As implantações de duas novas termelétricas a biomassa (matéria orgânica) estão prestes a serem iniciadas no Rio Grande do Sul. Um dos complexos será erguido em Capivari do Sul e outro em Uruguaiana e ambos serão alimentados com casca de arroz. O diretor da empresa Enerbio, Luiz Antonio Leão, adianta que a usina capivariense deve começar a instalação neste segundo semestre e ser concluída até o final de 2023. Já as obras da térmica uruguaianense devem se desenvolver a partir do primeiro trimestre do próximo ano e serem terminadas em meados de 2024.
Juntas, as iniciativas significarão um aporte de cerca de R$ 105 milhões. Leão explica que o papel da Enerbio nesses empreendimentos é identificar o potencial, estruturar o plano de negócio, elaborar o projeto de engenharia, fechar os contratos com os fornecedores de casca de arroz e buscar a venda da energia. “E aí a gente traz um investidor parceiro”, detalha o executivo. A companhia já participou de ação semelhante com a termelétrica de São Sepé, que teve a Creral, de Erechim, como principal investidora, além de outros sócios minoritários. Essa usina entrou em operação em 2018.
A cooperativa erechinense também está integrada na iniciativa em Capivari do Sul e em Uruguaiana a empresa envolvida é a Engevix. Apesar de parecidas, existem algumas diferenças entre as três usinas. Enquanto o empreendimento em São Sepé tem uma capacidade instalada para 8 MW (suficiente para atender a uma cidade de 120 mil habitantes), as outras duas térmicas, individualmente, terão potência de 5 MW.
Outra distinção é o ambiente de comercialização da energia. A produção da unidade de São Sepé foi vendida em leilão para abastecer o sistema elétrico interligado nacional enquanto que os complexos de Capivari do Sul e Uruguaiana serão voltados à geração distribuída. Leão comenta que nessa modalidade grupos como redes de farmácias, postos de combustíveis ou supermercados, por exemplo, podem adquirir parte da energia a ser produzida.
No desenvolvimento das novas usinas, a perspectiva é que cada uma signifique a criação de 100 a 120 postos de trabalho na construção e depois, na operação, mais 25 a 30 empregos diretos e em torno de 50 indiretos. Já a expectativa de consumo de casca de arroz é na ordem de 40 mil a 45 mil toneladas anuais, também para cada estrutura. Conforme o diretor da Enerbio, esse material vai ser fornecido por beneficiadores do cereal na região que não estejam muito afastados das termelétricas (até um raio de aproximadamente 50 quilômetros) para não encarecer o transporte do combustível.