"Não podemos afugentar os empreendedores que querem investir no Rio Grande do Sul. Hoje, se leva em média nos 497 municípios gaúchos, não menos que seis meses para aprovar um projeto. Isso é fazer com que o empreendedor entre em desespero com tanta burocracia. O que uma empresa vai fazer com 20 ou 30 profissionais parados esperando a aprovação de um projeto". A análise foi feita pela presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea/RS), Nanci Walter, que nesta quinta-feira (27) participou da reunião-almoço da Câmara Brasil-Alemanha no Rio Grande do Sul (AHK) onde abordou o tema Meio ambiente, eficiência energética e o avanço da diversidade no agronegócio.
Segundo ela, a demora na aprovação dos projetos na áreas ambiental, do agronegócio e de energia tem sido uma das principais reclamações dos profissionais da engenharia no Estado. A presidente do CREA/RS afirmou que está conversando com as equipes técnicas das prefeituras e a ideia é aproximar o Conselho para realizar capacitações. "Temos que facilitar a vida do empreendedor que quer investir no Rio Grande do Sul e não impedir novos investimentos", ressaltou.
Nanci Walter é a primeira mulher a assumir a presidência da entidade em 88 anos de existência da entidade. "Quero começar uma relação de troca de experiência com as lideranças empresariais da Câmara Brasil-Alemanha. Estou em busca de novas parcerias entre as duas entidades", ressaltou. No encontro com os empresários, a presidente do CREA/RS disse que acolheu diversas demandas relacionadas a dificuldade de relacionamento com o conselho. "Me coloquei a disposição dos empresários. Queremos virar a chave desses olhares que não são simpáticos e há momentos que o CREA/RS não ajuda os profissionais dessas empresas", destacou.
Segundo Nanci, uma das propostas do Conselho em conjunto com a Federação das Associações dos Municípios (Famurs) é criar um grupo para conversar com as prefeituras. "Não dá para quem está analisando os projetos interferir na autoria dos projetos de um engenheiro civil ou de um arquiteto urbanista. E quem está do outro lado do balcão, também um profissional da engenharia, confundir essa análise", comentou.
O cônsul-geral da Alemanha no RS/SC, Milan Andreas Simandl, afirmou que o consumidor na Europa, nos Estados Unidos e até no Brasil quer consumir alimentos cultivados de uma forma ecológica e que não tenham toxinas prejudiciais ao meio ambiente. "A conscientização do consumidor cresceu em quase todo o mundo nas últimas décadas e essa tendência continuará por isso é importante o trabalho do Conselho", ressaltou. Segundo Simandl, a agricultura do Rio Grande do Sul com seu modernos métodos de cultivo tem condições ideais para essa demanda que é cada vez mais importante para o mercado europeu.
A presidente afirmou que o CREA/RS atua em defesa da sociedade para coibir o exercício ilegal das profissões. "Eu não quero que alguém que não estudou e que não ficou cinco ou sete anos em uma das engenharias como meteorologia, geografia, geologia, agronomia e nos mais de 300 títulos profissionais exerça uma das profissões sem ter estudado" explicou.
Nanci Walter assumiu a presidência do CREA/RS para a gestão 2021/2023. Um total de 70 mil profissionais são filiados ao conselho no Rio Grande do Sul. Destes, 18% são mulheres com atuação no território gaúcho. A entidade possui 12 mil empresas na carta de clientes. No Brasil, a engenharia, segundo a presidente, é uma profissão masculina - são 1.100.780 homens contra 215.606 mulheres. No País, a agronomia conta com 113.232 homens e 31.655 mulheres.