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Logística

- Publicada em 25 de Janeiro de 2023 às 18:51

Viagem de Lula ao Uruguai cria expectativas quanto à Hidrovia do Mercosul

Uso do modal aquaviário para conectar os dois países é discutido há décadas

Uso do modal aquaviário para conectar os dois países é discutido há décadas


diagramação/JC
A reunião dos presidentes brasileiro e uruguaio, Luiz Inácio Lula da Silva e Luis Lacalle Pou, nesta quarta-feira (25), em Montevidéu, serviu para, entre outros assuntos, reanimar a perspectiva que a chamada Hidrovia do Mercosul, que prevê a ligação logística entre os dois países através da Lagoa Mirim, se torne uma realidade. Além disso, foram sinalizadas as possibilidades de transformar o aeroporto uruguaio de Rivera (que faz fronteira com a cidade gaúcha de Santana do Livramento) em um complexo internacional e a construção de uma segunda ponte entre os municípios de Jaguarão e Rio Branco.Quanto à Hidrovia do Mercosul, o diretor-presidente da Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (HidroviasRS), Wilen Manteli, lembra que o assunto é debatido há várias décadas. A conexão entre os dois países começaria através da Lagoa Mirim, situada no extremo sul do Rio Grande do Sul e na parte nordeste do Uruguai. A lagoa possui uma área de superfície de aproximadamente 3,75 mil quilômetros quadrados, sendo 2,75 mil quilômetros quadrados em território brasileiro e 1 mil quilômetros quadrados em terras uruguaias, com largura média de 20 quilômetros e profundidade que varia, em grande parte dela, de 5 a 6 metros. A partir dali, seria possível acessar a Lagoa dos Patos e os portos gaúchos de Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre e Estrela.Manteli enfatiza que é preciso atualizar os levantamentos de viabilidade técnica, econômica e ambiental do aproveitamento da hidrovia. Entre os pontos que deverão ser analisados, antecipa o dirigente, estão as cargas que deverão ser movimentadas pela região, embarcações que poderão ser utilizadas e dragagens que precisam ser realizadas. Ele comenta que, em princípio, as dragagens necessárias para fazer o aprofundamento de calado encontram-se apenas do lado brasileiro. Em dezembro, o então secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério de Infraestrutura, Mário Povia, afirmou que o estudo da viabilização dessa ligação logística entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul seria complementado, aprimorando trabalho que tinha sido efetuado inicialmente pela empresa DTA Engenharia. Povia estimava que para viabilizar a hidrovia seriam necessários investimentos em sinalização e dragagem estimados, inicialmente, em cerca de R$ 80 milhões.O presidente da DTA Engenharia, João Acácio Gomes de Oliveira Neto, ressalta que se trata de um projeto importante e que não necessita de aporte muito vultoso. Ele atesta que o estudo da DTA Engenharia indicou a viabilidade do uso do modal, abordando questões como perfil de cargas, origem e destino das mercadorias e potencial de crescimento.Oliveira Neto adianta que quando for aberta a licitação para fazer a implantação da hidrovia, com as obras correspondentes que possibilitem a navegação, a empresa tem interesse em participar da disputa. “Vamos ver se o Brasil agora também acorda para a importância estratégica que é essa hidrovia, eu espero”, comenta.Conforme a assessoria de imprensa dos ministérios dos Transportes e de Portos e Aeroportos, em 2022, a União recebeu a doação de estudos de viabilidade para possível licitação de concessão da Hidrovia do Mercosul no trecho entre as lagoas Mirim e dos Patos. Porém, as equipes técnicas do governo federal consideraram que o documento entregue precisava de aperfeiçoamento. Participaram da revisão servidores do Ministério de Portos e Aeroportos; da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); da Infra SA; e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Para prosseguir com o projeto, o governo federal receberá propostas até essa sexta-feira (27) para contratar uma companhia de consultoria que possa aprimorar o levantamento entregue anteriormente.“Eu aposto na viabilidade (da hidrovia), se não for agora, um dia vai ser”, aposta Manteli. O diretor-presidente da HidroviasRS reforça que, com a concretização da ligação aquaviária entre os dois países, muitas cargas do norte uruguaio poderão acessar o porto de Rio Grande para serem exportadas. Essa condição ampliaria o potencial de movimentação de cargas do porto gaúcho, além de viabilizar a possibilidade de enviar fertilizantes para o Uruguai, no contra-fluxo. Manteli defende ainda que o governo do Estado se envolva mais no assunto e incentive que a União siga adiante com a iniciativa.
A reunião dos presidentes brasileiro e uruguaio, Luiz Inácio Lula da Silva e Luis Lacalle Pou, nesta quarta-feira (25), em Montevidéu, serviu para, entre outros assuntos, reanimar a perspectiva que a chamada Hidrovia do Mercosul, que prevê a ligação logística entre os dois países através da Lagoa Mirim, se torne uma realidade. Além disso, foram sinalizadas as possibilidades de transformar o aeroporto uruguaio de Rivera (que faz fronteira com a cidade gaúcha de Santana do Livramento) em um complexo internacional e a construção de uma segunda ponte entre os municípios de Jaguarão e Rio Branco.
Quanto à Hidrovia do Mercosul, o diretor-presidente da Associação Hidrovias do Rio Grande do Sul (HidroviasRS), Wilen Manteli, lembra que o assunto é debatido há várias décadas. A conexão entre os dois países começaria através da Lagoa Mirim, situada no extremo sul do Rio Grande do Sul e na parte nordeste do Uruguai. A lagoa possui uma área de superfície de aproximadamente 3,75 mil quilômetros quadrados, sendo 2,75 mil quilômetros quadrados em território brasileiro e 1 mil quilômetros quadrados em terras uruguaias, com largura média de 20 quilômetros e profundidade que varia, em grande parte dela, de 5 a 6 metros. A partir dali, seria possível acessar a Lagoa dos Patos e os portos gaúchos de Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre e Estrela.
Manteli enfatiza que é preciso atualizar os levantamentos de viabilidade técnica, econômica e ambiental do aproveitamento da hidrovia. Entre os pontos que deverão ser analisados, antecipa o dirigente, estão as cargas que deverão ser movimentadas pela região, embarcações que poderão ser utilizadas e dragagens que precisam ser realizadas. Ele comenta que, em princípio, as dragagens necessárias para fazer o aprofundamento de calado encontram-se apenas do lado brasileiro.
Em dezembro, o então secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério de Infraestrutura, Mário Povia, afirmou que o estudo da viabilização dessa ligação logística entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul seria complementado, aprimorando trabalho que tinha sido efetuado inicialmente pela empresa DTA Engenharia. Povia estimava que para viabilizar a hidrovia seriam necessários investimentos em sinalização e dragagem estimados, inicialmente, em cerca de R$ 80 milhões.
O presidente da DTA Engenharia, João Acácio Gomes de Oliveira Neto, ressalta que se trata de um projeto importante e que não necessita de aporte muito vultoso. Ele atesta que o estudo da DTA Engenharia indicou a viabilidade do uso do modal, abordando questões como perfil de cargas, origem e destino das mercadorias e potencial de crescimento.
Oliveira Neto adianta que quando for aberta a licitação para fazer a implantação da hidrovia, com as obras correspondentes que possibilitem a navegação, a empresa tem interesse em participar da disputa. “Vamos ver se o Brasil agora também acorda para a importância estratégica que é essa hidrovia, eu espero”, comenta.
Conforme a assessoria de imprensa dos ministérios dos Transportes e de Portos e Aeroportos, em 2022, a União recebeu a doação de estudos de viabilidade para possível licitação de concessão da Hidrovia do Mercosul no trecho entre as lagoas Mirim e dos Patos. Porém, as equipes técnicas do governo federal consideraram que o documento entregue precisava de aperfeiçoamento. Participaram da revisão servidores do Ministério de Portos e Aeroportos; da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); da Infra SA; e do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Para prosseguir com o projeto, o governo federal receberá propostas até essa sexta-feira (27) para contratar uma companhia de consultoria que possa aprimorar o levantamento entregue anteriormente.
“Eu aposto na viabilidade (da hidrovia), se não for agora, um dia vai ser”, aposta Manteli. O diretor-presidente da HidroviasRS reforça que, com a concretização da ligação aquaviária entre os dois países, muitas cargas do norte uruguaio poderão acessar o porto de Rio Grande para serem exportadas. Essa condição ampliaria o potencial de movimentação de cargas do porto gaúcho, além de viabilizar a possibilidade de enviar fertilizantes para o Uruguai, no contra-fluxo. Manteli defende ainda que o governo do Estado se envolva mais no assunto e incentive que a União siga adiante com a iniciativa.

Potencial é de movimentação de mais de 5 milhões de toneladas de cargas ao ano

“É uma pauta que historicamente somos devedores e que nos interessa”, aponta o gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS (empresa pública responsável por gerenciar o sistema hidroportuário gaúcho), Fernando Estima, sobre a hidrovia binacional ligando Uruguai e Brasil. No entanto, ele salienta que para a iniciativa se tornar uma realidade são necessários investimentos públicos, da parte do Brasil e do Uruguai, para fomentar o transporte de cargas. O integrante da Portos RS calcula que a perspectiva é de movimentar em torno de 5 a 6 milhões de toneladas ao ano por essa hidrovia, envolvendo cargas como produtos florestais, minérios, grãos, soja, arroz e fertilizantes.
“Isso potencializa uma fronteira de expansão agrícola para ambas as margens, tanto para o lado brasileiro como para o uruguaio”, assinala Estima. O gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS lembra que um dos defensores da proposta da hidrovia é o embaixador uruguaio, Guillermo Valles Galmés, que já afirmou que boa parte da produção agrícola do país vizinho poderia ser escoada até o porto de Rio Grande, reduzindo as distâncias e os custos logísticos.
Sobre o projeto da hidrovia do Mercosul, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, confirmou nesta quarta-feira que para concretizar a ideia é preciso realizar a dragagem do canal na parte brasileira. "O montante (de recursos) não será muito elevado, mas será importante para as duas nações", frisa o dirigente. Ainda na área de infraestrutura e logística, Lacalle Pou ressaltou o pleito quanto ao apoio do Brasil para a internacionalização do aeroporto da cidade de Rivera. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que discutirá a questão com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.
O Uruguai também defende a ampliação da ponte que liga as cidades de Jaguarão, no Rio Grande do Sul, e Rio Branco, no Uruguai. A construção de uma segunda ponte já estava em debate com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Lula, as discussões sobre essa obra começaram ainda em seu primeiro mandato. "Pensei que essa ponte já estava pronta e hoje soube que nem começou. Quero assumir de novo esse compromisso que vamos fazer essa ponte. Interessa ao Brasil, ao Uruguai, ao povo dos dois países", disse. Na tarde desta quarta-feira, Lula também participou de uma cerimônia na prefeitura de Montevidéu, onde recebeu a medalha Más Verde, em reconhecimento aos seus esforços em defesa do meio ambiente.