mais forte de redução da Selic."Uma queda mais forte da Selic poderia impulsionar o dólar. Mas não é o caso agora porque o ciclo de cortes já está bem precificado e o cenário externo é preponderante", diz Velho, que, por ora, vê o mercado complacente com a questão fiscal. "O governo reforçou o compromisso com a meta de déficit zero, mas podemos voltar a ter um estresse lá por março, com a provável mudança de meta e a falta de disposição do governo de fazer contingenciamento".
Após trocas de sinal pela manhã, o dólar à vista se firmou em baixa e renovou mínima à tarde em meio ao movimento global de desvalorização da moeda americana e à queda das taxas dos Treasuries. Declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sugerindo "pouso suave" da economia dos EUA e cautela na condução da política monetária deram fôlego renovado a divisas emergentes. Uma vez eliminada a perspectiva de alta adicional de juros pelo Fed neste ano, ganha força a especulação em torno do início de processo de cortes, com apostas cada vez mais voltadas para março de 2024.

Com mínima a R$ 4,8689, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 1º, em baixa de 0,70%, cotado a R$ 4,8807. Na semana, a moeda recua 0,36%. Pela manhã, a divisa chegou a esboçar um movimento de alta e correu até máxima a R$ 4,9369, movimento atribuído a ajuste de posições no mercado futuro e a remessas para fora do país típicas de fim de ano. No acumulado de 2023, o dólar apresenta desvalorização de 7,56%.

O presidente do BC americano disse que o comitê de política monetária da instituição não precisa "agir com pressa", dados os efeitos defasados da alta de juros, e que a inflação "está indo na direção correta". Segundo Powell, é possível pôr a inflação rumo à meta de 2% sem impor perdas significativas no nível de emprego e com desaquecimento moderado da atividade - o tão sonhado "pouso suave" dos investidores.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, prevê dados mais fracos da economia americana nos próximos dos trimestres e ressalta que a política monetária nos EUA tem efeitos desasados mais demorados do que em países emergentes como o Brasil. Esse quadro sugere que o Fed já encerrou o ciclo de aperto monetário e pode antecipar o movimento de queda para o primeiro semestre do próximo ano.

"Tivemos uma mudança estrutural de cenário em novembro com dados mais amenos de inflação nos EUA. Essa dinâmica ajudou a promover uma valorização das moedas emergentes como o real", afirma Velho, ressaltando que há um retorno do fluxo de estrangeiros para a Bolsa brasileira, que se beneficia também do processo de redução da taxa Selic. "Mais da metade de entrada de estrangeiro para a bolsa no ano foi em novembro".

Dados da B3 mostram que no mês passado, até o dia 29, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 18,48 bilhões na bolsa local. No acumulado do ano, as entradas líquidas de capital externo soma R$ 24,848 bilhões.

Em almoço anual da Febraban, em São Paulo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o ritmo de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) segue apropriado. Ele disse que não faz projeções para a taxa terminal, mas que, mesmo no fim do ciclo de cortes, a política monetária seguirá em terreno restritivo.

Ontem, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, relatou que, em conversas recentes, tem percebido no mercado um sentimento de que haveria espaço para acelerar os cortes de juros - no que foi interpretado por uma ala dos investidores como um sinal de que o BC já consideraria um ritmo mais forte de redução da Selic.

"Uma queda mais forte da Selic poderia impulsionar o dólar. Mas não é o caso agora porque o ciclo de cortes já está bem precificado e o cenário externo é preponderante", diz Velho, que, por ora, vê o mercado complacente com a questão fiscal. "O governo reforçou o compromisso com a meta de déficit zero, mas podemos voltar a ter um estresse lá por março, com a provável mudança de meta e a falta de disposição do governo de fazer contingenciamento".

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