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Energia

- Publicada em 19 de Junho de 2022 às 19:17

Projetos eólicos offshore devem somar até R$ 120 bi

Memorando de entendimento foi firmado entre empresa e governo

Memorando de entendimento foi firmado entre empresa e governo


/Gustavo Mansur/Palácio Piratini/Divulgação/JC
Os números envolvidos com parques de energia eólica offshore, principalmente quanto a investimentos, são gigantescos e essa característica é confirmada pelos dois projetos que a Ocean Winds (joint-venture formada pelas companhias EDP Renováveis e Engie) pretende construir no litoral do Rio Grande do Sul. A estimativa da empresa é que os empreendimentos somados absorvam recursos na ordem de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões.
Os números envolvidos com parques de energia eólica offshore, principalmente quanto a investimentos, são gigantescos e essa característica é confirmada pelos dois projetos que a Ocean Winds (joint-venture formada pelas companhias EDP Renováveis e Engie) pretende construir no litoral do Rio Grande do Sul. A estimativa da empresa é que os empreendimentos somados absorvam recursos na ordem de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões.
Na sexta-feira, o governador Ranolfo Vieira Júnior assinou memorando de entendimento com representantes da Ocean Winds para o prosseguimento das ações. Na ocasião, o gerente de desenvolvimento de negócios da companhia, José Partida, apresentou dados sobre iniciativas.
Os dois empreendimentos, chamados de Tramandaí Offshore e Ventos do Sul, terão juntos uma capacidade instalada de 7,2 mil MW (o que poderia atender com sobra a demanda de energia de todo o Rio Grande do Sul). Os processos para obtenção das licenças ambientais prévias desses dois projetos já estão tramitando no Ibama. Para conduzir as iniciativas, a Ocean Winds constituiu como seu braço no País a empresa OW Brasil (anteriormente denominada Ventos de Atlântico).
Segundo Partida, durante a construção dos empreendimentos é esperada a geração de 10 mil a 14 mil empregos diretos, indiretos e induzidos, e na operação entre 4 mil a 5,5 mil postos de trabalho. Ele adianta que a expectativa é que, levando em consideração o tempo da confirmação da comercialização da energia e o de construção dos parques eólicos, a operação dos complexos ocorra daqui a sete a dez anos.
Além dos projetos no Estado, a Ocean Winds possui iniciativas offshore no Piauí, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Quanto aos empreendimentos gaúchos, eles serão desenvolvidos em uma área que vai aproximadamente do litoral de Tramandaí até Mostardas. Partida detalha que os parques deverão ser viabilizados gradativamente, ou seja, começando a gerar com uma capacidade parcial e indo aumentando a potência ao longo dos anos.
Sem contar as propostas no Brasil, a Ocean Winds possui cerca de 11 mil MW em projetos eólicos offshore distribuídos por sete países em diferentes fases de maturidade (desenvolvimento, implantação e operação) e tecnologia (fundações fixas e flutuantes). O presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), Guilherme Sari, considera esperar a operação dos primeiros parques eólicos em águas brasileiras por volta de 2030 como uma meta bem realista. "A motivação e movimentação do mercado são enormes", enfatiza.
No entanto, para que projetos como da Ocean Winds e de outras empresas do setor saiam do papel, é preciso garantir a venda da energia a ser produzida. Para Sari, o caminho que se vislumbra para permitir as condições para a comercialização da geração dessas usinas é através de leilão específico para essa fonte. Ou seja, que alguns certames organizados pelo governo federal para abastecer o sistema elétrico interligado nacional contemplem a compra da produção offshore. "Como tem das térmicas, das hídricas e das novas renováveis, tem que ter (leilão) da eólica offshore que é um negócio à parte, não são (fontes) comparáveis", argumenta. Ele adianta que os custos da geração offshore devem, futuramente, baixar com o ganho de escala.
Durante a assinatura do memorando com a Ocean Winds, o governador gaúcho ressaltou que a diminuição do uso de combustíveis fósseis é algo que vem sendo tratado em todo planeta e a energia eólica está alinhada com essa ideia. "A descarbonização também é uma meta do governo do Rio Grande do Sul", afirma Vieira Júnior. Ele lembra que o Estado assumiu compromissos com a neutralização de carbono na 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), realizada no ano passado, em Glasgow, na Escócia.

Questão regulatória deverá estar melhor estruturada a partir de 2023

Para os projetos eólicos em alto mar serem materializados no Brasil, os obstáculos a serem superados vão além dos seus custos mais elevados que os dos complexos onshore (terra). "Tem o regulatório, que ainda hoje é uma dúvida", ressalta a diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal. Porém, ela prevê que as normas do setor devem estar mais consolidadas e claras a partir do próximo ano.
Daniela participou recentemente de missão liderada pela Fiergs para a Alemanha e os Países Baixos, onde foi possível conhecer complexos eólicos offshore europeus. Da experiência, a dirigente destaca que foi possível perceber a compatibilidade dos usos do mar para a geração eólica com outras atividades como a pesca e a navegação. Ela também revela que, entre os desdobramentos da viagem, há a possibilidade que agentes holandeses ligados à área de energia venham conhecer as potencialidades do Rio Grande do Sul em setembro.
O diretor do departamento de energia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Eberson Silveira, detalha que o Estado possui um enorme potencial eólico na terra, nas lagoas e no mar. De acordo com Silveira, no onshore a capacidade de geração de energia através dessa fonte no Rio Grande do Sul é de cerca de 103 mil MW, em alturas de até 100 metros, nas lagoas de 34 mil MW e no mar de 80 mil MW. Sobre valores, o diretor calcula que as iniciativas offshore, por lidar com uma tecnologia nova, custam atualmente cerca de duas vezes e meia mais do que as onshore.
Os investimentos na implantação de projetos em terra também eram considerados elevados durante o início da propagação da geração eólica no País, mas isso não impediu que a fonte prosperasse. O secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, recorda que o Rio Grande do Sul, que foi pioneiro no Brasil quanto à energia eólica onshore (com o parque de Osório, inaugurado em 2006), chegou a ser o estado com mais produção nessa modalidade. Depois, acabou sendo superado por algumas regiões do Nordeste.
Para as ações offshore, um diferencial dos gaúchos apontado por Lemos é a possibilidade de contar com o Porto de Rio Grande para dar apoio logístico na instalação e manutenção dos novos complexos. Já o secretário-adjunto de Meio Ambiente e Infraestrutura, Guilherme de Souza, frisa que o memorando firmado nesta sexta-feira coloca o Estado na vanguarda da atração de empreendimentos nessa área. "A perspectiva é muito boa para os investimentos no campo de energia renovável, que são de altíssima monta", salienta o dirigente.