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Agronegócio

- Publicada em 22 de Junho de 2022 às 19:15

Queda na produção de leite provoca alta expressiva nos preços do produto e seus derivados

Produção anual de leite reduziu em 196 milhões de litros em seis anos

Produção anual de leite reduziu em 196 milhões de litros em seis anos


carolina jardine/divulgação/jc
Diego Nuñez
As famílias gaúchas têm sentido os reflexos da alta do leite nos mercados. O litro de leite longa vida UHT já ultrapassa os R$ 5,00 em diversos supermercados do Rio Grande do Sul. A origem deste aumento não vem de agora. A indústria láctea, nesta metade de 2022, contabiliza perdas advindas ainda de 2021 e convive com redução mais acentuada de produção e de rebanho leiteiro desde 2015 - o que resulta numa perda de 196 milhões de litros por ano.
As famílias gaúchas têm sentido os reflexos da alta do leite nos mercados. O litro de leite longa vida UHT já ultrapassa os R$ 5,00 em diversos supermercados do Rio Grande do Sul. A origem deste aumento não vem de agora. A indústria láctea, nesta metade de 2022, contabiliza perdas advindas ainda de 2021 e convive com redução mais acentuada de produção e de rebanho leiteiro desde 2015 - o que resulta numa perda de 196 milhões de litros por ano.
Segundo o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat-RS), o preço do litro de leite UHT repassado das indústrias para os atacados aumentou 57% no acumulado de janeiro a junho deste ano. Neste mesmo período, o preço pago ao produtor de vacas leiteiras pela matéria-prima subiu 61%.
"No ano passado, o setor não conseguiu repassar nada da alta nos custos de produção. Não que a gente não tenha tentado, mas o consumidor refutou. A própria matéria-prima subiu, em média, 13% em 2021. As indústrias, muitas fechando no vermelho, tinham que tentar fazer essa recuperação. É um custo represado do ano passado. A partir do final de abril, o mercado conseguiu aceitar o repasse de preço", explica o secretário-executivo do Sindilat, Darlan Palharini.
Na terça-feira, o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite) projetou o valor de referência do litro de leite para o Estado em junho em R$ 2,6551.
A alta nos custos citada por Palharini tem a ver com a estiagem, que, além de prejudicar pastos, provocou quebras nas safras de soja e milho, principais componentes da ração animal, e com o aumento nos derivados do petróleo, principalmente por causa da guerra na Ucrânia, como as embalagens de queijo, as caixas de leite longa vida e condensado e a própria a gasolina do frete rodoviário.
"Em 2021, como tinha uma oferta maior do que o consumo, não pudemos repassar essa alta. Nesse momento, devido até à questão da estiagem, que reduziu em cerca de 10% a produção leiteira, ocorre uma diminuição da oferta", explica o secretário-executivo do Sindilat.
"Além disso, estamos no período entressafra nacional, o que também influencia. Normalmente, nesse período do ano, tem oferta menor de matéria-prima no Brasil todo. E como a perda de produção no Estado foi maior nos últimos anos, é evidente que isso colabora também", acrescenta Palharini.
De 2015 a 2021, o número de produtores de leite reduziu mais de 30%, caindo de 198,4 mil para 137,4 mil. O rebanho gaúcho de vacas leiteiras também ficou menor no período, caindo de 1,4 milhão de cabeças em 2015 para 1,06 milhão no ano passado - uma redução de 25,5%.
Assim, em seis anos, o Rio Grande do Sul perdeu quase 196 milhões de litros de leite em redução de produção anual, segundo o relatório socioeconômico da cadeia produtiva do leite no Estado, realizado pela Emater-RS.
A soma de todos esses fatores vai parar no bolso do consumidor, que observa, nas prateleiras, o litro do leite de caixinha ultrapassar os R$ 5,00, patamar considerado histórico ao consumidor final e com alerta de mais alta, pois o pico de preços vai até agosto.
 

Piracanjuba paralisa produção de leite UHT, condensado e creme no RS

O conglomerado Laticínios Bela Vista anunciou a redução temporária de parte das atividades da unidade de Carazinho da Piracanjuba "em função da falta da matéria-prima leite em todo o estado do Rio Grande do Sul", segundo nota enviada pela empresa. Serão paralisadas por tempo indeterminado as produções de leite UHT (longa vida), creme de leite, achocolatado e leite condensado. A produção de soro desmineralizado continuará normalmente.
Segundo a nota, serão mantidos parte dos postos de trabalho e, para os demais colaboradores, a empresa ofertará a possibilidade de remanejamento para as outras seis fábricas do grupo, localizadas em Maravilha (SC), Bela Vista de Goiás (GO), Governador Valadares (MG), Três Rios (RJ), Araraquara (SP) e Sulina (PR), ou, ainda, para os 12 postos de recepção de leite, localizados em várias regiões do país.
O fornecimento dos produtos Piracanjuba para o mercado gaúcho ocorrerá a partir da unidade catarinense, localizada na cidade de Maravilha, localizada próxima à fronteira com a Argentina, a cerca de 235 quilômetros de Carazinho e 518 quilômetros de Porto Alegre.
"Continuaremos coletando leite em todos os produtores da região, sem interrupção, e todo o leite captado será destinado à unidade de Nova Ramada, no Rio Grande do Sul", informou a Piracanjuba. Em 2019, o Laticínios Bela Vista assumiu a unidade de Carazinho, que pertencia à Nestlé. "Desde então, realizou importantes investimentos no parque tecnológico, aumentando e modernizando as linhas de produção. Toda essa estrutura será mantida na localidade, já que a expectativa é que, em um curto prazo, a produção leiteira da região volte ao normal, permitindo o pleno restabelecimento da produção da unidade", afirma a nota.
De acordo com o comunicado, a empresa reafirma seu compromisso com a cadeia leiteira e informa que, nas demais unidades, está mantida a produção e a parceria com mais de 8 mil produtores de leite, que fornecem a matéria-prima para um portfólio amplo e variado, com mais de 180 produtos.
Junto das marcas Pirakids, LeitBom, Chocobom e Viva Bem, a Piracanjuba compõe o conglomerado Laticinios Bela Vista, uma das quatro maiores indústrias de laticínios do Brasil, com capacidade de processamento de mais de 6 milhões de litros da matéria-prima por dia.

Cadeia leiteira cobra governo do Estado por falta de competitividade

O valor de referência do leite projetado para o Rio Grande do Sul em junho é de R$ 2,6551 o litro, segundo indicador divulgado pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite).
De acordo com o coordenador do Conseleite, Eugênio Zanetti, a projeção reflete o momento de entressafra do leite no Sul do Brasil e a elevação de custos de produção no campo e na indústria, principalmente em função do reajuste de itens como o óleo diesel, o frete, as embalagens, e do próprio milho utilizado na ração do gado. "Os preços tiveram uma reposição necessária para garantir a rentabilidade da atividade leiteira", ponderou.
O momento, alertou ele, é de estreitar o diálogo com o governo do Estado para tentar encontrar um ponto de equilíbrio. Nos últimos meses, o setor lácteo vem enfrentando perda de competitividade com o impacto tributário do novo Fator de Ajuste de Fruição (FAF), já que Santa Catarina e Paraná não têm esse aumento de carga tributária e ainda possuem fábricas de embalagens acartonadas e embalagens secundárias mais desenvolvidas que o Rio Grande do Sul. Essa perda de competitividade, aliada ao alto custo de produção, tem contribuído para a diminuição do número de produtores e do volume de leite ofertado no campo.
Para o diretor-executivo do Sindilat-RS, Darlan Palharini, o caminho é o diálogo com o Palácio Piratini para que a cadeia dos lácteos retome competitividade perante os outros estados do Sul.
"Temos que mostrar ao governo e à Secretaria da Agricultura (Seapdr) que precisamos fazer uma discussão política e de Estado para que comece a se recuperar a produção. Santa Catarina e Paraná não tiveram redução de produção tão grande quanto aqui. Alguma questão está desequilibrada", afirma ele. "O principal motivo para a redução de rebanhos e produção é a política tributária, por conta de incentivos que outros estados acabam dando aos produtos, seja com uma tarifa elétrica diferenciada, seja por taxas juros investimento diferenciadas", conclui Palharini.
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