'Special situations' aquecem mercado de crédito no Brasil

Conceito foi abordado no painel de abertura do Fórum Econômico no Instituto Caldeira

Por Mauro Belo Schneider

Painelistas citaram estoque de crédito no País, que chega a R$ 4,497 trilhões
O conceito Special Situations, que caracteriza investimentos em ativos alternativos e de alto risco, alto retorno financeiro e elevada complexidade jurídica, abriu os trabalhos da primeira edição do Fórum Econômico do Rio Grande do Sul. Promovido pela Propósito e pelo Jornal do Comércio, o evento reuniu empreendedores do setor financeiro no Instituto Caldeira no dia 24 de outubro.
Entre eles, estavam Fábio Rech, da Quarter; Guilherme Previdi, do Grupo Baru Crédito; Rafael Flores Nunes, da Harbour; e Leandro Nunes, da L'Arca Capital. Cada um deles falou sobre sua experiência à frente de negócios financeiros criados no Rio Grande do Sul.
Previdi iniciou sua fala ressaltando que é "difícil dizer o que é uma operação de baixo risco". "É special situation o tempo todo", frisou, lembrando, ainda, que "o Brasil é um mercado com potencial enorme".
Já Rafael Nunes citou que o mercado vem enfrentando muitos desafios, e a esperança é que 2024 seja "mais tranquilo".
Rech compartilhou sua experiência com o trabalho da Quarter focado em precatórios. "No precatório federal, há a União com uma decisão já julgada e um deságio de preço interessante", expôs. Basicamente, a ideia é que se crie um mercado em que os investidores gerais possam comprar os precatórios.
"Há um déficit de R$ 140 bilhões de precatórios da União para serem pagos no Brasil", mensurou.
Leandro Nunes comentou que enxerga uma descentralização da poupança no País. Para ele, a XP é o grande case que exemplifica isso.
"Por que isso não pode se consolidar no mercado de crédito também?", questionou ele, gerando reflexões na plateia.
Os painelistas mencionaram, ainda, que o estoque de operações de crédito atingiu R$ 4,497 trilhões em outubro no Brasil, o que seria uma oportunidade para gestoras locais.
"Os bancos não conseguem atender tudo. Achar R$ 20 bilhões no mercado não é difícil", salientou Previdi sobre a atuação dessas empresas.
O segredo, afirmaram acreditar, é que as gestoras sejam mais rápidas que os grandes bancos, mesmo que cobrem mais que eles.
Outro assunto bastante citado foi a questão da segurança dos investidores. "Nossa palavra é pulverizar riscos", sublinhou Previdi antes de falar sobre a escalada de recuperações judiciais de empresas, o que, para ele, é um problema grave e que gera consequências no segmento.
"Não dá para repassar a redução da Selic ainda, pois o mercado está estressado", adjetivou.

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