O Rio Grande do Sul, que tem uma participação de 9,3% na receita líquida de vendas da indústria de alimentos do País, registrou no ano passado um aumento de 3,3% nos postos de trabalho diretos desse setor, em relação a 2021, alcançando cerca de 150,2 mil vagas. Em contrapartida, o segmento teve no Estado, que possui em torno de 3,8 mil empresas atuando nesse campo, uma queda de 0,5% quanto à produção física.
O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), João Dornellas, explica que a evolução dos empregos, apesar da redução da produção, pode ser explicada porque algumas áreas do mercado têm uso mais intensivo de mão de obra do que outras como, por exemplo, a de laticínios. O dirigente apresentou nesta quinta-feira (9) números da performance da indústria brasileira de alimentos em 2022 e perspectivas para 2023.
No ano passado, pela primeira vez na sua história, o setor ultrapassou o patamar de R$ 1 trilhão em faturamento, atingindo um resultado de R$ 1,075 trilhão. No País, foram registrados cerca de 1,8 milhão de empregos diretos, um aumento de aproximadamente 58 mil postos de trabalho em comparação a 2021. O dirigente ressalta que 24,3% dos empregos da indústria de transformação no Brasil é vinculado ao segmento. Quanto a investimentos, em 2022 o setor de alimentos aportou em torno de R$ 23,6 bilhões em inovações, fusões e aquisições.
Dornellas argumenta que o ano passado verificou um bom desempenho e poderia ser ainda melhor, se não ocorresse a guerra entre Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores globais de grãos. Sobre os preços praticados no mercado, ele enfatiza que os custos dos produtos agrícolas dispararam no mundo inteiro e a pandemia de coronavírus também pressionou os valores praticados. "O alimento está caro aqui (Brasil) e no mundo inteiro", aponta o representante da Abia. O custo médio de produção de alimentos no País no ano passado, em relação a 2021, cresceu 15%. No entanto, ele salienta que no segundo semestre começou a haver uma tendência de baixa.
Das vendas da indústria nacional de alimentos em 2022, 72% foram destinadas ao mercado interno e 28% para exportações. Entre os principais produtos enviados para fora estão carnes, açúcares, farelo de soja e outros. Já os destinos mais buscados foram nações como China, Estados Unidos, Índia e Holanda.
Para 2023, o dirigente adianta que o desempenho do setor dependerá do desdobramento da economia brasileira. A Abia trabalha, no momento, com a projeção de um incremento do PIB nacional de 0,8% a 1%. Se essa estimativa se confirmar, a indústria de alimentos brasileira deve ter uma elevação das vendas reais de 1,5% a 2%. Em termos de emprego, o acréscimo deve ser na ordem de 0,5% a 1%.
A Abia também lançou nesta quinta-feira a publicação “Tem Comida, Tem Valor. Indústria de Alimentos: ciência, saúde e segurança na mesa dos brasileiros”, que reúne informações sobre o setor e aborda a história do processamento de alimentos. Além disso, apresentou a plataforma “temcomidatemverdade.com.br” com objetivo de esclarecer mitos e fatos sobre essa ramo da economia como se o processamento destrói as propriedades nutricionais dos alimentos ou se carne de frango tem hormônio.