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CONJUNTURA

- Publicada em 11 de Janeiro de 2023 às 00:35

Inflação fecha 2022 em 5,79% e estoura meta

O resultado de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e Bebidas, com variação de 11,64%

O resultado de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e Bebidas, com variação de 11,64%


TORINO MERCADO E CAFFÈ/DIVULGAÇÃO/FOTO
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2022 com alta acumulada de 5,79%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2022 com alta acumulada de 5,79%, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com os cortes de impostos sobre combustíveis e energia elétrica, o IPCA perdeu força em relação a 2021, quando havia subido 10,06%. Apesar da trégua, os preços seguem em um patamar elevado para o bolso dos brasileiros. Sinal disso é que o IPCA estourou pelo segundo ano consecutivo a meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC).
A variação também surpreendeu o mercado financeiro ao ficar acima das projeções. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam acumulado de 5,60% em 2022. O centro da meta de inflação era de 3,5% no ano passado, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (5%) ou para baixo (2%).
O desempenho de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e Bebidas (11,64%), que teve o maior impacto - de 2,41 pontos percentuais (p.p.) no acumulado do ano. Na sequência, veio Saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto.
Já a maior variação veio do grupo Vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. O grupo Habitação (0,07%) ficou próximo da estabilidade e os Transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.) entre os nove grupos pesquisados.
Com o resultado final acima dessa faixa, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá de escrever uma carta explicando o descumprimento da medida de referência.
Em carta ao novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o BC deve citar a guerra na Ucrânia e a reabertura econômica pós-Covid como as principais justificativas para não cumprir a meta de inflação pelo segundo ano seguido em 2022. O BC também deve reforçar a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, como arma para ganhar a batalha contra a alta de preços.
Desde a criação do sistema de metas, em 1999, o BC descumpriu a meta seis vezes. Com a segunda carta seguida, o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, se iguala a Henrique Meirelles no número de explicações oficiais à Fazenda.
Na variação de dezembro, o IPCA subiu 0,62%, depois da alta de 0,41% em novembro, conforme o IBGE. Esse resultado também veio acima das estimativas. Analistas consultados pela Bloomberg projetavam variação de 0,44% em dezembro. A devolução de parte dos descontos da Black Friday de novembro ajuda a explicar o resultado maior no último mês do ano, dizem economistas. 
 

Alta prevista para o acumulado deste ano subiu de 5,31% para 5,35%, aponta Focus

As projeções ainda sugerem uma inflação elevada neste ano, o que representa um desafio para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um cenário de incertezas fiscais com possíveis gastos da gestão petista, as instituições do mercado financeiro aumentaram as estimativas para o IPCA deste ano.
A alta prevista para o acumulado de 2023 subiu de 5,31% para 5,36%, conforme a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na segunda-feira. Se a projeção for confirmada, 2023 marcará o terceiro estouro consecutivo da meta de inflação. O centro da medida foi definido em 3,25% para este ano. O intervalo de tolerância, novamente, é de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).
O economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, avalia que o País atravessa um período de "inflação muito pressionada" e diz que a alta dos juros promovida pelo BC ainda não conseguiu controlar totalmente o avanço dos preços. Recentemente, a Rio Bravo elevou a previsão para o IPCA de 2023, de 5,2% para 5,4%.
"A preocupação fiscal vai ganhando força. Faz com que as expectativas de inflação se deteriorem", afirma Mercadante. Conforme o economista, a retomada da demanda por serviços, após as restrições na pandemia, é outro fator que desafia a trégua do IPCA neste ano. 

IPCA superou 12% ao longo de 2022

Cortes tributários sobre produtos como combustíveis contribuiu para queda no índice

Cortes tributários sobre produtos como combustíveis contribuiu para queda no índice


MARIANA ALVES/JC
Ao longo de 2022, o IPCA acumulado chegou a bater em 12,13% até abril. A perda de fôlego nas divulgações posteriores foi puxada pelos cortes tributários sobre produtos e serviços como combustíveis e energia elétrica. Conforme o IBGE, sem as quedas de preços na gasolina e na energia elétrica, o IPCA teria sido de 9,56% em 2022.
Nesse contexto, o índice registrou três meses consecutivos de deflação (queda), de julho a setembro. Enquanto isso, os preços dos alimentos seguiram pressionados com os efeitos do clima adverso e da Guerra da Ucrânia, que elevou as cotações de commodities agrícolas.
O IBGE também informou que sem as quedas de preços na gasolina e na energia elétrica, o IPCA teria sido de 9,56% em 2022. Ontem que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) fechou 2022 com alta acumulada de 5,93%, abaixo de 2021 (10,16%).
Em dezembro, o índice teve elevação de 0,69%, após uma alta de 0,38% em novembro, segundo dados do IBGE.