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Varejo

- Publicada em 01 de Junho de 2021 às 16:55

Justiça decreta falência da rede de vestuário feminino Tok

Maioria das 28 lojas já teve atividades encerradas, e apenas cinco ainda estavam funcionando em 2020

Maioria das 28 lojas já teve atividades encerradas, e apenas cinco ainda estavam funcionando em 2020


Bruna Oliveira/Especial/JC
Com R$ 37,5 milhões em passivos, a tradicional rede Tok teve falência decretada pela Justiça no último dia 3 de março. Responsável por cuidar do processo, o escritório Brizola Japur Soluções Empresariais ainda está em fase de arrecadação dos ativos da marca, para dar conta do pagamento dos credores. A lista é grande, e inclui desde dívidas bancárias, trabalhistas e tributárias até fornecedores, entre outras.
Com R$ 37,5 milhões em passivos, a tradicional rede Tok teve falência decretada pela Justiça no último dia 3 de março. Responsável por cuidar do processo, o escritório Brizola Japur Soluções Empresariais ainda está em fase de arrecadação dos ativos da marca, para dar conta do pagamento dos credores. A lista é grande, e inclui desde dívidas bancárias, trabalhistas e tributárias até fornecedores, entre outras.
De acordo com informações da Vara de Direito Empresarial, Recuperação de Empresas e Falências de Porto Alegre, em 19 fevereiro foi enviado um pedido de autofalência da W29 Comércio do Vestuário Ltda (razão social da Tok), formulado pelo escritório Medeiros, Santos & Caprara Advogados, e acolhido pela juíza Giovana Farenzena.
A petição informa que "a requerente encontra-se em grave (e insanável) crise econômico-financeira, sem possibilidade de dar seguimento à atividade empresarial". Segundo o advogado Guilherme Caprara, as dívidas somam R$ 209 mil em rescisões contratuais, R$ 2,5 milhões para fornecedores, R$ 27,6 milhões em impostos, R$ 3 milhões em aluguéis atrasados (de imóveis onde eram exercidos os pontos das filiais e matriz), R$ 1,5 milhão para instituição bancária, "entre outros" débitos menores.
"O passivo é concentrado em tributos que já eram da operação antes da compra (há seis anos)", destaca Caprara. A Tok permaneceu no mercado por 45 anos. Fundada pelo empresário Mauro Tornaim em 1977 (ao abrir duas unidades: uma na Azenha e outra na Protásio Alves), foi vendida em junho de 2015 para os executivos Clenir Rosa Wengenowicz e Luís Gustavo Masiero. Na época, a rede tinha 24 lojas no Rio Grande do Sul e no Paraná.
Em 2016, os novos proprietários (que vinham da área de tecnologia) investiram R$ 250 mil na inauguração de uma operação em Caxias do Sul, e passaram a injetar recursos em adequações para a transição da marca, até então conhecida por atender ao público feminino e jovem.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Masiero destacou a abertura de duas novas operações, uma em Santa Catarina e outra no Rio Grande do Sul. "Também pretendemos adotar o novo visual em todas as unidades. O mesmo passa a ser replicado em outros pontos, por ocasião da ampliação para o Interior gaúcho", projetava.
A Tok chegou a somar 28 lojas, mas a meta dos sócios (quando adquiriram a empresa, com 24 unidades) era dobrar o número em três anos, alcançando 50 operações próprias distribuídas em toda a região Sul do País. O início da empreitada foi positivo e, em 2016, o faturamento da rede ficou em R$ 23,5 milhões. No ano seguinte, a Tok seguiu bem e faturou R$ 24,3 milhões. "Até o final de 2017, a razão social ainda era Tok, mas depois trocou para W29, e passou a operar em uma linha de lojas mais populares, apesar das fachadas seguirem com a mesma marca", conta uma ex-funcionária do setor administrativo. "Na época, abriram uma loja na avenida Otávio Rocha, já com esta linha mais popular, mas não deu certo", comenta.

Vendas começaram a cair a partir de 2018

Ainda de acordo com a ex-funcionária, também a sede administrativa da empresa mudou de endereço e houve uma época em que haviam 60 funcionários trabalhando apenas nessa área. As operações maiores empregavam uma média de dez a 16 funcionários, e as menores contavam com equipes de cinco a seis pessoas.
De acordo com a petição enviada à Justiça, em 2018 as vendas da empresa caíram "significativamente", fechando o ano com R$ 17,3 milhões de faturamento. Foi então que, ao invés de avançar com as operações, os sócios passaram a fechar lojas e demitir funcionários, e em 2019 houve nova queda no faturamento, que ficou em R$ 11,2 milhões.
"Esse resultado está ligado também ao fechamento de lojas, que foi uma medida mais drástica, para acompanhar essa diminuição do mercado. Mas desde 2015, quando assumiram, os sócios vinham aportando valores significativos do próprio capital para manter a atividade e os empregos", explica o advogado Guilherme Caprara. "Em 2017 e 2018 eles tentaram com todas as forças salvar a empresa", reforça.
Neste período, foram injetados R$ 15,5 milhões na empresa. No entanto, segundo a petição, os recursos "não foram suficientes para encobrir o capital de giro" e "fazer frente aos custos e despesas da operação."
A ex-funcionária reforça: "Era investido em torno de R$ 100 mil por dia, porque já compraram a empresa quebrada, sem estoque algum. Tentaram erguer, tentaram mudar a coleção, deixar mais elegante, mas não deu certo, a clientela queria que seguisse na linha teen."
À medida em que a receita diminuía, os prejuízos aumentavam e, aos poucos, os sócios foram fechando mais operações e dispensando colaboradores. De acordo com o advogado que representa a W29 no processo, em dezembro de 2020 a rede havia minguado bastante e contava com apenas cinco lojas. "A pandemia (de Covid-19) foi a pá de cal disso tudo. Mas a verdade é que a operação já vinha deficitária há um bom tempo, e os aportes que os sócios fizeram confirmam isso. Eles acreditaram no negócio, colocaram dinheiro, mas não deu certo", resume Caprara.
Nesta segunda-feira (31), o representante da sociedade falida esteve reunido com o administrador judicial Rafael Brizola Marques, para tratar das questões processuais. Segundo informações de uma funcionária do escritório de Marques, o administrador judicial está trabalhando "para procurar por bens e direitos que estão em nome da W29, para depois vender e arrecadar o máximo possível para o pagamento dos credores, que é o escopo da falência".