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Economia

Direitos Humanos

- Publicada em 18 de Março de 2023 às 19:15

PF segue com investigação na Serra gaúcha, mas por enquanto não há prova contra vinícolas

Delegado Adriano Medeiros do Amaral (dir) afirma que os representantes das vinícolas ainda serão ouvidos

Delegado Adriano Medeiros do Amaral (dir) afirma que os representantes das vinícolas ainda serão ouvidos


Facebook/Reprodução/JC
A Polícia Federal (PF) deve solicitar prorrogação do inquérito em torno do caso de mais de 200 pessoas que eram mantidas de forma análoga à escravidão na região da serra gaúcha. A princípio, o prazo de conclusão seria de 30 dias. Até agora, segundo o delegado Adriano Medeiros do Amaral, não há indícios da participação direta das vinícolas. No último dia 22 fevereiro, a terceirizada Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão em Saúde Ltda foi flagrada usando mão de obra de trabalhadores submetidos a viver em condições precárias, violência física e sem receber seus salários.
A Polícia Federal (PF) deve solicitar prorrogação do inquérito em torno do caso de mais de 200 pessoas que eram mantidas de forma análoga à escravidão na região da serra gaúcha. A princípio, o prazo de conclusão seria de 30 dias. Até agora, segundo o delegado Adriano Medeiros do Amaral, não há indícios da participação direta das vinícolas. No último dia 22 fevereiro, a terceirizada Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão em Saúde Ltda foi flagrada usando mão de obra de trabalhadores submetidos a viver em condições precárias, violência física e sem receber seus salários.
"Fizemos todo um levantamento do material já recolhido, e o que a gente encontrou foi um contrato de fornecimento de mão de obra por uma empresa terceirizada", disse o delegado, em coletiva à imprensa, realizada nesta sexta-feira (17). Com a investigação em fase de coleta de provas, nesta mesma data a PF cumpriu sete mandados de busca e apreensão, após deflagrar a Operação Descaro, que atua nos municípios de Bento Gonçalves e Garibaldi (RS), onde os trabalhadores eram recrutados de outros estados, principalmente da Bahia. 
Seis suspeitos foram identificados pela polícia como possíveis integrantes de uma organização criminosa voltada para a prática do crime de submissão à escravidão.
Durante a operação, que ocorreu na sede da empresa que recrutava os trabalhadores e nas residências das sete pessoas investigadas, foram encontrados revólveres, pistolas, armas longas e munição, entre outros objetos. Ao todo, nove armas foram apreendidas e recolhidas pelo Exército por estarem armazenadas em local inadequado, na casa de um dos investigados. Mas, segundo Amaral, "todas registradas" em nome de um colecionador, atirador ou colecionador (CAC), e em conformidade com o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma). Conforme o delegado, a princípio o armamento não teria "relação nenhuma com os fatos". 
Na ação desta sexta-feira ainda foram apreendidos documentos da empresa terceirizada, computadores e telefones celulares. Responsável pela investigação, Amaral afirma que a PF e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) também estão apurando se realmente haviam jornadas de trabalho exaustivas e se os casos de maus tratos sofridos pelos trabalhadores no alojamento, em Bento Gonçalves, têm relação com o caso. "Vamos fazer análise das provas colhidas, e vai ser oportunizado aos investigados falar nos autos", destacou. "A polícia seguirá com as investigações e ouvirá novamente os representantes das vinícolas para esclarecimento dos fatos", pontuou o delegado, deixando claro que a PF seguirá investigando também as vinícolas envolvidas na denúncia (Aurora, Salton e Garibaldi).
Em nota, a Vinícola Aurora afirmou que "apoia todas as investigações em curso e continua à disposição das autoridades." O texto ainda diz que "Paralelamente, (a Aurora) atua em diversas frentes para o restabelecimento dos direitos dos colaboradores terceirizados, vinculados à empresa Fênix, bem como na implementação das melhores práticas para gestão de terceiros e fornecedores." A nota ainda "reafirma" o compromisso da vinícola "de aperfeiçoar cada vez mais os processos produtivos e mecanismos de fiscalização."
Já a Cooperativa Vinícola Garibaldi respondeu à reportagem do JC, que "confia na correta apuração dos fatos, o que cabe às autoridades competentes." Também em nota, a Salton comunicou que "segue à disposição dos órgãos competentes e contribuindo nas investigações."