O primeiro passo na direção de se tornar autossuficiente na área de energia já foi dado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com a inauguração, nesta quinta-feira (10), da sua primeira usina solar, no Campus do Litoral Norte, em Tramandai. No entanto, a perspectiva é que a universidade não pare por aí, já que planeja aumentar sua produção de energia na busca de atender a todo o seu consumo, assim como desenvolver pesquisas no segmento do hidrogênio verde e ingressar no mercado livre (formado por grandes consumidores que podem escolher de quem vão comprar a energia, normalmente de fontes renováveis).
Sobre a usina solar no Litoral gaúcho, a coordenadora do projeto e professora do curso de Engenharia de Gestão de Energia, Aline Pan, doutora em Energia Solar Fotovoltaica, considera como um marco histórico para a Ufrgs. Além de contribuir para o tema da transição energética e da produção de energia limpa e sustentável, ela frisa que se trata de uma iniciativa de empoderamento e equidade, já que a maioria das pessoas envolvidas com a ação era constituída por mulheres.
Aline lembra que apenas 20% da força de trabalho no setor de energia é feminina, e esse percentual cai para cerca de 2% na área técnica do segmento. Sendo assim, a ação da Ufrgs, com a usina, contribui para superar estereótipos e preconceitos. "Estamos mostrando a muitas jovens, que estão escolhendo seus caminhos profissionais, e às mulheres que ainda duvidam de suas capacidades que todas são capazes de alcançar qualquer objetivo que desejarem", enfatiza a professora.
Devido a essas características, a iniciativa foi batizada como "Usina Mulheres na Energia Solar". O complexo é composto por 996 módulos e mais de 71 mil células fotovoltaicas, ocupando uma área de 744 metros quadrados (entre solo e telhados dos prédios). O empreendimento é resultado de um investimento de R$ 1,7 milhão do Programa para Desenvolvimento em Energias Renováveis e Eficiência Energética na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (EnergIF), do Ministério da Educação (MEC).
Com potência instalada de 300 kWp, a estrutura é capaz de atender a todo o consumo do Campus Litoral e ainda gera sobra, que é convertida em créditos com a distribuidora de energia (no caso a CEEE) que abatem parte da conta de luz do Campus Centro da Universidade em Porto Alegre. A usina também funcionará como um laboratório a céu aberto para os estudantes e docentes.
Apesar de ter sido inaugurada oficialmente nessa quinta-feira, a estrutura, que levou três anos para ser finalizada, vem funcionando desde outubro do ano passado. Em dez meses, informa Aline, a operação da usina resultou em uma economia para a Ufrgs na ordem de R$ 270 mil. O tempo de retorno do investimento do empreendimento é estimado em cerca de oito anos. "E estrutura deverá durar, no mínimo, 25 anos", comenta a professora.
Na capital gaúcha, Aline adianta que no campus da Ufrgs localizado no bairro Agronomia é possível implementar uma usina de até 5 MW de capacidade, ou seja, mais de 15 vezes a potência do complexo em Tramandai. A universidade busca recursos para viabilizar esse projeto.


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