Mês a mês o setor de serviços no Rio Grande do Sul recompõe a atividade, sob efeito da maior liberação de atividades na pandemia. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada esta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta avanço de 3,4% no volume do setor frente a junho. O desempenho foi melhor do que o da média brasileira, que teve alta de 1,1%.
Frente a julho de 2020, no período com impactos mais fortes de interrupção de atividades, o crescimento foi de 19,5% no mercado gaúcho. No ano, o acumulado é de alta de 9,2%. Em 12 meses, ocorre a reversão da queda, ficando com variação de 0,2%. Até junho, o recuo estava em 2,6%.
No País, julho veio com menos força que junho, que tinha registrado alta de 1,8% frente a maio. Na variação sobre julho de 2020, a alta foi de 17,8%. No ano, a alta é de 10,7% e em 12 meses de 2,9%.
Os dados do comércio, divulgados na semana passada,
vieram levemente melhores, com alta de 1,2% frente ao mês anterior no Brasil e 5,7% em relação a julho do ano passado. O comércio varejista Estado teve alta de 1,9% no confronto mensal recente e de 10,5% em relação a julho de 2020. O ampliado, que tem veículos e materiais de construção, subiu 2,9% sobre junho e 10,5% em relação a julho anterior.
Já a produção industrial fez caminho contrário,
com queda de 1,3%. O Rio Grande do Sul registrou recuo mais, de 1,7% na passagem de junho para julho.
Nos grupos, os serviços prestados para as famílias no Estado tiveram elevação de 111,4% no confronto com o mesmo mês de 2020, no ano o comportamento é de aumento de 25,1%. Mas em 12 meses ainda há queda de 7,8%, indicando os impactos ainda pesados da evolução da pandemia.
Os serviços para as famílias vão desde hotéis, restaurantes, cabeleireiro a atividades culturais e esportivas. Segmentos como de eventos ainda estão em processo de retomada, com liberações para atividades com mais público ainda lentas.
A área de serviços de informação e comunicação, que abrange desde bancos à telefonia e tecnologia da informação, tiveram alta de 6,5%, mantendo o nível de avanço no ano. Estes segmentos não pararam na pandemia e tiveram mais demanda pelo uso de recursos digitais, como na comunicação.
Serviços profissionais, administrativos e complementares, que vão de agências de viagens, contadores, advogados, arquitetos e aluguéis tiveram aumento de 9,6% no volume demandado, taxa mais baixa em três meses, 4,2% no ano e queda de 1,8% em 12 meses.
Já transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio avançaram 27,4%, mesmo positivo, julho foi o mais baixo desde maio, que registrou 39,5%, e junho, que teve alta de 29,1%. No ano, o conjunto de atividades avançou 17,4%. Desde agosto de 2020, a elevação chega a 4,4%.
O setor de serviços vindo melhor que o comércio e mais ainda que a indústria reflete uma demanda maior das famílias. "É um movimento que se dá ao mesmo tempo em que a indústria perde fôlego dentro deum processo natural de mudança dos gastos dos consumidores de bens para serviços, a partir da flexibilização das atividades econômicas com a melhora do quadro sanitário", avalia o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank.
A economista-chefe da Fecomércio-RS, a economista-chefe Patricia Palermo, observa que os percentuais mais altos de recomposição podem ser explicados relação devido à base, principalmente de 2020, mais deprimida.
"Os serviços vinham muito mal. Qualquer tipo de recuperação reflete em termos matemáticos em um grande salto, o que ajudou também (nos números)", conclui Patricia.
FRank analisa ainda que a margem pra expansão dos serviços é maior, projetando o que pode ainda ser o resultado até dezembro. "O setor ainda pode ser amplamente beneficiado por novas flexibilizações ao funcionamento dos negócios, principalmente daquelas que dependem de mobilidade, incluindo alojamento, alimentação, saúde e educação, salões de beleza, entre outros", lista o economista.
A indústria e o varejo, por outro lado, devem sofrer ainda com impactos da inflação, observa Frank. A variação maior de custos afeta a formação de preços dos produtos e depois é repassada ao consumidor final, na venda no comércio.
No Brasil, a passagem de junho para julho teve a quarta taxa positiva seguida, acumulando no período ganho de 5,8%. O IBGE destacou que este saldo também coloca o setor 3,9% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, além de ser o patamar mais elevado desde março de 2016. Mesmo com o avanço, o setor ainda está 7,7% abaixo do recorde histórico, alcançado em novembro de 2014, informa o IBGE.