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Economia

Direitos Humanos

- Publicada em 13 de Março de 2023 às 10:19

Resgate de 82 trabalhadores em fazendas de arroz em Uruguaiana é o segundo maior do RS

Entre os resgatados, havia 11 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos

Entre os resgatados, havia 11 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos


POLÍCIA FEDERAL RS/DIVULGAÇÃO/JC
O Ministério Público do Trabalho (MPT) atualizou nesta segunda-feira (13) o número de trabalhadores resgatados em duas fazendas de arroz em Uruguaiana na sexta-feira (10). Inicialmente, havia sido informado o resgate de 56 trabalhadores, todos homens e entre eles 10 eram adolescentes. Após a análise de casos e coleta de depoimentos realizada ao longo do final de semana, o MPT atualizou o número para 82 resgatados, sendo 11 adolescentes entre 14 e 17 anos.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) atualizou nesta segunda-feira (13) o número de trabalhadores resgatados em duas fazendas de arroz em Uruguaiana na sexta-feira (10). Inicialmente, havia sido informado o resgate de 56 trabalhadores, todos homens e entre eles 10 eram adolescentes. Após a análise de casos e coleta de depoimentos realizada ao longo do final de semana, o MPT atualizou o número para 82 resgatados, sendo 11 adolescentes entre 14 e 17 anos.
Este foi o segundo maior resgate de trabalhadores registrado no Rio Grande do Sul, atrás apenas dos 207 encontrados em Bento Gonçalves em fevereiro. Em todo o Estado, já são até agora 291 resgatados neste ano, número que se aproxima do dobro dos 156 resgatados em 2022, que já havia sido um recorde.
Os resgates foram realizados em uma operação conjunta realizada pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego e pela Polícia Federal (PF) de Uruguaiana nas estâncias Santa Adelaide e São Joaquim. Uma denúncia informou a presença dos jovens na propriedade, em trabalho irregular e sem carteira assinada. O grupo móvel de fiscalização se dirigiu ao local e encontrou não apenas os adolescentes, mas trabalhadores adultos em situação análoga à escravidão. Ao todo, foram 82 os resgatados – 54 deles encontrados na Santa Adelaide e 28 na São Joaquim.
O grupo era contratado para fazer o corte do arroz vermelho, gramínea daninha que prolifera junto ao arroz cultivado e provoca perdas à lavoura. Esse manejo era feito com instrumentos que os próprios trabalhadores deveriam providenciar, e muitos usavam apenas uma faca de serra das de cozinha. Além disso, era feita a aplicação de agrotóxicos, e, em ambos os casos, era feito sem nenhum equipamento individual de proteção. Conforme os relatos, um dos menores sofreu um acidente com um facão e ficou sem movimentos de dois dedos do pé.
Também fazia parte das atribuições dos trabalhadores a aplicação de veneno pelo método de "barra química", em que dois trabalhadores aplicam o agrotóxico usando uma barra metálica perfurada conectada a latas do produto - um tipo de atividade que exige equipamentos individuais de proteção, que não eram fornecidos.
Além disso, os trabalhadores muitas vezes precisavam andar 50 minutos em pleno sol até chegar ao local de trabalho. As vítimas relataram que recebiam cem reais por dia, mas a comida e as ferramentas de trabalho eram por conta deles próprios. Não havia acesso a água potável nem a refrigeração, e nessas condições a comida estragava constantemente – levando muitos trabalhadores a passar o dia sem comer. Se algum deles adoecesse, teria remuneração descontada. Os depoimentos tomados no fim de semana também falam de venda de drogas durante os trabalhos.
Todos eram de municípios da região, em especial Itaqui, São Borja, Alegrete e Uruguaiana, recrutados por um "gato", um agenciador de mão de obra que atuava na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. O MPT e a Defensoria Pública da União (DPU) negociaram o pagamento de três parcelas de seguro-desemprego, de verbas rescisórias, além do devido registro em carteira de trabalho de todos. Esses valores ainda estão sendo regularizados porque muitos, principalmente entre os adolescentes, não tinham a devida documentação (CPF e carteira de trabalho) e nem conta em banco. Houve também questões de detalhamento da identificação de resgatados com nomes muito semelhantes. O MPT vai pleitear depois disso pagamentos de indenizações por danos morais individuais e coletivos.
O homem foi preso em flagrante, levado a um estabelecimento prisional do Estado e liberado após pagar fiança durante o fim de semana.
Número de resgatados no Rio Grande do Sul na última década*
2023 – 290
2022 – 156
2021 – 76
2020 – 5
2019 – 2
2018 – 0
2017 – 6
2016 – 17
2015 – 32
2014 – 1
2013 - 44
* Dados da Gerencia Regional do Trabalho - Ministério do Trabalho e Emprego
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